Domingo, 03.05.09

Hoje, claro

A Mãe [1926], de Pudovkin, um filme belíssimo, impressionante. A partir do romance de Gorky [1907].
Vi-o pela primeira vez no 1º de Maio de 1986 (o centenário). E não, não foi o da CGTP. Nem o da UGT.

publicado por Carlos Botelho às 12:00 | comentar | ver comentários (1) | partilhar

A ler e a ouvir...

... Medina Carreira em entrevista ao Correio da Manhã e ao RCP. Onde se fala da insustentabilidade do "nosso" modelo social, do endividamento do país, da irracionalidade financeira e económica que será a realização de obras públicas que custam milhares de milhões de euros, da crise dos partidos, do circo socrático, da seriedade e da verdade de Manuela Ferreira Leite, de uma certa ingenuidade de Cavaco Silva, da ficção que é o sistema de ensino vigente e de muito mais.
publicado por Fernando Martins às 11:54 | comentar | ver comentários (2) | partilhar

J P Morgan e Credit Derivatives ou os "perigos da inovação"

A ler, a ver e a ouvir, absolutamente, no Financial Times, um artigo e uma entrevista - por causa de um livro - de Gillian Tett sobre as causas e as origens da crise financeira com que vamos vivendo.
publicado por Fernando Martins às 11:49 | comentar | partilhar

Comparar o incomparável

É um bocadinho incompreensível que, a propósito do incidente com Vital Moreira no 1º de Maio, alguma gente se tenha posto a calcular as vantagens eleitorais que daí para ele adviriam. Não digo que o PS e Sócrates – logo ele - não tentem o que podem tentar com os olhos postos nas tais vantagens. Mas as pessoas, desgraçadas da vida a contar os tostões, têm mais do que se preocupar com isso. O grosso da paixão política há muito que emigrou para o futebol e o pouco que sobrou esgueirou-se agora pelos buracos dos bolsos vazios. Comparar a coisa com Soares na Marinha Grande é comparar coisas distintas de uma ponta a outra. A começar por Soares e Vital Moreira e a acabar perto do infinito.
publicado por Paulo Tunhas às 11:06 | comentar | ver comentários (1) | partilhar

Quem semeia ventos...

...acaba por ir colhendo algumas (pequenas) tempestades...
publicado por Carlos Botelho às 00:03 | comentar | ver comentários (1) | partilhar
Sábado, 02.05.09

Nuno Álvares Pereira e os seus heterónimos (3)

As três correntes historiográficas sobre a crise de 1383/85 a que me referi não têm a mesma implantação. Estando a terceira quase confinada à academia, na versão Joel Serrão ou na versão José Mattoso, o debate na opinião pública tem sido entre o Nuno Álvares Pereira do nacionalismo e o do marxismo - ou, para sermos rigorosos, entre o de um nacionalismo popular e o de um marxismo vulgarizado.
Na esquerda blogosférica, por exemplo, Álvaro Cunhal e António Borges Coelho foram nomeados postuladores oficiais da causa de descanonização do Beato Nuno. Caso notável de conservadorismo ideológico: quase meio século depois d`A Revolução de 1383, de Borges Coelho, e d`As Lutas de Classes em Portugal nos Fins da Idade Média, de Cunhal, a esquerda ainda não produziu uma nova narrativa do interregno nem assimilou os avanços da investigação universitária. É talvez a última relíquia do PREC na sociedade portuguesa: o materialismo histórico foi deitado à rua pelo progresso da ciência, mas voltou a entrar pela janela da crítica a uma canonização. O ópio dos intelectuais contra o ópio do povo. (Aron, esteja onde estiver, deve estar a sorrir...)
A crítica da vulgata marxista à biografia de Nuno Álvares segue um método previsível. Pega em Fernão Lopes e na Crónica do Condestável, isola do contexto histórico alguns aspectos escolhidos e submete-os ao exame do marxismo. Dê por onde der, o Santo Condestável sai sempre chumbado.
Vejamos um pequeno exemplo, mais uma vez. Borges Coelho não pode negar, porque o historiador "popular" Fernão Lopes o diz, que Nuno Álvares impunha ao seu exército de capitães "burgueses" e soldados "proletários" uma dura disciplina, vigiando com mão de ferro os abusos sobre as populações civis e o saque em campanha. Era uma raridade, não porque o saque fosse considerado moralmente ilegítimo, mas porque constituía uma forma corrente de recompensar as tropas, sobretudo as chefias intermédias. Que protestam contra esta mariquice humanitária, insinuando que o Condestável só lutava para alcançar a glória e não o lucro. Borges Coelho fica dividido. "Eis aqui um problema intrincado para filósofos, para a ética e para a economia. Qual a atitude mais progressiva, a atitude dos burgueses ou a do conde?" Dúvida lancinante - quem é que está do lado certo da História? O povo ou a reacção? Mas um bom marxista tem resposta para tudo: "muitos nobres, ao proibirem o saque, têm medo é que estas riquezas vão emancipar novos vilões e aumentar a sua força e poder." E aqui está como o materialismo histórico revela no acto aparentemente "progressivo" do Condestável um servicinho à contra-revolução.
O mais vermelho anátema, porém, cai sobre o sucesso militar de Nuno Álvares, no fundo defesa dos interesses de classe ou sucessão de crimes de guerra, e sobre a sua reivindicação de vis direitos de propriedade, prova de que era, horror dos horrores - rico e proprietário.
Como seria de esperar, o ortodoxo 5 dias segue o registo "explorador do proletariado" (também chamado Cunhal sem anestesia) e o Jugular, mais soixante-huitard, o registo "general contra-revolucionário" (também chamado não percebo nada disto, mas já sei fazer links ao Terceira Noite). (cont.)
publicado por Pedro Picoito às 17:09 | comentar | partilhar

Cartões


Realmente, esta de os bons resultados de Rangel nas sondagens serem "um cartão amarelo" a Manuela Ferreira Leite é de antologia. Ainda me lembro das críticas à escolha de Rangel: que vinha muito tarde, que não mobilizava ninguém, que era pouco conhecido, que era um académico, que revelava a falta de soluções do PSD, etc.
Afinal, está a três pontos de Vital - uma derrota de quem o escolheu, obviamente.
Já agora, se o PSD ganhar as europeias, isso será o quê?
Um cartão vermelho para "a Manela"?
publicado por Pedro Picoito às 16:38 | comentar | ver comentários (4) | partilhar

O saber de experiência feito...

Quem escreve isto sabe bem, mesmo muito bem, do que fala... Até a escolha do nome das 'Brigadas Brejnev' é eloquente... O velho Leónidas: 1964 a 1982 - cada um fala daquilo que conhece melhor.
Quem ainda tivesse dúvidas sobre a instrumentalização partidária que se faz da gritaria de ontem (e, afinal, o que aconteceu realmente ontem?), só tem de reparar em duas coisas no post: por um lado, mistura-se e faz-se equivaler o que é de natureza completamente diferente: o alvoroço no Martim Moniz com diversas manifestações "ilegais" e "intoleráveis"... contra o primeiro-ministro, claro, ou contra opções do governo (chega-se até a mencionar uns ovos -de casca vermelha ou laranja, imagina-se- lançados por putos num contexto muito circunscrito). Sócrates considera, ad nauseam, como "insultos" toda a oposição que se mexa debaixo do sol e Vital põe no mesmo plano essa oposição e uns quaisquer desacatos. Portanto, para o par Sócrates/Vital, a oposição a si é, ipso facto, anti-democrática, talvez mesmo a-política.
Por outro lado, não há nem uma palavra para os sindicalistas que se interpuseram entre Vital Moreira e os exaltados de ontem: isso é apagado - porque inconveniente para a mise en scène auto-vitimizadora. Os que agora se entusiasmam e se juntam às carpideiras "socráticas" devem lembrar-se que o mecanismo de propaganda que agora é usado contra o PCP e CGTP, será amanhã usado contra eles mesmos. Como já foi.
Uma pergunta, aparentemente lateral a este episódio curioso: nos debates televisivos a que temos assistido, quem tem usado mais os métodos de destratamento ad hominem do adversário (a que alguns chamam, com maior ou menor rigor, precisamente "estalinistas"), Ilda Figueiredo ou Vital Moreira?...
publicado por Carlos Botelho às 15:04 | comentar | ver comentários (1) | partilhar

Para a história da ciência em Portugal

Vale a pena ler a entrevista que o P2 de ontem fez ao Henrique Leitão, a propósito da exposição que a imagem ilustra. O Henrique, apesar dos lapsos de ser meu amigo e de em tempos ter escrito no Cachimbo, é hoje um dos melhores historiadores da ciência portuguesa. Para muitos, a conjugação do substantivo ciência com o adjectivo portuguesa será uma contradição nos termos, mas o Henrique tem mostrado, como editor da obra completa de Pedro Nunes ou como comissário de exposições inovadoras, que houve um tempo em que não foi assim. Graças ao seu trabalho, já conhecíamos a Aula da Esfera do Colégio de Santo Antão de Lisboa e o que lhe deve a ciência dos Descobrimentos. Agora, ficamos a saber que o ouro do Brasil permitiu a D. João V, não só importar cantores de ópera de Itália, mas também encomendar os melhores livros de astronomia da Europa. É uma história que está por fazer - ou que começa a ser feita. Numa Biblioteca Nacional perto de si.
publicado por Pedro Picoito às 01:57 | comentar | ver comentários (1) | partilhar

A Leste nada de novo

A resposta do PCP à exigência de desculpas formais do PS pela agressão a Vital Moreira (em resumo, exigir desculpas ao PS por ter insultado o PCP) mostra que a novilíngua de sempre está bem e recomenda-se.
Os comunistas, tal como os conservadores, são previsíveis.
Se nunca pediram desculpa aos povos da China, da Coreia do Norte, do Vietname, do Cambodja, do Laos, da Mongólia, do Tibete, do Afeganistão, da Rússia, da Bielorússia, do Quirguistão, do Uzebequistão, do Azerbeijão, da Arménia, da Geórgia, da Ucrânia, da Moldávia, da Roménia, da Eslovénia, da Croácia, da Sérvia, do Montenegro, da Bósnia, da Albânia, da Hungria, da Eslováquia, da República Checa, da Polónia, da Lituânia, da Letónia, da Estónia, da Alemanha, da Etiópia, de Moçambique, de Angola, de Cuba, e peço desculpa se me esqueci de alguém, porque é que haviam de pedi-las aos socialistas portugueses?
publicado por Pedro Picoito às 01:31 | comentar | ver comentários (1) | partilhar

Uma "nova oportunidade"

Não há como aproveitar a oportunidade. O PS, o de Sócrates, já o está a fazer. Lá vieram a terreiro, indignados e contristados, o ministro Santos Silva e Vitalino Canas. Este falou mesmo numa "linguagem do ódio", usada por um partido da oposição contra o PS e o governo da pátria e causa das sevícias infligidas à democracia lá para os lados do Martim Moniz. Não deixa de ser extraordinário que esta liderança acuse os outros de praticarem uma "linguagem do ódio"...
Sócrates está a realizar uma manobra de chantagem para com os partidos da oposição. Os que não manifestarem o seu "repúdio veemente" ou coisa que o valha, estarão a colaborar escandalosamente na "falta de sentido democrático" ou na "intolerância" (é procurar no catálogo das indignações). Os partidos têm de resistir a embarcar em homilias lacrimosas que só beneficiarão Vital e Sócrates. Há só que condenar o condenável.
A partir de agora, já não estamos perante o "acontecimento" do Martim Moniz: o que agora temos é o discurso do PS sobre o "acontecimento". É com esse discurso político que se tem de lidar e é ele que agora interessa. Nas próximas horas seremos bombardeados com nada mais do que uma variação do tema político da vitimização de Sócrates. Vitimiza-se Sócrates por meio da vitimização de Vital.
Todas as palavras sobre o assunto que, de agora em diante, saiam da boca do candidato ou do próprio primeiro-ministro não são mais do que pura propaganda da campanha eleitoral. Convinha que os que se dizem empenhados na derrota de Sócrates não se juntassem ao coro.
publicado por Carlos Botelho às 00:19 | comentar | ver comentários (1) | partilhar
Sexta-feira, 01.05.09

Muito boas perguntas

Feitas aqui e aqui.
publicado por Carlos Botelho às 23:48 | comentar | partilhar

PSD pode vencer Europeias

A sondagem do DN sobre as eleições europeias revela que o PSD pode vencer as eleições europeias. O facto de Paulo Rangel estar a realizar uma boa pré-campanha, e do seu adversário estar a denotar demasiadas fragilidades para este combate político, pode estar a ajudar. Mas estes resultados indicam também que o descontentamento com o governo está a aumentar. Esta sondagem está também de acordo com a da Intercampus, relativamente à proximidade entre o PS e PSD. Os dados mais díspares, e que deverão ser confirmados em próximos estudos, são as previsões da intenção de voto no CDS e Bloco de Esquerda. Na outra sondagem o BE surge com quase 18 por cento e nesta com 12, enquanto o CDS na outra tinha 7 e agora apenas tem 2 por cento.

Por outro lado, esta sondagem revela dados preocupantes relativamente aos próprios portugueses e ao seu interesse relativamente a estas eleições. Apenas 7 por cento dos inquiridos sabe o dia exacto da votação, enquanto 61 por cento não faz ideia de quando vão ser as eleições. 88 por cento dos inquiridos não sabe quem lidera as listas da CDU e do CDS, 85 por cento não conhece o nome candidato do Bloco de Esquerda, 79 por cento desconhece que Vital Moreira lidera a listas do PS e 76 por cento não sabe que Paulo Rangel é o cabeça de lista do PSD. Esta sondagem revela também que os portugueses gostam de mentir, pois 53 por cento garante que irá votar de certeza nestas eleições europeias.
publicado por Nuno Gouveia às 20:43 | comentar | ver comentários (6) | partilhar

Convite



Estão convidados todos os liberais e anti-liberais, tristes e alegres.
publicado por Joana Alarcão às 19:10 | comentar | partilhar

São rosas, senhor...

Parece que Vital Moreira foi, há pouco, "insultado" e "agredido" na manifestação da CGTP, em Lisboa.
Terão, pelo menos, sido brandidas umas garrafas de água e o candidato ele, europeu foi avistado com a camisa molhada. Não se sabe ainda se foi "agredido" com água no estado líquido ou no estado sólido - seja como for, um (alegado) tabefe é um tabefe e, partindo do princípio que o candidato não terá começado por insultar os manifestantes, essas expressões motoras de indignação não são admissíveis se aplicadas nos corpos de candidatos a eleições. Em democracia, as contas ajustam-se de outra maneira. That goes without saying.
É claro que Vital Moreira se aproveitou logo da coisa e parece que já veio acusar o PCP e o "radicalismo" sindical, etc. Não sei se, entretanto, não terá já começado a acusar também o arcebispo de Braga (ontem avistado num encontro, certamente conspirativo e anti-"socrático", com Jerónimo de Sousa).
Esta é uma daquelas coisas que seriam classificadas pelo Senhor de Talleyrand como, mais do que uma injustiça, um erro. Ora, o PCP, como se sabe, não brinca em serviço, é um partido disciplinado e não cometeria erros desses. E Lisboa não é a Marinha Grande... Acontece que, por um lado, há certas agremiações, com... grande sentido de pertença, digamos assim, que tendem a não olhar com simpatia para os cristãos-novos e, por outro, há também pessoas já desesperadas - e, como se sabe, essas pessoas costumam ter mau feitio...

Contudo, a causa principal destas cenas lamentáveis encontra-se noutras paragens. Mais a Sul. A personagem anda hoje pelo Alentejo, parece-me. Imagino que com a sua tribunazinha-apêndice e microfones.
Temos aqui um resultado (entre outros factores, obviamente) do tipo de discurso do primeiro-ministro Sócrates, do tom da sua linguagem política. As suas momices insolentes para os deputados da oposição, as suas arengas arrogantes e malcriadas para com a mínima veleidade opositora, venha ela de um partido ou de uma classe profissional, o desprezo impaciente que ele tem exibido estes quatro anos. E depois, como vem nos livros, o homem faz-se rodear de uma galeria de criaturas que procuram imitar o criador: o ministro da Agricultura, o da Saúde, a da Educação, Santos Silva, alguns secretários de estado inacreditáveis, certos deputados do PS e toda uma miríade de tiranetes serviçais que vão pululando por aí e por ali e vão tornando ainda mais rarefeita a nossa já frágil atmosfera democrática. O próprio Vital Moreira tem praticado, no seu blog e em artigos, esse tom agressivo e mesmo insultuoso para com partidos, grupos, movimentos (por exemplo, sindicais...) que, com maior ou menor razão, têm feito frente a opções políticas do governo.
Já escrevi por aqui várias vezes que a saturante e insuportável linguagem política do primeiro-ministro acaba por ter consequências concretas, efeitos na realidade. Essa linguagem, com a difusão que tem, com o seu conteúdo acintoso, patologicamente conflituosa, vai degradando o ambiente político e os seus agentes não ficam incólumes. Essa linguagem vai contaminando a prática política, as relações de força sociais, os conflitos, que se querem consequentes, mas saudáveis. E o tempo presente só multiplica esses efeitos.
Ainda só vamos em Maio... Esperemos que o nosso "determinado" e "corajoso" primeiro-ministro tenha, como ele gosta de dizer aos outros, tento na língua.

[Será que algum dos "agressores" de hoje terá assistido às risotas do primeiro-ministro quando Santana Lopes, Jerónimo de Sousa e Paulo Rangel mencionavam o desemprego nos debates do parlamento? E terá visto o sorriso vagamente indiferente e trocista de Vital Moreira quando discutia o desemprego com Rangel, na Sic, no dia 24 de Abril?...]
publicado por Carlos Botelho às 16:49 | comentar | ver comentários (4) | partilhar

Uma forma de relativismo barato

A respeito daquela "coincidência inocente" de Santa Comba e dos recalcamentos mal resolvidos (não dissolvidos...) com ela relacionados, um texto de leitura obrigatória, aqui.
publicado por Carlos Botelho às 13:15 | comentar | partilhar

Músicas de Genéricos (16)



Orquídea Selvagem (1989)

[A visualização deste vídeo não é recomendada a menores de 16 anos nem a outros portadores de deficiências semelhantes]

publicado por Miguel Morgado às 12:25 | comentar | ver comentários (2) | partilhar

Cachimbos de lá

Vincent Van Gogh, Cabeça de jovem camponês, 1884
publicado por Pedro Picoito às 11:54 | comentar | partilhar

Da série "Posta restante"

"Os acessos de moralidade, como o recente ataque ao sigilo bancário, acontecem sempre antes das eleições: os políticos (todos ou quase todos) não fogem à demagogia de picarem a inveja da populaça. O momento é perfeito. Desde que acabou o sigilo bancário que não há trafulhices fiscais com contas realizadas por qualquer vigarista digno desse nome. Se o trafulha for mimimamente inteligente, há muito que usa envelopes com dinheiro."
Luís Campos e Cunha, "Desmancha-prazeres-indevido", in Público, 1/5/09
publicado por Pedro Picoito às 11:10 | comentar | partilhar

Nós, os provincianos

Ler, por favor, estes dois posts da Isabel Goulão. Agradeço-os porque devo muito a uma "doméstica": a minha Mãe. E porque, tando nascido em Lisboa, sou no fundo um provinciano. Era eu criança e o meu Pai, juiz de comarca, percorria o país dispensando a lei aos indígenas. Meridional de muitas gerações para quem a Finlândia começava em Alcobaça, conheci assim a Granja, Arouca e Ponta Delgada antes dos dez anos. Em 81, uma comissão de serviço trouxe-nos de novo à capital. Até hoje. Lisboa deslumbra-me, mas ficou-me sempre a nostalgia da província. Desconfio de lugares onde não se pode fazer a vida a pé e na província as coisas são o que deveriam ser. O ar cheira a ar, a terra cheira a terra, a noite é mesmo noite, o tempo é mesmo um rio que passa lentamente e sobretudo, ó meu Deus, sobretudo o silêncio tem qualquer coisa dentro e não aquela muralha que erguemos contra os outros para defender um reino de que somos o rei e o único habitante. Um provinciano é alguém que lê o post da Isabel e se lembra do Padre António Vieira: "Nascer pequeno e morrer grande é chegar a ser homem. Por isso nos deu Deus tão pouca terra para nascimento e tantas para sepultura. Para nascer, pouca terra; para morrer, toda a terra".
publicado por Pedro Picoito às 00:07 | comentar | ver comentários (5) | partilhar

Cachimbos

O Cachimbo de Magritte é um blogue de comentário político. Ocasionalmente, trata também de coisas sérias. Sabe que a realidade nem sempre é o que parece. Não tem uma ideologia e desconfia de ideologias. Prefere Burke à burqa e Aron aos arianos. Acredita que Portugal é uma teimosia viável e o 11 de Setembro uma vasta conspiração para Mário Soares aparecer na RTP. Não quer o poder, mas já está por tudo. Fuma-se devagar e, ao contrário do que diz o Estado, não provoca impotência.

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