Já todos tínhamos percebido que o PSD acabaria por viabilizar o Orçamento de Estado, faltando apenas saber em que formato. Eleitoralmente e estrategicamente falando, sempre me pareceu mais correcta a via protagonizada por alguns sectores do PSD: declarar a abstenção do OE sem negociar nada. Desse modo o PSD nada teria a ver com este OE, podendo continuar a “massacrar” as más opções do governo, de agora e do passado. Mas Pedro Passos Coelho escolheu aquela que me parecia a via mais difícil: negociar e tentar minorar algumas das más políticas que o governo vai implementar. Acredito que os portugueses ficaram a ganhar com esta decisão. Podemos criticar a direcção do PSD por nem sempre ter sabido comunicar as suas opções, e também o seu recuo em matéria fiscal. Mas sejamos justos: o PSD para ganhar alguma coisa teria sempre de ceder. A politica é a arte da negociação e do compromisso. E devido à intervenção do PSD, alguns aspectos positivos foram alterados à versão inicial do OE do PS.
A manutenção das taxas de IVA para o cabaz de produtos básicos e a permissão para se poderem efectuar deduções fiscais por despesas com saúde, habitação e educação, irá ajudar as famílias portuguesas. Não é muito, mas é alguma coisa.
A reavaliação das PPP e suspensão de todas as obras públicas é um facto. Já todos perceberam a necessidade destas acções, mas o governo, através da sua teimosia, parecia que não queria ver isto. O PSD obrigou governo a assumir esta realidade.
Por fim este acordo obrigou o governo a revelar o tamanho da sua incompetência na execução orçamental de 2010: mais de 1700 milhões de euros. Incompetência com a marca de José Sócrates e Teixeira dos Santos.
Esta abstenção não iliba o PSD, antes pelo contrário, de continuar vigilante e critico da acção do governo. Temos um mau governo que nos trouxe a esta situação. Devido à sua teimosia e incompetência, 2010 foi um ano perdido no que respeita à recuperação financeira do país. Mais, os últimos anos foram desastrosos para Portugal. Graças ao PS o IVA aumentou 3 por cento em menos de um ano, a carga fiscal subiu imenso e poucos cortes foram efectuados na despesa do Estado. Temos um estado papão que não parou de crescer com este governo. A sua única solução tem sido aumentar os impostos e a contribuição dos portugueses. Se o período fosse outro, não tenho dúvidas que o PSD teria votado contra o OE e provocado eleições. Era isso que lhe competia como partido da oposição. Devido a impossibilidade de termos eleições no imediato, talvez a melhor solução tenha sido mesmo esta.