A "mundivisão" de José Sócrates

Sim, é esta. (E ele lá fez uso da palavrinha na entrevista de ontem.) É esta e, provavelmente, com esta cor.
Ontem, na entrevista, para dar um exemplo duma boa grande obra, dum excelente investimento público, um argumento para os seus grandes projectos, Sócrates, o secretário-geral dum Partido chamado Socialista e primeiro-ministro num ano posterior a 1973, mencionou, deslumbrado, a ponte 25 de Abril (nem sei como não disse ponte Salazar...). Podia ter-se referido à Expo 98 ou à ponte Vasco da Gama - mas não, optou mesmo pela ponte Salazar.
É claro que, para alguém ideologicamente oco como o nosso primeiro-ministro, é ideologicamente indiferente mencionar a ponte 25 de Abril (Salazar) ou a Vasco da Gama. (Na Alemanha, elogiaria as auto-estradas do III Reich.) Acontece que grandes obras públicas nunca são inócuas num regime político. Muito menos o são numa ditadura. Aquela ponte, precisamente chamada Salazar, foi o resultado de opções políticas e foi (e ainda é), ela mesma, um objecto político-ideológico. Como o é, actualmente, o pobre Magalhães. (Veja-se o uso obsessivo que a propaganda "socrática" faz do portátil - e, precisamente na entrevista, Sócrates lá voltou a brandir ideologicamente o objecto).
Sócrates é um deserto ideológico, mas, quando diz aquele género de coisas, sabe muito bem a escolha política que faz.
publicado por Carlos Botelho às 21:28 | comentar | partilhar