Curiosas indignações com o desrespeito pelo segredo de justiça

Na pré-campanha para as legislativas de Setembro, José Sócrates foi entrevistado por Judite de Sousa na RTP. No final da entrevista, o entrevistado foi confrontado com as notícias que (oh tão convenientemente) tinham saído nos jornais nas semanas anteriores 'informando' que o caso Freeport estava prestes a ser fechado sem qualquer acusação ou sequer suspeita ao PM. Deixemos de lado, por agora, o facto mais relevante das notícias: serem falsas (o caso Freeport ainda não foi encerrado e aparentemente ainda demorará a ser arquivado ou produzir acusações), quiçá uma 'encomenda', para usarmos as palavras de um jornal amigo; estas notícias, se verdadeiras, seriam resultado de fugas de informação do MP e de quebras do segredo de justiça.
Muito curiosamente, tendo em conta as indignações actuais e a pretensão do PS de agravar penas para a infracção do segredo de justiça, o PM, naquela situação, não esbracejou contra estas supostas fugas nem se indignou com jornalistas ou magistrados. Não, o PM respondeu à pergunta de Judite de Sousa como se considerasse normalíssimo saber-se na comunicação social os resultados de uma investigação criminal antes de esta terminar. De facto, há que ser selectivo com as indignações.
publicado por Maria João Marques às 15:34 | comentar | partilhar