Pés na (nossa) Terra

Passeando pela teoria:
A escolha de uma ideologia política não é mais do que a escolha de um caminho que se crê apto a tornar a humanidade mais feliz.
Depois, vem a vida real.
E é aqui que, normalmente, as coisas se complicam. As explicações podem ser várias - incoerência, compromisso, orgulho, inveja ou desonestidade intelectual. Um mundo de circunstâncias que podem levar a crêr que a motivação susceptível de animar, originariamente, a adesão a um caminho que "tornaria a humanidade mais feliz" se pode transformar no exercício de uma prática susceptível de tornar "uns mais felizes do que outros".
Trata-se de uma (mais ou menos grave) consequência dos grandes ódios que saem das pequenas cabeças: aquelas que, pelas razões que referi ou por outras, se deixam alienar. As que passam a ver só metado dos filmes, a citar metade dos livros, a crêr em metade das notícias. Aquelas que, por isso, acabam por só conseguir falar de metade da infelicidade humana.
E isso descredibiliza. Porque há silêncios tão descredibilizantes quanto as mais bizarras das palavras.

Sobre as comemorações da Revolução de Outubro, volto a insistir: aconselho a visualização do filme "Torre Bela" (cinema King, em Lisboa).
Ali não há (muitos) comentários. Há som e imagens da história que a esquerda (a sério) quis escrever.
Algum povo ouviu e agarrou numa caneta. O texto redigido é o que ali se demonstra.

Há esquerda para comentar, com honestidade?
publicado por Joana Alarcão às 23:23 | comentar | partilhar