Tem circulado pela internet uma "Petição em Favor das Línguas Clássicas em Portugal" que pretende alertar a opinião pública para o risco de desaparecimento do estudo do latim e do grego no nosso ensino, mesmo ao nível universitário.
Nos entretantos, a petição já recolheu mais de 8 mil assinaturas e vai ser discutida no plenário da Assembleia da República no próximo dia 4 de Maio. Não sei bem o que se seguirá, mas aguardo o debate com alguma expectativa. Não é todos os dias que um tema destes chega ao Parlamento...
Para os ainda interessados em assinar, aqui fica o texto.
Sign the PetitionPETIÇÃO EM FAVOR DAS LÍNGUAS CLÁSSICAS EM PORTUGAL
No seguimento da recente reorganização da rede escolar e dos agrupamentos de disciplinas, o ensino das línguas clássicas passou a residual nas escolas secundárias, e em muito poucas, e corre o risco de desaparecer em breve do ensino superior.
Razões de ordem financeira limitam a oferta das línguas clássicas e das línguas e literaturas estrangeiras, também elas em grande perigo em todos os níveis de ensino, apesar de existir um escol de professores e especialistas, até de nível internacional, constituído com grande investimento económico e financeiro, em áreas que são índice de desenvolvimento e fazem parte da tradição cultural dos países que pretendemos igualar.
Ignorando que “a matemática e as ciências não formam cidadãos”, como lembrou Manuel Damásio (Expresso, 10/03/2006), os responsáveis políticos arriscam-se a privar os jovens portugueses da possibilidade de conhecer as raízes comuns da identidade nacional e europeia e dos valores que constituem a génese do património cultural, ético e cívico ocidental. É este também o parecer do médico e professor Nuno Grande, no seu comentário a propósito da herança clássica e do livro de George Steiner, A ideia de Europa (JN, 27/04/2006): “a recuperação dos direitos humanos, da solidariedade e da fraternidade com todos os povos, com respeito pelas diferentes identidades culturais ... são determinantes da dignificação da Humanidade, a qual se encontra na percepção da sabedoria, na demanda do conhecimento desinteressado e na criação da beleza”.
Ora, os valores enunciados constituem marca da própria identidade europeia, conforme recordou recentemente J. M. Durão Barroso, Presidente da Comissão Eurpeia (SIC – Notícias, 13/05/2006), e representam o essencial da formação humanista e clássica, razão suficiente para não serem eliminados do sistema educativo os seus instrumentos, as línguas clássicas.
Os signatários, cujos nomes se seguem, fazem, pois, um apelo aos nossos governantes e à opinião pública: - pedimos que não reneguem as próprias raízes greco-latinas de uma concepção nobre da política e da sociedade, ética e à escala humana; - reivindicamos o restabelecimento de condições que facultem a todos os jovens a possibilidade de estudarem as línguas e as culturas clássicas em todos os níveis de ensino, das escolas básicas e secundárias às politécnicas e universitárias.