Sexta-feira, 30.11.07

Era uma vez

O Daniel Oliveira acha que é uma prova de coragem fazer piadas sobre os católicos, essa poderosa minoria. (Suponho que sejam uma minoria porque o post é sobre a cobardia de fazer piadas sobre minorias.)
Haveria muito a dizer. Haveria mas não digo, porque o Daniel Oliveira não iria responder.
Como não respondeu quando o acusei de cumplicidade ideológica com o ódio aos católicos - algo mais que umas piadas - na Guerra Civil espanhola.
Talvez ele não tenha respondido por medo da inquisitorial censura ao Arrastão, ao Expresso e ao Eixo do Mal.
Mas até isso mostra a cobardia das poderosas minorias.
Ou da poderosa maioria.
Enfim, de todos, menos do Daniel Oliveira.
Porque o Daniel Oliveira seria incapaz de censurar alguém.
Muito menos um católico.
Muito menos com uma piada cobarde.
publicado por Pedro Picoito às 20:50 | comentar | ver comentários (7) | partilhar

Ao centro do Tratado

Pouco mais de um mês depois do acordo quanto ao Tratado Europeu, o debate sobre a Europa está sentenciado de morte.

A sentença assim ditada parece resultar duma evidência: o debate da Europa faz-se em Bruxelas e nós, cidadãos europeus, devemos conformar-nos com o que é superiormente ditado.

A execução da sentença apenas está suspensa diante dum dilema: como é que melhor se assegura a morte: com ratificação na AR ou por plebiscito referendário? Tal como na IVG, o que interessa é que a coisa seja higiénica, indolor e perca o carácter de clandestinidade a que todos já nos resignámos.

O PSD adiantou-se ao politicamente correcto e defende a ratificação na Assembleia. O CDS joga o xadrez do tacticismo, aguarda a jogada do adversário para assumir um posicionamento que lhe assegure algum protagonismo. O PS, claro, não tem posição. A responsabilidade de ser Governo não lhe permite tais devaneios. Bons tempos os da oposição...

Tudo isto sem convicções, sem qualquer compromisso com o eleitorado, sem a mínima percepção do que é ou não importante para o nosso futuro de portugueses e de europeus. Tudo se resume a calculismo politico-partidário.

Pouco mais de um mês depois da análise do Pedro Mexia, as suas palavras mantêm-se totalmente pertinentes: cheira mal, cheira a centrão. E faz falta uma direita mais infame - e convicta, acrescento eu.
publicado por Filipe Anacoreta Correia às 17:54 | comentar | ver comentários (2) | partilhar

Suspiro de alívio

Óptimas notícias: o Estado português exerceu o direito de compra sobre A Deposição de Cristo no Túmulo, o Tiepolo que vêem aqui em cima e foi ontem a leiloar.
Nem quero saber onde é que o Ministério da Cultura desencantou o milhão e meio necessário (que afirmou não ter). Ao que parece, terá havido intensos contactos ao mais alto nível nos últimos dias. Só me interessa que o quadro vai para o Museu de Arte Antiga e que se juntará ao único do mesmo autor até agora exposto ao público em Portugal.
Duas lições para o futuro.
A rábula sobre a sua classificação (está arrolado? classificado? em vias de?...) era totalmente dispensável. Esperemos que não haja outras obras nas mesmas condições e esperemos que o Instituto dos Museus possa garantir-nos isso. A bem do património nacional e dos nossos pobres corações.
Um milhão e meio de euros é o custo, por baixo, da exposição do Hermitage. Eu sei que não aparece todos os dias um Tiepolo no mercado, mas talvez não fosse má ideia manter um fundo de reserva para emergências semelhantes - em vez de estoirar orçamentos a exibir peças estrangeiras durante três meses.
E asseguro-vos que nenhuma delas é um Tiepolo...
publicado por Pedro Picoito às 12:39 | comentar | ver comentários (3) | partilhar

Divirtam-se!

Discutem-se, ali para os lados do 31 da Armada e do 5 Dias, questões relacionadas com o aborto.
Discutam, pois. Hão-de discutir seguramente bem.
Pelo meu lado, deixo-me à parte.
Enchi a barriga de argumentos e contra-argumentos durante a campanha para o Referendo.
O resultado foi o que foi e para mim chegou. Feliz a hora em que regressaram o Marques Mendes, o Ribeiro e Castro e o Pinto de Sousa ao expediente da República. Foi um alívio.
Ás tantas, o confronto era essencialmente eleitoral: alegações e contraditórios, números e refutações, acertos e contradições, estatísticas e sondagens, rádios e televisões.
Um verdadeiro inferno.
Arrastada pela marabunta, ía ficando a vida, a verdade do dia-a-dia. O concreto, o doloroso, o que não se vê nem se ouve nem nos ecrans nem nos comícios.
Arrastadas pela euforia emanda das trincheiras, foram ficando as pessoas. Foi ficando o real.
O momento alto do debate de então foi, para mim, protagonizado entre Lídia Jorge e Laurinda Alves, quando uma falou de "coisa no ventre" e outra de "vida humana".
Depois falaram todos. Uns de crime e outros de hipocrisia.
Revelaram-se modos de ver a vida. E ganhou um desses lados. A palavra final há-de pertencer ao rumo que seguir a civilização, sendo certo que não somos os últimos dos homens nem está escrito o fim da História. Coisas que não dependem de referendos.
Quanto é que custa um aborto? Quantos se praticam hoje em Portugal?
Divirtam-se. Eu fico a assistir.
publicado por Joana Alarcão às 02:10 | comentar | ver comentários (3) | partilhar
Quinta-feira, 29.11.07

PS de novo arguido


Em Abrantes, nada será como dantes. E o PS, em coerência com o seu discurso do passado, terá que retirar a confiança política ao seu Presidente da Câmara - posição com que, aliás, também discordo.
publicado por Filipe Anacoreta Correia às 16:49 | comentar | ver comentários (3) | partilhar

Política à José António Saraiva


Ainda não li o livro. Mas se for tão polémico como os anteriores -com revelações pessoais sobre vários protagonistas políticos- então merece atenção. Já o sub-título era escusado: Fundamental para conhecer a história da política em Portugal. Estilo de "arquitecto".
publicado por Paulo Marcelo às 13:56 | comentar | ver comentários (2) | partilhar

Era Dezembro e chovia


"Era uma vez um país, pela beira-mar prolongado, que deparou um dia pela manhã com uma Revolução. Uma daquelas a sério, com flores nas espingardas, crianças sem escola e milhares de mirones nas ruas a assistir em directo aos confrontos. Ficou conhecida pela "Revolução dos Bravos" e mudou Portugal para sempre. Foi numa manhã de Dezembro e ofereceu a Portugal a primavera que o país vive desde então.
O povo nunca esqueceu os seus destemidos soldados dos ídos de 70, que com sacrifício das próprias vidas e em clima altamente adverso - diz-se, ainda hoje, que alguns chegaram mesmo a deixar crescer a barba, tal era o frio que assolava então o país - lutaram com afinco e destreza pelo mundo que havia de vir.
Rezam as más línguas que um dos mentores da revolta foi até incompreendido, anos depois, por querer revolucionar mais ainda.
Olhando o Portugal de Novembro de 2007, dir-se-ía que muito se deitou a perder. Portugal anda triste, numa tristeza indigna das conquistas da Revolução de Dezembro.
Chateia-se o Presidente do Sporting, chateia-se uma deputada do PCP, chateiam-se comentadores habituais dos nossos media, chateia-se o Presidente da CML, há um clima de chateação que tudo invade.
Num programa de televisão, Rui Zink (um cidadão auto-mobilizado) constata que durante a gloriosa campanha da selecção nacional na fase final do Euro 2004 o número de acidentes nas estradas portuguesas se reduziu drasticamente. Lembrando que o facto não teria comprovação científica, sempre nos foi sendo dito que quando o português anda mais descontraído ou mais feliz, a sinistralidade rodoviária diminui por cá.
Ou seja, confirma-se: Portugal anda muito, muito triste, a julgar pelo que se assiste nas estradas nacionais.
Que se passa com este país, pouco antes de entrar em 2008?
Porquê tanta tristeza?"


(Identificação espacio-temporal de recém-iniciada obra escrita. Cumpre-me, no entanto, chamar a atenção para o facto de se tratar de um Romance Histórico, naturalmente).
publicado por Joana Alarcão às 01:49 | comentar | ver comentários (4) | partilhar

Da série "Cachimbos de Lá"

Ingmar Bergman, Através de um espelho (1961)*

[*O actor é Max Von Sidow.]
publicado por Pedro Picoito às 01:06 | comentar | partilhar
Quarta-feira, 28.11.07

Tiepolíticas

Afinal, o "caso Tiepolo" é ainda mais extraordinário do que parecia. Segundo o Público, a leiloeira, a poucas horas de levar o quadro à praça, garante ter um despacho de Isabel Pires de Lima informando que o quadro não está classificado, mas "em vias de classificação". Aquilo que os jornais descreveram como a classificação de 1939 terá sido simplesmente um mero arrolamento da obra, sem quaisquer efeitos legais desde a nova Lei do Património de 2001. Cenário que só se terá alterado com o início do processo de classificação como "bem de interesse nacional", depreende-se que por Pedro Roseta, há quatro anos, processo entretanto contestado em tribunal pelos proprietários.
Se isto é verdade, o quadro pode ser vendido para o estrangeiro, o que aumenta as hipóteses de amanhã ser comprado por um particular. Mesmo que o valor de base da licitação tenha já subido de 1 milhão e 250 mil euros para 1,5 milhões...
A Ministra nega e diz que o quadro está classificado, o que significa que alguém está enganado. Ou a mentir.
Se é a Ministra, então o Estado português não conseguiu concluir o processo de classificação de um Tiepolo em quatro anos (!) e, à conta disso, talvez o venha a perder definitivamente.
Se não é a Ministra, então seria bom chamar a leiloeira à razão pelas vias que os juristas da Ajuda entenderem mais convenientes.
De qualquer modo, espera-se que desta vez haja consequências políticas do imbróglio. E que Isabel Pires de Lima não venha atirar as culpas para cima de um contínuo que se esqueceu de meter uma carta no correio, ou qualquer coisa do género.
Há limites para a falta de vergonha.
Até num governo socialista.
publicado por Pedro Picoito às 23:06 | comentar | ver comentários (3) | partilhar

Da série "A concorrência faz melhor"

Sobre os números do aborto, ler o que diz o Paulo Pinto Mascarenhas.
E os comentários.
publicado por Pedro Picoito às 23:00 | comentar | partilhar

Os Velhos Hábitos Nunca Morrem!

A "eurodeputada" Ana Gomes escreveu um texto no Courrier Internacional chamando a atenção para o facto de Portugal não ser um aliado de fiar na OTAN e na União Europeia. Chegou a esta conclusão pelo simples facto (em si mesmo muito grave) de Paulo Portas, ex. ministro da Defesa, ter guardado para si cópias de milhares de documentos (muitos deles secretos) produzidos pelo Ministério que tutelou durante um par de anos.
Faz bem Ana Gomes em chamar a atenção para estes factos e para a situação delicada em que, indiscutivelmente, Paulo Portas colocou o Estado português. Faz também muito bem em apelar para uma alteração na legislação portuguesa que seja capaz de evitar a repetição de atitudes como a de Paulo Portas e de as punir exemplar e duramente.
Mas convinha de igual modo que Ana Gomes fizesse um pequeno exercício de memória e de honestidade intelectual e política e o tornasse público. E o que é que esse exercício, honestamente feito, nos diria? Que, por exemplo, Veiga Simão e alguns deputados portugueses humilharam, quando António Guterres era primeiro-ministro, o Estado português ao terem (involuntariamente?) tornado pública uma lista com os nomes de agentes dos serviços secretos portugueses. Que muitos diplomatas e ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa portugueses (e pelo menos estes) têm o hábito de levar para casa, ao cessarem funções, cópias ou originais de documentos oficiais de conteúdo muito delicado. Finalmente, podia ter lembrado que militantes do PCP, após o 25 de Abril de 1974, despacharam impunemente para Moscovo informação ultra-secreta até então à guarda da DGS e que nada tinha que ver com a perseguição política aos opositores do Estado Novo.
Por isso, o caso Paulo Portas só interessa por ajudar a demonstrar que os velhos hábitos nunca morrem e que a "eurodeputada" Ana Gomes "não pode vê-lo nem pintado"!
Quanto ao facto de Portugal, por estas e outras peripécias, ser um aliado "pouco fiável", parece que podemos garantir que não é coisa de hoje, como demonstrou, também e com grande veemência, a “eurodeputada” Ana Gomes na sua denúncia, ainda hoje por provar, acerca da existência e da natureza de certos voos da CIA que cruzavam o espaço aéreo português e aterrariam algures neste ou naquele aeródromo luso. Esperemos tão somente que esta falta de credibilidade, da “eurodeputada” e de Portugal, não dure para sempre.
publicado por Fernando Martins às 22:25 | comentar | ver comentários (3) | partilhar

Multiplicação do Risco

A forma mais simples de garantir que muitas das nossas escolhas pessoais não têm tradução na nossa situação profissional é garantir que a lei separe as esferas. As tentativas através de leis e regulação de incentivar a natalidade com artigos e mais artigos com influência directa no relacionamento laboral impede esta separação. Ela é certamente utópica, e alguma regulação e criação de direitos (como a licença de parto) é até consensual, se não mesmo unânime, mas tentativas de criar mais direitos específicos para a natalidade acaba por ser não só uma discriminação positiva de legitimidade discutível como, sobretudo, bastante contraproducente.

A título de exemplo, um dos indicadores para dar luz verde a muitos tipos de recrutamento é a continuidade no exercício de funções. Ao alargar os termos da licença de parto para os avós, como, a confiar na comunicação social, sugere o CDS, aquilo que na prática se faz é adicionar uma componente de risco laboral nova a quem é avô. Esta componente de risco tem de ser calculada, e para o fazer é necessário saber se a pessoa tem filhos, se estão casados, calcular a probabilidade de terem filhos e colocar um factor risco. Triste, mas ninguém se deveria importar se para um dado recrutamento alguém com 50 ou 60 anos tem 1, 2 ou 5 filhos, e que idade têm, e quantos filhos tem cada um. Acontece que é precisamente este tipo de leis que transformam opções pessoais em indicadores válidos para escolhas profissionais. Talvez os autores da proposta possam afirmar que têm tudo isto presente e que não se importam de sacrificar estas situações em prol de um bem alegadamente maior, neste caso a natalidade. Que, a confiar na comunicação social, os autores da proposta sejam incapazes de quantificar o impacto exacto na empregabilidade dos avós, ou no número adicional de crianças que nasçam devido a esta medida talvez lance as dúvidas de sempre sobre o amadorismo e voluntarismo com que este tipo de questões são normalmente tratadas nos partidos.

Numa economia em que a empregabilidade dos mais velhos tem as dificuldades conhecidas, em que a saúde dos mesmos lhes rouba mais e mais tempo e qualidade de vida e trabalho, em que é cada vez mais difícil manterem-se tecnologicamente actualizados, em que o diferencial de produtividade em relação aos mais novos cresce, talvez não fosse boa ideia adicionar componentes de risco a quem já tem bem mais risco do que pode suportar.
publicado por Manuel Pinheiro às 16:35 | comentar | partilhar

Para (...)

Para... para... não sei que título dê ao post, confesso.
Para conhecimento? Para constrangimento? Para divertimento? Para desfalecimento?
Para rir por um momento?
Da minha parte me confesso: sou virgem, nestas coisas da identificação objectiva dos ideiais do socialismo moderno. Mas aceito propostas de títulos para este post. Não me sentirei profanado, garanto!
publicado por Joana Alarcão às 16:10 | comentar | ver comentários (3) | partilhar

Silêncio


Estranho. Vários dias passaram sem declarações polémicas de Pinto Monteiro sobre as novas leis da República. Será que o PGR anda a estudar a separação de poderes ou simplesmente à espera do fim-de-semana?
publicado por Paulo Marcelo às 10:29 | comentar | ver comentários (5) | partilhar
Terça-feira, 27.11.07

Há que reconhecer...

...que tem piada.
publicado por Pedro Picoito às 16:15 | comentar | ver comentários (1) | partilhar

O Fim da Linha


A Reuters converteu o índice de Desenvolvimento Humano elaborado anualmente pela ONU num ranking dos países mais apetecíveis para habitar. O índice de Desenvolvimento Humano da ONU já é de si um pouco apatetado, mas esta coisa de declarar que a Islândia é o melhor sítio para viver em todo o mundo é de doidos. Pergunto-me se não haverá quem troque um bocadinho de "Desenvolvimento Humano" escandinavo pelo contacto com a energia da vida humana, no que tem de desordem, displicência, perigo, imprevisto, brilho. Em doses moderadas, claro. Mas, apesar de tudo, sempre há umas diferenças entre os homens e as plantas.
publicado por Miguel Morgado às 14:37 | comentar | ver comentários (6) | partilhar

Eu tento

Eu tento.
A sério que tento.
Em nome da lealdade orgânica, da unidade do partido, do futuro da direita e até do bem da nação.
Finjo que não vejo. Finjo que não oiço. Finjo que emigrei durante dois anos para uma ilha no Pacífico. Ou que me tornei budista. No Tibete.
Se me cruzo com ele no jornal, mudo de página. Se me aparece na televisão, mudo de canal. Se o encontro na rua, mudo de passeio. Para não ver, não ouvir, não me dar conta de mais um dislate, de outra contradição, de novo soundbite a disfarçar o vazio.
Mas não consigo. Ele não deixa.
É mais forte do que ele.
É mais forte do que eu.
Depois do partido-empresa, das comitivas com dois ou três carros pretos para ganhar pose de Estado, de confiar as declarações programáticas a um jovem de grande futuro que não sabe quais são as nossas bandeiras porque "ainda não temos bandeiras" (sic), hoje ele vem dizer que os altos funcionários públicos não deviam falar à imprensa.
Talvez em nome da lealdade orgânica, etc.
Eu tento.
A sério que tento.
publicado por Pedro Picoito às 12:16 | comentar | ver comentários (13) | partilhar
Segunda-feira, 26.11.07

Os maquiavéis da cevada

Por que razão a campanha do "orgulho hetero" é tão ridícula?
Porque não há nenhum motivo de orgulho em ser hetero ou em ser gay. Também não há nenhum motivo de orgulho em gostar mais do Inverno ou do Verão.
Todos conhecemos donjuans de bairro que narram as suas conquistas como a fundação de um império. Mas que esta autoglorificação hormonal sirva de mote a uma campanha, ganha alturas de ópera bufa.
O mesmo se diga da simétrica reacção de repúdio por parte do movimento gay.
Estão a colher o que semearam.
O ridículo "orgulho hetero" apenas parodia o ridículo "orgulho gay. "
publicado por Pedro Picoito às 23:35 | comentar | ver comentários (9) | partilhar

Parabéns a você

O 31 da Armada fez ontem um ano de contra-revolução.
A gente não diz nada, mas gosta de ler.
publicado por Pedro Picoito às 22:12 | comentar | ver comentários (2) | partilhar

Cultura de fachada (3)

O quarto museu que Isabel Pires de Lima quer inaugurar em 2008 é o do multiculturalismo, na estação do Rossio (em Lisboa). Aparentemente - porque a última notícia que li, no Público de 20 de Agosto, dava como certa a abertura do museu em finais do presente ano. Não vejo como.
Aliás, dos quatro cavaleiros do apocalipse museológico, este parece ser o mais misterioso. Vale a pena conhecer a sua paradigmática evolução, descrita aqui por Alexandre Pomar.
O eventual museu nasce para ocupar um espaço vazio. Literalmente. Terá sido Carmona Rodrigues a impedir que a Refer transformasse em escritórios parte da nova estação (em obras, recorde-se, desde que o túnel começou a abrir rachas, já nem sei porquê), invocando a história do lugar. Depois de várias hipóteses, entre as quais a do famoso Museu da Língua Portuguesa que foi parar a Belém, o Ministério da Cultura engendrou uma solução brilhante. Sendo 2008 o "ano europeu do diálogo intercultural" e sendo que na linha de Sintra moram muitos africanos, juntou as duas coisas.
A sério: é mesmo isto o que se lê nas entrelinhas da notícia. Pensando bem, é a solução perfeita. Mete a Europa, mete o diálogo, mete a interculturalidade (ou o que seja) e mete a estação. Só não lhe chamo ouro sobre azul porque seria uma imagem demasiado ariana. Vexas hão-de conceder-me, porém, que um museu assim nascido não corresponde a qualquer necessidade urgente da pátria. É apenas um remendo urbanístico coberto pelo manto diáfano do multiculturalismo. Que tem, no Rossio, a mesma função decorativa da lusofonia em Belém: um pretexto simpático para arrumar o jardim. E pela mesma razão. O favor do multiculturalismo ou da lusofonia assemelha-se aos "untaught feelings" (sentimentos pouco reflectidos, digamos assim) que, segundo Burke, caracterizam a nossa era demótica. O poder conta com eles para chegar ao coração das massas.
Mas há mais. De acordo com o Expresso (14/10/06), alugar os 900 m2 do tal espaço vazio à Refer custaria ao Ministério da Cultura cerca de 70 mil euros por mês.
Não sei se é verdade.
Não sei se é muito ou é pouco.
Sei que esse dinheiro dava para pagar um certo Tiepolo em ano e meio.
Adenda: Nos comentários, Alexandre Pomar informa que, afinal, já não vai ser feito um museu do multiculturalismo no Rossio, mas um centro de actividades sobre o multiculturalismo. Agradeço a notícia, que desconhecia por completo. O MC mudou de ideias em menos de seis meses. Suponho que se mantenha o preço a pagar por elas.
publicado por Pedro Picoito às 19:10 | comentar | ver comentários (6) | partilhar

Cachimbos

O Cachimbo de Magritte é um blogue de comentário político. Ocasionalmente, trata também de coisas sérias. Sabe que a realidade nem sempre é o que parece. Não tem uma ideologia e desconfia de ideologias. Prefere Burke à burqa e Aron aos arianos. Acredita que Portugal é uma teimosia viável e o 11 de Setembro uma vasta conspiração para Mário Soares aparecer na RTP. Não quer o poder, mas já está por tudo. Fuma-se devagar e, ao contrário do que diz o Estado, não provoca impotência.

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