Quinta-feira, 31.01.08

Escrever à esquerda (4)

Tal como referi aqui há dias, há uma esquerda desempoeirada, talvez moderna, mas seguramente irreverente e rebelde, que escreve coisas imensamente interessantes. Tal como haverá uma esquerda desempoeirada, modernaça e irreverentemente rebelde que gosta de as lêr. É uma questão de estilo e uma questão de gosto. E, havendo quem aprecie e assim se aprecie, tudo estará bem...!
publicado por Joana Alarcão às 21:05 | comentar | ver comentários (5) | partilhar

Sobras de emails: Romney


Já cansam as referências de Romney ao seu currículo no sector privado, onde foi gestor e CEO de várias empresas. Por ter sido um gestor competente, revindica que tem mais provas dadas do que os seus adversários, quando se trata de prever quem seria um presidente mais capaz. Se foi um bom gestor de empresas, logo será um bom Presidente dos EUA. Em qualquer curso de Economia por esse mundo fora, logo nas primeiríssimas aulas de Introdução à Economia, a criançada aprende que este discurso de Romney padece da chamada "falácia da composição".
publicado por Miguel Morgado às 19:20 | comentar | ver comentários (1) | partilhar

Uma correcção

Impõe-se o esclarecimento: Francisco Almeida Leite não está impedido de comentar a vida interna do PSD, como referi erradamente. FAL comenta tudo aquilo que mexe, menos o PSD desde Setembro, mas não está impedido de comentar a vida interna social-democrata. Muito simplesmente não lhe apetece. Apetecia-lhe no passado, mas não lhe apetece agora. Sem saber ler nem escrever, Luís Filipe Menezes, Pedro Santana Lopes e António Cunha Vaz têm muita sorte. É a vida.
publicado por Joana Alarcão às 14:49 | comentar | ver comentários (2) | partilhar

McCain

Tal como o Paulo, também assisti ao debate dos Republicanos na CNN. O confronto entre Romney e McCain confirmou as minhas impressões anteriores sobre McCain, Romney e Huckabee. É muito provável que McCain seja o candidato Republicano à presidência, e muito possivelmente o próximo Presidente dos EUA. Mas não deixa de ser curioso que não consiga vencer um único debate perante Romney. E, como já disse há umas semanas, talvez nem precise de o fazer. Há homens assim.
publicado por Miguel Morgado às 04:28 | comentar | ver comentários (8) | partilhar

Straight Talk Express Next Stop: White House?

John McCain e Mitt Romney na Ronald Reagan Presidential Library (Foto: Monica Almeida/The New York Times).
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Acabo de assistir a um excelente debate, onde McCain terá sido quem tirou maior partido do confronto. Estava longe de imaginar há um ano atrás que McCain estaria na posição confortável em que se encontra a poucos dias da Super Tuesday. A eleição norte-americana é acompanhada com interesse a nível mundial, por motivos óbvios. Naturalmente, o que mais me interessa são as posições dos candidatos no âmbito da política externa dos Estados Unidos. McCain é um internacionalista, a quem não se conhece especial simpatia por opções de cariz unilateralista, ou pretensões de natureza hegemónica. Usando a grelha de leitura de Walter Russell Mead, pessoalmente situaria McCain na intersecção das escolas Hamiltoniana e Jeffersoniana. Será quase inútil referir que me parece que John McCain é o candidato que mais convém à Europa que seja eleito.
publicado por Joana Alarcão às 03:07 | comentar | partilhar

E agora os secretários de Estado...

Segundo a TV Net, Fernando Rocha Andrade e António Castro Guerra vão sair do Governo. Aparentemente, não serão os únicos.
publicado por Joana Alarcão às 01:20 | comentar | partilhar
Quarta-feira, 30.01.08

Quero dizer aos portugueses

«Quero dizer aos portugueses que entendo a mensagem que quiseram dar-nos (...). Quero dizer aos portugueses que recebi e entendi perfeitamente o sinal que nos transmitiram», disse José Manuel Durão Barroso a 13 Junho de 2004. Quinze dias depois anunciou a sua demissão para assumir o cargo de presidente da Comissão Europeia.
Três anos e meio depois, um novo primeiro-ministro, José Sócrates, também compreendeu a mensagem dos portugueses. Acontece que não há nenhum cargo internacional disponível neste momento.
P.S. -- Francisco Mendes da Silva, tal como todos nós, também não percebe muito bem o que é que o primeiro-ministro compreendeu. João Gonçalves prevê mais problemas de compreensão...
publicado por Joana Alarcão às 23:27 | comentar | ver comentários (1) | partilhar

Críticas de Alegre e receio de Sócrates: uma leitura complementar

O post de Pedro Correia a que me refiro é este. Sobre Manuel Alegre, escrevi alguns posts que talvez se justifique a sua repescagem: aqui (1.2006), aqui (2.2006), aqui e aqui (10.2006), aqui e aqui (7.2007).

publicado por Joana Alarcão às 18:30 | comentar | ver comentários (10) | partilhar

O desencanto que cresce

De acordo com Vital Moreira, aqui. Não acrescento, nem retiro, uma vírgula. Quanto «ao papel que os interesses da indústria e do comércio farmacêutico» tiveram na queda de António Correia de Campos, Vital Moreira exagera seguramente o seu impacto. Uma outra nota: curiosa a imagem que Vital Moreira começa a passar de José Sócrates, i.e. um primeiro-ministro que deixou de ser capaz de resistir aos lobbies. Primeiro foi a decisão de construir o novo aeroporto de Lisboa em Alcochete e não na Ota. Agora eis que o primeiro-ministro não resiste à pressão e tira o tapete ao ministro da Saúde. Anda muito desencanto no ar. Sócrates há muito que perdeu os gregos. Agora arrisca-se a perder os troianos como Vital Moreira ou como Eduardo Pitta.
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Prosseguindo a ronda pela blogosfera, percebe-se com rapidez o tom geral com que esta remodelação pífia está a ser acolhida. Em bom rigor, não houve remodelação, refere Francisco José Viegas. Há qualquer coisa de errado nesta mini-remodelação, frisa José Medeiros Ferreira. Um grande sinal de fraqueza, nota José Pacheco Pereira. Remodelação de fachada, acentua Francisco Almeida Leite (infelizmente, desde o final de Setembro, impedido de comentar a vida interna do PSD...). Cedência em toda a linha, diz Pedro Sales.
A amostra não é exaustiva e poderia continuar com inúmeros exemplos. Na blogosfera que consulto, não encontro um único post expressando entusiasmo com a remodelação. Se Sócrates pensa que comprou a paz social com a alteração de rostos está muito enganado (como, aliás, Manuel Alegre fez questão de lembrar). Perante a fraqueza demonstrada, os protestos saíram reforçados. Algo me diz que as políticas em curso -- nomeadamente a reestruturação das urgências e o encerramento de SAP -- têm os seus dias contados.
publicado por Joana Alarcão às 14:22 | comentar | ver comentários (2) | partilhar

Em Hollywood não se faria melhor



«We are all conscious in this Parliament, or we should be, of the way in which the job of First Lord of the Treasury evolved in Britain, steadily developing a grip over Cabinet Departments previously independent of it, and developing into the post of Prime Minister.The creation of that job took many years—and the Prime Minister probably feels that it took almost as long to get round to his turn to hold it.

But to see how the post of a permanent President of the European Council could evolve is not difficult even for the humblest student of politics, and it is, of course, rumoured that one Tony Blair may now be interested in the job. If that makes us uncomfortable in these benches, just imagine how it will be viewed in Downing street! and I must warn Ministers that having tangled with Tony Blair across the Dispatch Box on literally hundreds of occasions, I know his mind almost as well as they do. I can tell them that when he goes off to a major political conference of a centre-right party and simultaneously refers to himself as a socialist, he is on manoeuvres, and is busily building coalitions as only he can.

And we can all picture the scene at a European Council sometime next year. Picture the face of our poor Prime Minister as the name "Blair" is placed in nomination by one President and Prime Minister after another: the look of utter gloom on his face, the nauseating, glutinous praise oozing from every Head of Government, the rapid revelation of a majority view, agreed behind closed doors when he, as as usually, was excluded. Never would he more regret no longer being in possession of a veto: the famous dropped jaw almost hitting the table, as he realises there is no option but to join in.

And then the awful moment when the motorcade of the President of Europe sweeps into Downing street. The gritted teeth and bitten nails: the Prime Minister emerging from his door with a smile of intolerable anguish; the choking sensation as the words, "Mr President", are forced from his mouth. And then, once in the Cabinet room, the melodrama of, "When will you hand over to me?" all over again.

There is, of course, a serious point to be made. Occupied by someone with the political skill of our former Prime Minister, that post would become, in not so many years, a far more substantial one than the Government pretend. The President would be seen as the president of Europe by the rest of the world, with the role of national Governments steadily reduced and the role of national democracy and accountability steadily weakened. The naivety of Ministers, who think that by signing the treaty they are agreeing to a static constitutional position, is alarming in people with such senior responsibilities» (link)

publicado por Manuel Pinheiro às 12:43 | comentar | partilhar

A felicidade tem destas coisas e os GPS às vezes não ajudam...

A 20 de Dezembro, durante o almoço de Natal com os seus ministros, o primeiro-ministro confidenciou que estava «muito feliz com a equipa» que tinha e que esperava contar «com todos» no início do próximo ano (ver aqui ou aqui).
Moral da história?
A felicidade, como todos sabemos, é um sentimento volátil.
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A prenda maldita
Na altura José Sócrates ofereceu a cada um dos ministros equipamentos de navegação GPS. Resta saber se era suposto utilizar os aparelhos antes ou depois da saída do Governo. Em qualquer dos casos, se eu fosse Ana Jorge ou José António Pinto Ribeiro, até tremia se visse o primeiro-ministro a aproximar-se com um GPS. Quanto aos restantes ministros, a precaução manda que aprendam rapidamente a trabalhar com eles. Quem não souber manter o rumo...
publicado por Joana Alarcão às 12:37 | comentar | partilhar

Escrever à esquerda (3)

Há uns tempitos atrás, um jornalista da nossa praça entrevistou Manuela Azevedo, vocalista dos Clã.
Manuela Azevedo não é tema, por si só.
Já a vocalista dos Clã é diferente. É a face mais visível de um grupo musical de qualidade, ou seja, que vende, que é ouvido.
A uma pergunta sobre si própria, a vocalista dos Clã respondeu:
- «Sou do povo e sou artista, logo, sou de esquerda».
Manuela Azevedo não é relevante em termos políticos. Relevante é o que se escreve acerca do que ela diz e o que ela diz para, sobre ela, se escrever.
Sobre o que ela diz, direi que estamos em democracia: há que respeitar.
Sobre o que fundamenta a sua cruz, em momentos eleitorais, há que esperar. Pode ser uma questão geracional, pode passar pela reforma do sistema de ensino ou por uma mera alteração dos lugares-comuns de cada tempo.
A evolução do povo português tem feito um caminho. E as coisas da vida são como são e respostas como as de Manuela Azevedo hão-de ter os dias contados.
Quer os artistas, quer o povo, exigirão mais.
Há de passar por aqui aquilo a que chamamos "Sociedade da Informação".
É uma questão de tempo e, em democracia, também há que saber esperar...
publicado por Joana Alarcão às 01:39 | comentar | ver comentários (2) | partilhar

Ajuda quem?

Por uma vez, Menezes acerta: os novos ministros de Sócrates são figuras de segunda linha. Pinto Ribeiro, em especial, tem notória falta de currículo político e até técnico. Só o recomendará para o lugar o facto de ter sido administrador da Fundação Berardo.
Na verdade, Sócrates não podia ter escolhido um peso pesado do PS sem correr alguns riscos - a evitar em vésperas de ida a votos. 2008 e 2009 serão anos de muitas inaugurações à conta do Ministério da Cultura. Se Sócrates entregasse a pasta a alguém como Carrilho, Alegre ou João Soares, poderia estar a alimentar um temível adversário interno no caso de um mau resultado nas próximas legislativas. Optou por um ajudante de corta-fitas (sem ofensa para os nossos vizinhos ).
O nome de Pinto Ribeiro parece também uma tentativa de acalmar Berardo, que provou ser o maior troublemaker do país nos últimos meses. Ou muito me engano, ou ainda deve haver qualquer coisa por negociar na OPA sobre o CCB vulgarmente conhecida por Museu Berardo.
A nomeação de Pinto Ribeiro para a Ajuda será o preço a pagar pelo impossível silêncio do Comendador?
publicado por Pedro Picoito às 01:24 | comentar | ver comentários (2) | partilhar

A remodelação que ainda vai no adro, segundo Alegre

Se a remodelação do ministro da Saúde, António Correia de Campos, pretendia apaziguar os críticos da ala esquerda do PS, José Sócrates desiluda-se de imediato. A reacção de Manuel Alegre não poderia ter sido mais clara: «preferia que [em vez da ministra da Cultura] tivesse sido [remodelada] a ministra da Educação». Ou seja, a remodelação, nos termos em que foi feita, não resolveu nada e arrisca-se a agravar ainda mais a situação do Governo.
publicado por Joana Alarcão às 00:53 | comentar | ver comentários (1) | partilhar

Não é uma remodelação, mas sim uma recomposição...

«Eu não usaria o termo remodelação, acho que é uma recomposição, a pedido dos próprios, à semelhança de outras que já ocorreram no passado», refere António Vitorino.
Estas declarações parecem tiradas de uma cena cómica: remodelação? Não, recomposição! Vitorino brinca com as palavras e, mais grave, brinca connosco. Como comentador, independente, vale zero.
publicado por Joana Alarcão às 00:48 | comentar | ver comentários (4) | partilhar
Terça-feira, 29.01.08

Arquive-se

Uma notícia que não pode passar despercebida: o Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa arquivou a queixa-crime da RTP contra o crítico Eduardo Cintra Torres que acusou a estação de falta de independência face ao poder político. O TIC de Lisboa arquivou também a queixa-crime da RTP contra o director do jornal Público, José Manuel Fernandes. Uma grande bofetada na RTP e na ERC. (Eduardo Cintra Torres comenta, aqui, a decisão do TIC de Lisboa.)
publicado por Joana Alarcão às 22:40 | comentar | partilhar

Rumo tremido

Confirma-se que, afinal, a festa da democracia incomoda. Algo me diz que nos próximos tempos voltaremos a ouvir falar em manter o rumo.
publicado por Joana Alarcão às 20:32 | comentar | ver comentários (1) | partilhar

A Verdade

A mini-remodelação governamental desta tarde já deitou para o lixo a notícia e a espécie de debate iniciado esta manhã por causa do relatório produzido por uma ONG britânica, e no qual se sublinhava a cumplicidade portuguesa na transferência de prisioneiros (suspeitos de terrorismo), e sob a alçada da CIA, da Europa para a base de Gauntánamo. Não tenho qualquer dúvida de que há muitas verdades no dito relatório. Mas aquilo que se quer é a verdade sobre os factos relatados e muitos outros omitidos. Não é possível, nem desejável, manter esta desconfiança, por mais secretas que sejam as operações em causa. O resto é conversa.
publicado por Fernando Martins às 18:43 | comentar | partilhar

A remodelaçãozinha

Uma tarefa incompleta, sem controlo do tempo político e sem recurso a figuras de primeiro plano do PS. Uma remodelaçãozinha nitidamente de fuga em frente e ao sabor das circunstâncias.
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[Adenda]
Manuel Alegre espera que «não haja apenas uma mudança de rosto, mas uma mudança de políticas para salvaguardar, reforçar e preservar o Serviço Nacional de Saúde».
Pois. Pessoalmente espero que haja apenas uma mudança de rosto e uma manutenção de políticas precisamente para salvaguardar, reforçar e preservar o SNS. Espero que só haja mudança na forma de implementação das políticas.
Não sei que garantias dá a nova ministra da Saúde neste capítulo. Ana Jorge foi apoiante de Manuel Alegre nas últimas presidenciais e não é filiada no PS. Veremos se o lado positivo do trabalho desenvolvido por António Correia de Campos será preservado, ou se a escolha de Ana Jorge representa uma cedência à ala esquerda do PS. Na sua primeira declaração pública a nova ministra afirmou que «acredit[a] na reforma em curso e no Serviço Nacional de Saúde». Nos próximos meses veremos, em concreto, o que isso quer dizer.
publicado por Joana Alarcão às 16:28 | comentar | ver comentários (4) | partilhar

E por falar em música


publicado por Pedro Picoito às 14:54 | comentar | ver comentários (1) | partilhar

Cachimbos

O Cachimbo de Magritte é um blogue de comentário político. Ocasionalmente, trata também de coisas sérias. Sabe que a realidade nem sempre é o que parece. Não tem uma ideologia e desconfia de ideologias. Prefere Burke à burqa e Aron aos arianos. Acredita que Portugal é uma teimosia viável e o 11 de Setembro uma vasta conspiração para Mário Soares aparecer na RTP. Não quer o poder, mas já está por tudo. Fuma-se devagar e, ao contrário do que diz o Estado, não provoca impotência.

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