Sexta-feira, 29.02.08

Jolie 1, Obama 0

Angelina Jolie, "embaixadora de boa vontade" do Alto Comissariado para os Refugiados das Nações Unidas, após uma visita ao Iraque declarou:
My visit left me even more deeply convinced that we not only have a moral obligation to help displaced Iraqi families, but also a serious, long-term, national security interest in ending this crisis.
Today's humanitarian crisis in Iraq – and the potential consequences for our national security – are great. Can the United States afford to gamble that 4 million or more poor and displaced people, in the heart of Middle East, won't explode in violent desperation, sending the whole region into further disorder?…
As for the question of whether the surge is working, I can only state what I witnessed: U.N. staff and those of non-governmental organizations seem to feel they have the right set of circumstances to attempt to scale up their programs. And when I asked the troops if they wanted to go home as soon as possible, they said that they miss home but feel invested in Iraq. They have lost many friends and want to be a part of the humanitarian progress they now feel is possible.
It seems to me that now is the moment to address the humanitarian side of this situation. Without the right support, we could miss an opportunity to do some of the good we always stated we intended to do.

Não sei o que pensa António Guterres disto tudo, mas, como sublinha James Taranto, uma actriz de Hollywood é moralmente mais séria do que Barack Obama.
publicado por Fernando Martins às 22:51 | comentar | ver comentários (2) | partilhar

Mas que trapalhada... (II)

A ler, «Um país, duas justiças, ou dois países e uma justiça?», por José Manuel Fernandes (Público, 29.2.2008: 50).
.
É, de facto, uma opção infeliz do Público não disponibilizar gratuitamente no seu site o editorial e as colunas de opinião. Só muito marginalmente as vendas seriam afectadas se estes conteúdos fossem disponibilizados. Perde-se, todavia, influência sem retorno aparente.
(O New York Times que seguia o mesmo critério já o abandonou há largos meses. O Público o que espera?)
publicado por Joana Alarcão às 18:44 | comentar | partilhar

«Conter a China»...

...por António Neto da Silva (DE, 29.2.2008: 52). Vale a pena ler, também, «João VI e a economia», por Francisco Seixas da Costa (DE, 29.2.2008: 3).
publicado por Joana Alarcão às 17:31 | comentar | partilhar

Parabéns a você

O Insurgente, finalmente desokupado, faz três anos por estes dias. Que conte muitos. Apesar de estarmos por vezes em desacordo (ou justamente por isso).
publicado por Pedro Picoito às 16:32 | comentar | ver comentários (4) | partilhar

Mike Plowden (1959-2008)

Morreu há dias Mike Plowden. Morreu a ensinar basket, depois de uma vida a jogar basket. Primeiro na América natal, depois no Barreirense e no Benfica, por fim como treinador no pequeno clube onde o filho estava a seguir-lhe os passos. Veio para cá jovem, gostou, foi ficando, casou com uma portuguesa, naturalizou-se e chegou a representar a selecção, muito antes de se falar nos brasileiros do futebol.
Ironia do destino (mais uma), passei a tarde de Domingo a lembrar-lhe as proezas com o pai de um amigo do Barreiro, terra que ele fizera sua. Nunca me interessei por basket. Na escola, quando jogava, era invariavelmente expulso por acumulação de faltas pessoais, uma fatalidade que atribuo à sólida herança humanista do rugby. Só abria uma excepção para o Benfica dos anos 80, mítica equipa liderada por Carlos Lisboa e que tinha em Mike Plowden uma estrela à altura. O seu nome, como o dos irmãos Vasconcelos no andebol (esse sim, um desporto humanista), era sinónimo de vitórias vermelhas.
Voltei a ouvi-lo mais tarde, já finalista da FCSH, em conversa com outro barreirense a quem me aliei para impedir que o delegado dos alunos no Conselho Directivo fosse de novo do Bloco de Esquerda. Perdemos, claro, e por muitos, mas ganhei um amigo para o resto da vida - entre outras coisas porque, graças à companhia, foi obviamente acusado de "fascista" . Ele, que votava no PC e era sobrinho do Presidente da Câmara do Barreiro.
Um belo dia, falou-me por acaso num Mike, o outro tio.
"Mike? Qual Mike? "
"Ah, o Mike Plowden, não sei se conheces..."
"O Mike Plowden?! O Mike Plowden é teu tio?!"
"Sim, casou com uma tia minha."
Dizia isto como se fosse a coisa mais natural do mundo. E era. E assim reencontrei o "Mike". Ironia do destino (mais uma), Mike Plowden, o príncipe negro que atravessou o Atlântico para morar no reino da Lusitânia, deixa-nos no momento em que nos querem obrigar a viver entre o super-estado de Bruxelas e os tribalismos de Cantuária e do Kosovo. Mais do que nunca, é preciso recordar exemplo de homens assim. Homens para quem a pátria não é o império, o sangue, o credo ou a cor da pele, mas uma escolha livre.
publicado por Pedro Picoito às 15:23 | comentar | partilhar

Obama, Clinton e a NAFTA

Obama e Clinton, como recorda este editorial do Financial Times, propõem que os EUA abandonem ou revejam radicalmente os acordos NAFTA, afirmando que o crescimento do comércio livre entre México, EUA e Canadá destruiu e destruirá empregos no seu país. No mesmo editorial o seu autor escreveu, e bem, que em si mesmo o comércio livre não cria nem destrói empregos. Mas mais importante e verdadeiro é o facto de afirmar que as posições dos dois candidatos democratas nesta matéria revelam "uma espécie de cobardia intelectual e política."
publicado por Fernando Martins às 10:18 | comentar | ver comentários (3) | partilhar

Mas que trapalhada...

...monumental. Ainda por cima com contornos que não me parecem muito claros.
publicado por Joana Alarcão às 02:03 | comentar | ver comentários (1) | partilhar

António Capucho...

...na primeira pessoa (DE, 29.2.2008): «Menezes é desastroso».
publicado por Joana Alarcão às 01:01 | comentar | ver comentários (1) | partilhar
Quinta-feira, 28.02.08

O português: tristeza e mistério


Nunca é tempo perdido reler o famoso livrinho castanho que a Cinemateca Portuguesa publicou em 1999 sobre o realizador russo Alexander Sokurov. Cada frase do peculiar e genial cineasta – que não gosta muito de cinema mas delira com literatura (Dostoievsky, Faulkner, Thomas Mann, Tchekov) – é uma pedrada no charco de um certo e viçoso pseudo-intelectualismo lourenciano.
Para Sokurov, que não tem pejo em afirmar que os ocidentais são pessoas muito sós e espiritualmente mais doentes que os russos, o tema principal da arte – certamente da sua – é o destino da vida humana. Mas o mais extraordinário e provocador para nós, portugueses, é “ouvi-lo” falar da experiência tida no encontro com Portugal:
"É um país espantoso, talvez o mais misterioso da Europa. Em Portugal há uma qualidade que me impressiona muito, a tristeza. Muitos portugueses foram pessoas geniais. Portugal será dos países onde há mais génios que não são conhecidos. São pessoas tristes que vivem para si, uma qualidade de experiência pessoal que os diferencia dos demais. E um carácter nacional inacreditável. Digo isto por intuição e não porque me baseie em algum conhecimento particular. Vocês têm uma grande quantidade de energia escondida. (...) É muito fácil encontrar portugueses numa multidão de europeus, do mesmo modo que numa multidão de asiáticos é muito fácil descobrir onde estão os japoneses. (...) Quanto mais Portugal se juntar ao espaço europeu maior será a tragédia da cultura portuguesa, ela estará cada vez mais próxima de um estado de choque, porque precisa de dar azo aos seus sentimentos para se desenvolver. É muito complexo. As misturas são muito complexas. (...) As formas artísticas populares são muito complexas. Mas elas existem, estão lá. Por exemplo, se os espanhóis (falo de espanhóis porque estão aqui perto) vos impusessem a sua forma de vida, as suas imagens, a sua cultura, seria um caos. Em termos financeiros e económicos, a união europeia terá muitas vantagens, mas em termos culturais a ideia inspira-me muita desconfiança e alarme, acho que é uma tragédia".
Alguém já descreveu com tanta argúcia a nossa incapacidade de nos darmos a conhecer e a força-fraqueza do nosso ânimo melancólico, hoje em banho-maria, mas com explosivas provas já dadas, como atesta a História? Para não falar do juízo sobre o iberismo...
publicado por Joana Alarcão às 21:59 | comentar | ver comentários (8) | partilhar

Híbridos, quimeras e outras aberrações

A Autoridade britânica de Fertilização Humana e Embriologia (HFEA) autorizou, há poucas semanas, a manipulação laboratorial de embriões com genes humanos e de outros animais. A técnica autorizada permite criar embriões híbridos, usando óvulos de vaca, aos quais se retira o núcleo original, que é substituído pelo núcleo de uma célula adulta humana. Se as experiências forem bem sucedidas, o embrião resultante será 99% homem e 1% vaca. Descansem. Não são mãos, mas apenas umas simples mitocôndrias. Após a transferência nuclear, a célula começará a dividir-se, como ocorre na fecundação natural. O objectivo, segundo os "cientistas" das universidades de Londres (Kings College) e de Newcastle, é produzir células que permitam investigar e obter diversos tecidos humanos.

Pois. Eu sei que até podia ser pior (imaginem se fossem células de porco ou de urso…). E que esta piada até tinha graça se o tema não fosse muito sério. A criação de quimeras – criaturas metade homem e metade animal – é um sonho antigo que podemos encontrar na literatura de ficção-científica ou em filmes de terror. O problema torna-se grave quando são universidades ou auto-intitulados “cientistas” a propor a manipulação genética em laboratório de destes monstros. E mais ainda quando são as próprias autoridades públicas a autorizar experiências contrárias à dignidade humana.

Sim, bem sei que, como sempre, os objectivos invocados são óptimos. Neste caso a investigação do Alzeimer e outras doenças neurológicas degenerativas. Mas não era algo parecido que diziam os “cientistas” nazis que investigavam em seres humanos nos campos de concentração? Acresce que há alternativas, ou seja, outras linhas de investigação promissoras, como pode aqui ser comprovado, que não são contrárias à dignidade humana. A fronteira para a barbárie é ténue. Neste caso foi ultrapassada.
publicado por Paulo Marcelo às 17:46 | comentar | ver comentários (5) | partilhar

Ir às compras para os Restauradores

Luís Filipe Menezes e Pedro Santana Lopes estão em rota de colisão?
Nem pensar nisso! A prova definitiva?
Muito simples: «acreditem se quiserem», refere Pedro Santana Lopes. «Há um propósito de criar um clima de má relação. Nessa mesma tarde fomos os dois às compras para os Restauradores» (Vítor Matos, Sábado, 28.2.2008: 66-8).
publicado por Joana Alarcão às 16:17 | comentar | ver comentários (4) | partilhar

Wayne is gone and Reagan hasn't arrived yet

Afonso Azevedo Neves esclarece: a frase «everyone is against me except the people» é da autoria de John Diefenbaker, antigo primeiro-ministro canadiano.
Oops. Como diria John Wayne, «talk low, talk slow and don't say too much».
publicado por Joana Alarcão às 12:43 | comentar | partilhar
Quarta-feira, 27.02.08

William F. Buckley Jr.


Para muitos americanos, este homem foi o conservadorismo. Morreu hoje, com 82 anos.
publicado por Miguel Morgado às 21:32 | comentar | ver comentários (2) | partilhar

Parafraseando


Esqueçam o resto. O momento alto da entrevista de ontem de Luís Filipe Menezes foi o seguinte: «parafraseando John Wayne sinto nesta altura que está quase toda a gente contra mim excepto o povo».

publicado por Joana Alarcão às 15:49 | comentar | ver comentários (5) | partilhar

A Besta, a Grande Besta


Ver aqui como a Besta não tem vergonha.
publicado por Miguel Morgado às 04:57 | comentar | ver comentários (9) | partilhar
Terça-feira, 26.02.08

Mais ou menos racional?

«A Union Fenosa elaborou um índice de eficiência energética para o sector doméstico em Portugal que constata que uma utilização mais racional da energia permitiria poupar 178 milhões de euros por ano» (Lusa via DD, 26.2.2008).
.
Este tipo de notícia, sobre a «utilização mais racional», seja da energia, da água, ou do que quer que seja, em bom rigor não tem muito sentido. Na verdade todos nós fazemos uma utilização profundamente racional da energia, tendo em conta os custos, os benefícios e a nossa capacidade financeira. O índice de eficiência de que se fala na notícia é uma abstracção que muito possivelmente ninguém segue à letra de forma escrupulosa. É uma espécie de ideal type.
A verdade é que, bem vistas as coisas, nós somos muitos racionais -- o mais racionais possível -- na utilização da energia. Pura e simplesmente, o investimento/esforço não compensa o fundamentalismo tendo em conta os actuais preços/custos da energia. Todos nós optamos por uma abordagem o mais cómoda possível, na medida das nossas capacidades financeiras. Existe, no plano do concreto e não enquanto abstracção, «utilização mais racional»?
publicado por Joana Alarcão às 16:00 | comentar | ver comentários (6) | partilhar

Bush em África


Hoje, na Europa, é quase consensual qualificar os mandatos de Bush como puros fracassos. Todos concordam que o homem se arrasta por estes últimos meses, qual fantasma que cedeu a intervenção no mundo dos vivos aos políticos que estão no Capitólio ou aos que disputam o seu lugar na campanha eleitoral. Por outro lado, para a maioria dos europeus, Bush não é só um falhado, mas um protótipo do político maligno e sinistro: sedento de sangue, ao serviço das grandes empresas, em particular petrolíferas, testa-de-ferro dos ricos na exploração dos pobres, hipócrita, burro, enfim, aquilo que se sabe e vê.
Mas, quando se olha para a sua viagem por África, é impossível não quebrar este retrato formado por vários anos de debate político amargo, em particular em torno do Iraque. Bush foi a África, não à África onde jorra petróleo, não à África dos preciosos recursos naturais que o resto do mundo cobiça. Bush esteve na África que os nossos bem-pensantes dizem ser irrelevante para os poderosos do mundo, a África que aparentemente não tem nada para oferecer ao mundo, a não ser tragédias, carências, mas também esperança. Foi recebido como um herói, como um salvador, como um amigo. Histeria das massas? Não. Foi uma reacção de gratidão. Numa operação quase sem precedentes, Bush investiu somas colossais de dinheiro na luta contra a SIDA em África (desde a prevenção até aos tratamentos), na luta contra a malária, em fundos de estabilização com contrapartidas de boas práticas.
Nos últimos anos, a decisão de Bush salvou centenas de milhares de pessoas e deu a alguns países como a Libéria e o Ruanda a possibilidade de começarem de novo. No continente que se dizia não interessar aos protagonistas mundiais dos jogos de poder. Não acreditam em mim? Espreitem o artigo de Bob Geldof, o cantor falhado que se converteu num porta-voz das desgraças africanas, no último número da TIME. É uma definição antiquíssima de justiça que é justo dar a cada um o que lhe é devido.
publicado por Miguel Morgado às 15:36 | comentar | ver comentários (9) | partilhar

Momento de Contra-Publicidade

Abaixo a British Airways! Lixo com o aeroporto de Heathrow!
publicado por Miguel Morgado às 15:35 | comentar | ver comentários (4) | partilhar

O coro uníssono...

...de críticas ao recente acórdão do Tribunal de Contas é algo invulgar. Instintivamente, este súbito alinhar pelo mesmo diapasão desperta-me a atenção. Há aqui unanimidade a mais. Quando a esmola é grande o pobre -- cidadão -- desconfia.
publicado por Joana Alarcão às 13:23 | comentar | ver comentários (2) | partilhar

Na Procuradoria-Geral da República...

...lê-se jornais. Venha, pois, mais um inquérito. Outra mão cheia de nada?
publicado por Joana Alarcão às 11:02 | comentar | partilhar

Cachimbos

O Cachimbo de Magritte é um blogue de comentário político. Ocasionalmente, trata também de coisas sérias. Sabe que a realidade nem sempre é o que parece. Não tem uma ideologia e desconfia de ideologias. Prefere Burke à burqa e Aron aos arianos. Acredita que Portugal é uma teimosia viável e o 11 de Setembro uma vasta conspiração para Mário Soares aparecer na RTP. Não quer o poder, mas já está por tudo. Fuma-se devagar e, ao contrário do que diz o Estado, não provoca impotência.

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