Segunda-feira, 27.10.08

Os amigos de Peniche (III)

Um comentador, que assina Rui, pergunta-me se o que digo sobre Peniche também se aplica a Auschwitz, ou se vou dizer que "uns têm direito à preservação da memória e os outros são simplesmente um empecilho à criação de emprego".
Embora a comparação seja descabida, no que diz respeito à escala e à natureza dos termos comparados, a pergunta toca num ponto central. A própria Françoise Choay cita os campos de extermínio nazis, "simultaneamente relíquias e relicários", como exemplo de memoriais que devem a conservação intocada a "um passado cujo peso e horror nos impedem de os confiar apenas à memória histórica. (...) Melhor do que símblos abstractos ou imagens realistas, melhor do que fotografias, são os próprios campos de concentração, parte integrante do drama comemorado, com as suas barracas e câmaras de gás, que se tornaram monumentos" (A Alegoria do Património, 2000, p. 21). O cenário do máximo martírio dos tempos modernos que foi o Holocausto (palavra grega que significa o sacrifício de numerosas vítimas aos deuses) ganha uma intangibilidade sagrada. Não estou a usar uma metáfora. É sabido que, há alguns anos, as organizações judaicas se opuseram à construção de um convento carmelita nas proximidades de Auschwitz, invocando o respeito pelas vítimas do anti-semitismo. Exactamente como, em Peniche, a Associação Não Apaguem a Memória se opõe à exploração comercial do Forte em nome do respeito pelas vítimas do fascismo. O que se recorda é tão transcendente, mesmo se esta palavra nunca se diz, que torna incompatível qualquer outro uso que não a memória das vítimas, à guarda dos seus herdeiros directos.
O paralelo pode até ir mais longe. Já vários historiadores, em particular Ernst Nolte e François Furet, chamaram a atenção para o tratamento diferenciado que têm, na Europa ocidental, as memórias do fascismo e do comunismo. O fascismo, mesmo nas suas versões mais pálidas como o salazarismo, é visto como o mal absoluto. Os seus crimes ganham, pois, um estatuto igualmente absoluto, para lá de qualquer limite temporal ou material. A surrealista abertura de processos judiciais contra Franco e outros insurrectos de 1936, por parte de Baltazar Garzón, ilustra bem esta absolutização do mal fascista, que se manifesta também na enorme polémica que um filme como A Queda, com a humanização da figura de Hitler, provocou na Alemanha. O comunismo não tem esta aura maligna. Os seus crimes são mais facilmente perdoados em nome dos "amanhãs que cantam". As suas vítimas são mais envergonhadamente lembradas.
E assim se quer conservar, em Peniche, o santuário do antifascismo português, esquecendo que os heróis que aí sofreram queriam trocar um fascismo por outro. A Associação Não Apaguem a Memória deve dizer-nos a todos, comunistas e não comunistas, se o que propõe comemorar em Peniche é apenas a luta pela democracia ou algo mais do que isso. São reservas que não se põem a Auschwitz, onde as vítimas não lutavam por nada a não ser a mera existência. O que muda tudo.
publicado por Pedro Picoito às 16:46 | comentar | ver comentários (23) | partilhar

27 de Outubro de 2008


Cento e cinquenta anos desde o nascimento do imortal Theodore Roosevelt, o maior político da era moderna.
publicado por Joana Alarcão às 00:23 | comentar | ver comentários (5) | partilhar
Domingo, 26.10.08

Sócrates não tem passado?

Enquanto não cai da cadeira onde se deixou filmar e fotografar algures na residência oficial do primeiro-ministro em São Bento, José Sócrates, na entrevista ao Diário de Notícias e à TSF, quis, entre outras coisas, recordar aos portugueses que o leiam ou oiçam que votar no CDS ou no PSD de 2009 será o regresso a um (mau) passado em que Durão Barroso e Santana Lopes foram chefes de Governo. É verdade que cada um caça com as armas que tem e com que pode. Mas tem muita graça que estas palavras venham da boca de um homem que pertenceu aos dois miseráveis governos chefiados por António Guterres e que é primeiro ministro há quase quatro anos. Ou seja, falou alguém que durante mais de dez anos fez e faz parte parte de uma série de três governos que empurraram Portugal para uma situação de cada vez maior miséria material e moral. Por isso, quando evocando o passado crítica Manuela Ferreira Leite e Paulo Portas, Sócrates só nos faz lembrar o seu próprio passado. O que foi de 1995 a 2005 e que, espero, começou em 2005 e acabará em 2009.

publicado por Fernando Martins às 15:04 | comentar | ver comentários (9) | partilhar

A wild bear

As novas do debate entre o camarada Martins e o João Galamba na SIC Notícias já chegaram ao outro lado do Atlântico. Ontem mesmo, antes da mudança da hora, recebemos aqui no Cachimbo o seguinte telegrama:

MARTINEZ ME AND SARAH PROUD OF YOU STOP GREAT DEBATE STOP YOU SHOWED GALAMBA BOY WHO IN CHARGE AS I DID OBAMA STOP SARAH TELLS ME YOU SOMETHING OF A WILD BEAR IN REDNECK SHIRT STOP DID YOU SEE GALAMBA`S LIBERAL SHIRT STOP BLARGH STOP I SURE HE BOUGHT IT IN ZARA BY 5 EUROS STOP 5 EUROS STOP OUTRAGEOUS STOP 5 EUROS IS TOTAL BUDGET TO SCIENCE WHEN I IN WHITE HOUSE STOP HE COULD FEED ALL NOBEL PRIZES OF EUROPE FOR NEXT CENTURY WITH THAT STOP GIVE MY REGARDS TO FRANCIS FRANCO STOP OLE STOP YOURS STOP JOHN
publicado por Pedro Picoito às 12:05 | comentar | ver comentários (3) | partilhar
Sábado, 25.10.08

Não fazer o TPC

Falando mais a sério, a entrevista do primeiro-ministro hoje à tsf mostrou bem como o nosso jornalismo é pobre, impreparado. Muito conveniente. Quando se chega a temas específicos (como os da Educação, por exemplo), Sócrates pode alargar-se à vontade em imprecisões e falsidades, que os entrevistadores nem dão conta.
Ou dão?
publicado por Carlos Botelho às 23:54 | comentar | ver comentários (5) | partilhar

Lino Magalhães

Mário Lino oficiou hoje uma cerimónia em que desfiava didáctico as maravilhas do Magalhães, 'um computador de características incomparáveis' ("incomparáveis", ouviram?): foi um Mário Lino apaixonado que nos explicou que o computador, 'primeiro, é bonito' (aquela inocência que Deus lhe deu...) e, depois, 'qualquer criança (pestanejou rápido aqui) gosta dele'. Não. Não só as crianças. 'Qualquer adulto' gosta do Magalhães-cutchi-cutchi. Quer dizer, na verdade, até mais do que as crianças! Gosta mais, porque 'o entusiasmo é igual', extasiava já Lino-bilu-bilu. Que grande confusão. Algum assessor, embaraçado com tanto enlevo, terá tossido e Lino desceu ao hardware: é 'um computador de grande potência, com muitas versatilidades e muitas potencialidades' e coiso, podem crer os fregueses! Mas atenção, avisou ele em transe, parece um brinquedo, 'mas é um computador adulto'. E insistiu, caridoso: 'parece para crianças, mas é um computador adulto'. Mais: 'um computador amadurecido!' (O que será isto?) A reportagem das confissões do ministro, com grande pena nossa, cessou aqui. O que terá ele continuado a dizer? Que mais imagens terá empregado? Que o computador maduro irá dar fruta?
Lino não é fotogenicamente esbracejante como o chefe, mas é capaz de uma ternura desajeitada, de um calor disparatado que, tropeçando e balbuciando inconsciências, se vai aninhar, embalado e dorminhoco, nos nossos corações. Imagino que, no fim, todos, em pranto convulso, se terão agarrado ao ministro, de Magalhães sobraçados.
publicado por Carlos Botelho às 22:08 | comentar | partilhar

Publicidade não é propaganda...

...pois não. Mas, a RTP, sempre solícita e disposta a dar uma mãozinha (na verdade, dá o corpo todo), acaba de, no seu Jornal da Tarde, juntar, numa só peça, propaganda ao governo e publicidade à JP Sá Couto. Como é grátis, só pode ser por amor mesmo.

Em intermináveis quatro minutos, para embevecimento patriótico dos Portugueses, foi mostrado, em ambiente de impecáveis luminosidade e brancuras "científicas", o labor aturado da nova ciência "socrática" - sem se esquecerem de referir, para ilustração indígena, o alcance universal do lusitano Magalhães: um milhão para a ansiosa Venezuela e mais onze (onze!) países do Mundo esperam (acotovelando-se em fila, certamente), na antecâmara da redenção, pelos Magalhãezinhos.
Pouco antes, Mário Lino (construtor das grandes obras do Império) tinha oficiado uma cerimónia em que desfiava didáctico as luso-maravilhas do Magalhães. Não faltou uma entrevista silenciosazinha a um administrador da Sá Couto. Ficámos a saber que, depois de contactos e contratos, o portátil poderá vir a ser cem por cento português. Então... mas não o era já?
Mas não sejamos complicados, desmancha-prazeres. O governo esforça-se arquejante pela Pátria e nós só sabemos dizer mal. Onze nações (e quantas mais, quantas mais?) aguardam respeitosas pelo nosso Magalhães e nós, aqui, bota-abaixando. Não, já chega. 'Magalhães' rima com 'pães'. E com 'mães'. Há hinos à nossa espera.
A voz da RTP chamou-nos à realidade: o Magalhães 'continua a ser distribuído pelas escolas do 1ºciclo e já é uma ferramenta de trabalho para os mais pequenos', ouviu-se. É claro que estas afirmações (reparem até no "já é" entusiasmado) são mais próprias duma central de propaganda do que de um orgão independente: ainda não se sabe se aquilo vai realmente ser uma ferramenta de trabalho - o mais certo é que não. Mas há que apresentar como facto aquilo que não passa de propaganda. As imagens ajudam: lá vinham eles, na linha de montagem, em fila, lindos, imparáveis e intermináveis, os Panzer, perdão, os Magalhães... Parecem encarreirar-se preparadinhos para a nobre missão que os espera. Tremem os pessimistas de serviço e os bota-abaixistas. Hoje Portugal, amanhã o mundo, Kameraden!
publicado por Carlos Botelho às 16:33 | comentar | ver comentários (4) | partilhar

Sócrates tem razão

Disse ele na entrevista à tsf: 'O que nós fizemos na Educação não tem paralelo no passado - não tem paralelo!'
Lá isso é verdade.
publicado por Carlos Botelho às 13:04 | comentar | ver comentários (7) | partilhar

Ler os Outros


Sobre as eleições norte-americanas vale muito a pena ir acompanhando, pelo menos, três blogues portugueses: Eleições Americanas de 2008, Impressões e Margens de Erro. Neles vale a opinião mas, e sobretudo, o esforço de análise. Nestas as coisas, como em muitas outras, vale a pena ler quem sabe e não quem pode.
publicado por Fernando Martins às 12:47 | comentar | ver comentários (2) | partilhar

On connaît la chanson

Segundo o Insurgente, Alan Greenspan é então um herege (e dos vendidos), a juntar a uma colecção que conta, entre muitos, com Paul Volcker. Russel Kirk tinha razão quando dizia que «doubtless the libertarians, long accustomed to skulking in the Cave of Adullam, soon will be calling Mr. Reagan a socialist». Dito e feito, o mesmo com Milton Friedman, que também foi agraciado com impropérios da praxe pelo intragável Rothbard. A lista é longa e os candidatos a ela também, pela minha parte até ajudo e lanço já para a fogueira da salvação o Martin Feldstein, esse socialista de longa data. Está tudo perdido, mas há sempre uma qualquer seita da Verdade para nos salvar, no entanto tenham cuidado com esses critérios, é que também aqui me parece que o R. Kirk tem razão: «At the Last Judgment, libertarianism may find itself reduced to a minority of one, and its name will be not Legion, but Rothbard».
publicado por Manuel Pinheiro às 01:34 | comentar | ver comentários (3) | partilhar
Sexta-feira, 24.10.08

New York Times acusa McCain de racismo

E por extensão lógica as dezenas de milhões de americanos que votarão no candidato republicano? Mas ainda há tempo. Recuperemos a nossa humanidade. Votando Obama.
publicado por Joana Alarcão às 23:49 | comentar | ver comentários (5) | partilhar

Da série "Cachimbos de lá"


Adrian Ludwig Richter, Travessia de barco em Schreckenstein (1837)
publicado por Pedro Picoito às 19:05 | comentar | partilhar

Os amigos de Peniche (II)



Compreende-se que Peniche tenha um forte simbolismo na evocação da resistência ao Estado Novo. Era uma das prisões de máxima segurança do regime e recebia apenas presos políticos. Aqui foram presos e torturados muitos opositores à ditadura, sobretudo comunistas. E aqui se deu a mais mítica fuga das prisões salazaristas: a de Cunhal e outros nove membros do PCP, em 1960. É um lugar carregado de memória.
Os termos em que o Movimento Não Apaguem a Memória denuncia a possível instalação da pousada mostram, aliás, que não é só a frieza da história que habita aquelas paredes. Lamenta-se a "banalização de locais simbólicos". Invoca-se o "dever de memória". Condena-se "qualquer utilização que não respeite a memória dos antifascistas ali presos". Mais do que o conceito weberiano de rotinização do carisma, próximo da "banalização" temida, ouve-se o eco de uma linguagem religiosa. Tal como as primeiras igrejas cristãs se erguem sobre o túmulo dos mártires e a liturgia os recorda na Missa e nas Actas dos martírios, consagrando os lugares e as narrativas do sacrifício exemplar, também o cenário heróico da resistência à ditadura se procura separar do mundo quotidiano, dos usos profanos, dos prazeres materialistas do ócio e do dinheiro. "Qualquer utilização que não respeite a memória" é vista como um sacrilégio ou, pelo menos, "uma piada de mau gosto", como diz Irene Pimentel. A apropriação do santuário mais emblemático da luta comunista e antifascista pelo capitalismo, pelo lucro e pelos ricos seria uma verdadeira profanação .
Esta visão quase religiosa da memória colectiva, paradoxal numa sociedade que se proclama laica, está, porém, enviesada. Omite que o regime político triunfante depois do 25 de Abril não é o mesmo por que lutaram muitos dos homens presos em Peniche durante a ditadura, fossem eles comunistas, anarquistas ou do reviralho. Hoje vivemos em democracia parlamentar e economia de mercado. Não era isto o que queria o PCP. Não é isto o que quer Saramago quando diz que, afinal, o 25 de Abril não serviu para nada. Tenho até dúvidas, por vezes, que seja exactamente isto o que querem Mário Soares ou Manuel Alegre quando acusam "o neoliberalismo" de todos os males do mundo.
O que significa, portanto, que é indispensável reflectirmos sobre o que se comemora em Peniche. A luta contra a ditadura ou a democracia? Cunhal ou o 25 de Abril? O projecto comunista ou o pluripartidarismo? É claro que podemos dizer que comemoramos tudo isto. Queremos conservar aquelas pedras porque a repressão que testemunham é uma das frentes, ainda que não a única, do combate pela liberdade. Respeitamos Cunhal por causa do 25 de Abril, pelo qual lutou, apesar de Cunhal ter feito tudo para que o 25 de Abril fosse uma coisa diferente. Admiramos a determinação do PCP contra a ditadura, mas não a sua cegueira contra a democracia "burguesa". Mas a memória comporta, já o vimos, um pesado simbolismo pessoal e social. E temo que seja difícil, para não dizer impossível, conciliar memórias tão contraditórias. Afinal, Peniche é de todos nós, os que hoje queremos viver em democracia e economia livre, ou apenas da esquerda?
Semelhantes reservas, que são as de muitos portugueses, põem em causa a pureza antifascista do Forte. A democracia também consiste na prosaica existência de grandes empresas que ganham dinheiro com as férias da burguesia. Porque é que o lucro e o lazer não podem coexistir com um monumento ao antifascismo? Porque é que o passado da esquerda goza do privilégio da intangibilidade?
Da resposta a estas perguntas depende o que faremos em Peniche, mas não é só disso que se trata. Trata-se da imagem que queremos construir de nós próprios. Numa obra célebre, Françoise Choay define o património como um espelho da sociedade. Os monumentos que conservamos e o que conservamos dos monumentos dizem-nos mais sobre o presente do que sobre o passado. O património é uma alegoria da identidade colectiva. Se hoje o PCP e a Câmara de Peniche, nas mãos de um comunista, aceitam a exploração comercial de uma pousada no forte, quer dizer que aceitam as regras da economia de mercado em que vivemos, talvez em nome de um bem maior: a criação de emprego. Curiosamente, é a Associação Não Apaguem a Memória que parece recusar essas regras em nome da pureza mítica do ideal antifascista.




publicado por Pedro Picoito às 18:35 | comentar | ver comentários (13) | partilhar

E por falar em amiguismo

O Fernando Martins vai estar amanhã na SIC Notícias, às 19h, para debater as eleições americanas com o nosso contraditório residente João Galamba.
Já se sabe quem estará por quem. O que ainda não se sabe é que este debate histórico vai marcar o início da recuperação do McCain...
publicado por Pedro Picoito às 16:49 | comentar | partilhar

A Nova Atlântida em português


Saiu nas Edições 70 a tradução de uma complexa mas importantíssima obra da filosofia política do início do séc. XVII: A Nova Atlântida, de Francis Bacon. O tradutor é o nosso camarada de blog e professor na Católica, Miguel Morgado, o que nos garante, desde logo, que ao lermos o livro estamos a ler Bacon na língua portuguesa e não uma interpretação em língua portuguesa de Bacon. Para além da Nova Atlântida, o livro inclui ainda a tradução da Instauratio Magna e uma longa e excelente introdução do Miguel ao pensamento filosófico e político de Bacon. Os portugueses agradecem.

Ler Bacon é voltar a colocar as perguntas mais simples mas também mais decisivas: O que é conhecer? Para quê conhecer? Se o conhecimento é uma forma de poder, como deve ser este poder exercido? Quais os benefícios e riscos desse exercício? Que implicações, políticas e sociais, morais e religiosas, tem esta revolução? Quais são as condições históricas do seu sucesso?
Miguel Morgado
publicado por Nuno Lobo às 11:50 | comentar | ver comentários (4) | partilhar

Comparações deficitárias

Não sei se estou a cometer algum crime informático ou blogosférico ao publicá-la aqui no Cachimbo, mas esta tabela é demasiado importante para andar escondida. É da autoria de Miguel Frasquilho e fui tirá-la a um post do Afonso Azevedo Neves.
Talvez esta tabela seja particularmente útil para pessoas como Freitas do Amaral que, entre outros encómios, ontem na televisão lá foi elogiando aos píncaros a política financeira do governo. Disse Freitas que este governo era "excelente" porque operou a maior redução do "défice" - presume-se do orçamento geral do Estado - na história portuguesa. Isso foi suficiente para determinar o seu veredicto (e, diga-se de passagem, para se atrapalhar com as críticas iniciais à lei do divórcio, e para delirar com a questão do reconhecimento da independência do Kosovo pelo Estado português, cuja responsabilidade afinal deve ser atribuída a Bush). Dei por mim a pensar: então, afinal, era a outra que tinha a "obsessão do défice"? E que havia "vida para além do défice", como dizia o outro senhor?
publicado por Miguel Morgado às 10:47 | comentar | ver comentários (7) | partilhar

Have you?

"Throughout this campaign I've argued that we need more troops and more resources to win the war in Iraq."


Se é assim agora, como será depois de eleito? Vai ser giro, vai.
publicado por Nuno Lobo às 00:26 | comentar | ver comentários (5) | partilhar
Quinta-feira, 23.10.08

Sondagens secretas

Como tenho escrito aqui, existe um movimento moralista e tendencialmente violento contra a campanha de John McCain: por exemplo, exibir um autocolante do candidato republicano no carro ou colocar sinais no jardim não são, de todo, atitudes prudentes. Pela primeira vez na história deste país temos uma esquerda embriagada de moralismo, num desvario emocional que é também uma derrapagem para o irracionalismo. Convém dizer, a este propósito, que as sondagens podem estar a subvalorizar as intenções de voto de McCain. Quantas pessoas preferem apoiar este candidato em segredo ou, pelo menos, com discrição?
publicado por Joana Alarcão às 22:27 | comentar | ver comentários (25) | partilhar

Shame on you, Mr. Obama, shame on you...



Well I ain't never / Been the barbie doll type / No I can't swig that sweet champagne / I'd rather drink beer all night / In a tavern or in a honky tonk / Or on a 4 wheel drive tailgate / I've got posters on my wall of Skynard, Kid and Strait / Some people look down on me / But I don't give a rip / I'll stand barefooted in my own front yard with a baby on my hip

Cause I'm a redneck woman / And I ain't no high class broad / I'm just a product of my raisin' / And I say "hey y'all" and "Yee Haw" / And I keep my Christmas lights on, on my front porch all year long / And I know all the words to every Charlie Daniels song / So here's to all my sisters out there keepin' it country / Let me get a big "Hell Yeah" from the redneck girls like me / Hell Yeah / Hell Yeah
publicado por Nuno Lobo às 13:58 | comentar | ver comentários (15) | partilhar

It's not ironic; it's disastrous (he won't do it)

Following an electoral victory, Obama is likely to face a massive challenge: The least responsible, least respected, least popular political institution in America -- the Democratic-led Congress -- would also be the most emboldened. Democratic leaders with large majorities would be pushed by conviction and hubris, and pressured by Democratic constituencies, toward divisive measures that punish and alienate businesses, seek backward-looking political vengeance and impose cultural liberalism. This predictable story of overreach, backlash and bitterness easily could destroy Obama's presidency, even before his first achievements -- unless he can suddenly find the ability to shape, tame, even fight, the self-destructive tendencies of his own party.
publicado por Nuno Lobo às 13:48 | comentar | partilhar

Cachimbos

O Cachimbo de Magritte é um blogue de comentário político. Ocasionalmente, trata também de coisas sérias. Sabe que a realidade nem sempre é o que parece. Não tem uma ideologia e desconfia de ideologias. Prefere Burke à burqa e Aron aos arianos. Acredita que Portugal é uma teimosia viável e o 11 de Setembro uma vasta conspiração para Mário Soares aparecer na RTP. Não quer o poder, mas já está por tudo. Fuma-se devagar e, ao contrário do que diz o Estado, não provoca impotência.

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