Terça-feira, 30.06.09

O Deserto Universitário


Li algures que no ano passado um milionário suíço, Hansjörg Wyss, doou 125 milhões de dólares à Universidade de Harvard. Sim, de Harvard nos Estados Unidos. Não doou a uma Universidade europeia. Damos voltas e voltas, avançamos explicações e explicações, concebemos "políticas" e mais "políticas". Mas não se consegue escapar ao facto de que o mundo universitário europeu está a morrer. O que foi em tempos a glória da Humanidade é agora um ramalhete de escolas cinzentas, decrépitas e sem futuro. O que é que a Europa obteve em troca do sistema universitário que montou a partir dos anos 60? Alguns dirão: democratizou o acesso. Talvez. Mas nos Estados Unidos isso também foi conseguido sem sacrificar tudo o resto. E nós sacrificámos tudo o resto. Bela troca.
publicado por Miguel Morgado às 21:22 | comentar | ver comentários (3) | partilhar

Proletários de todo o burgo, uni-vos

Antigamente, quando havia uma revolução, era fácil saber quem eram os bons e quem eram os maus: o Jugular e o Cinco dias explicavam tudo.
Ainda eu não tinha descoberto como se escreve ayatollah, e já o João Galamba nos ensinava a dizer liberdade em "farsi".
Ainda eu tentava ver onde é que fica o Irão no mapa, e já Carlos Vidal nos mostrava o lugar da liberdade na obra de Kiarostami.
Bons tempos.
Agora, não percebo nada. Houve aquilo nas Honduras, povo na rua, tropa na rua, um Presidente que quer ser Presidente mas a tropa não deixa, um outro Presidente que quer ser Presidente mas o povo não deixa, parece mesmo uma revolução e tal, e o que é que se passa?
Vale de Almeida acusa os vizinhos de delírio, Ramos de Almeida reage aos "pinossocráticos", Palmira e Câncio não nos guiam...
Como é que vamos saber qual o lado certo?
Camaradas, entendam-se!
Proletários de todo o burgo, uni-vos!
Não nos façam pensar que as revoluções são coisas complicadas!...
publicado por Pedro Picoito às 14:19 | comentar | ver comentários (11) | partilhar

Os eleitores do Porto parecem convencidos...

A candidata fantasma Elisa Ferreira parece destinada a uma derrota histórica na cidade do Porto. Segundo uma sondagem da Católica, Rui Rio tem neste momento 54% das intenções de voto, contra 23% de Elisa Ferreira.
publicado por Nuno Gouveia às 14:18 | comentar | ver comentários (5) | partilhar

Os péssimos timings da Dra. Manuela


Por estes dias, o abcesso de fixação, como diria Pacheco Pereira, é a demora do PSD em apresentar o programa eleitoral. Ou, para voltar à velha narrativa, os péssimos timings da Dra. Manuela. Coisa terrível porque o país, já se sabe, está suspenso da clarificação ideológica laranja que vai chegar com o documento. Trinta anos sem podermos anunciar, lá no café, se somos liberais, conservadores ou até social-democratas: tem sido um longo exílio. Mas a Terra Prometida espera-nos. A avaliar pelas páginas do DN, vêm aí tempos de profundo debate doutrinário com o PS. Sob o patrocínio da Carolina.
É claro que os mesmos que tão ansiosamente pedem o programa para votar em consciência, e fazem bem, vão dizer no dia seguinte - sem o ler - que não lhes enche as medidas. Ao contrário dos socialistas, que o vão ler com muita atenção. Aliás, é exactamente porque os spin doctors do Rato o vão ler com muita atenção que ninguém lhe vai pôr a vista em cima antes da Agosto. Ou Setembro.
Mas descansem. A criança está a caminho. Posso noticiar, pois é público e notório, que o contributo do Instituto Sá Carneiro foi entregue este fim-de-semana na São Caetano à Lapa. Falta o do Gabinete de Estudos, que passou por algumas vicissitudes também públicas e notórias e vai exigir um esforço extra de coordenação a Sofia Galvão e a Paulo Mota Pinto. Se querem saber mais, perguntem ao camarada Pinheiro que está metido na coisa até ao pescoço.
Entretanto, continuemos a zurzir os péssimos timings da Dra. Manuela. Já foi assim com o Rangel, não foi?


publicado por Pedro Picoito às 11:54 | comentar | ver comentários (10) | partilhar

Verba, non res

Lemos isto. Que palavra lamentável há que descreva esta miséria?
Merda.
É isto.
publicado por Carlos Botelho às 01:10 | comentar | ver comentários (8) | partilhar
Segunda-feira, 29.06.09

Crenças

Isto e isto, na verdade, não são mais do que variações da gritaria "socrática" do "pessimismo", do "bota-abaixismo" e de outros lamentos pela "irresponsabilidade" das oposições da pátria. Já não se trata agora daquela morna, sonsa e "burguesa" mediania, daquele seguidismo disfarçado de bom-senso a que nos habituou. Não. Começa mesmo a assomar à superfície um rancor que já não se disfarça. Desespero, provavelmente. E pode muito bem haver ali um espanto sincero: como é possível haver uma alma sequer que duvide, que critique, que se oponha ao benéfico governo do engenheiro Sócrates? Como?...
Há sempre uma certa crueldade na perturbação das crenças dos outros. É melhor deixá-lo em paz.
publicado por Carlos Botelho às 23:08 | comentar | ver comentários (4) | partilhar

In Money We Trust


(Posso ser "simplista", posso?) Pois, há certas "culturas" que dão muita importância ao dinheiro, que se importam com ele. São "materialistas" e tal. (Nem é preciso ler o Max Weber.) Não gostam que se brinque com o dinheiro. Para mais, quando se trata do dinheiro dos outros. Feitios.
Noutras paragens, como se sabe, as coisas já não são bem assim.
publicado por Carlos Botelho às 22:13 | comentar | ver comentários (2) | partilhar

Comentar os Outros

No seu blogue, cada vez mais aflito, Eduardo Pitta garante que quem votar no PSD em finais de Setembro, além de revelar ser "crente", o fará numa "entidade mítica." Não sei se ser "crente," mesmo em política, é essencialmente bom ou mau. O importante é que a crença não cegue. Mas o problema, no entanto, é que quem votar PS nas próximas legislativas não vota sequer numa "entidade" e, portanto, não vota em algo que seja, ao menos, "mítico". Vota ignorando a realidade deprimente e repugnante que o Governo Sócrates/PS criou e sustentou nos últimos quatro anos e meio. Esta realidade tem um nome, ou até vários. Mas como este blogue é lido por gente susceptível, abstenho-me de dizer quais são.
publicado por Fernando Martins às 19:55 | comentar | ver comentários (3) | partilhar

Os 52

Longe de mim depositar uma confiança imoderada nos praticantes da "lúgubre ciência" (a expressão, descobri há uns tempos, foi inventada por Carlyle), mas, de qualquer maneira, em relação a estes dois manifestos "de economistas" que clamam por atenção, duas coisas podem ser ditas. Primeiro, o manifesto original inclui as pessoas mais respeitáveis na matéria. Devem ter feito várias previsões erradas ao longo da vida, mas o objecto de pensamento deles presta-se a isso. É inevitável. Nada os designa particularmente ao Inferno. São só economistas. Em segundo lugar, o outro manifesto, o dos 52, inclui vária gente que não é economista. Contei 4 sociólogos - entre os quais Boaventura Sousa Santos que, além de sociólogo, desempenha o papel de sociólogo, como o empregado de café de Sartre fazia de empregado de café -, 1 politólogo, 1 psicólogo, 2 engenheiros agrários, 4 geógrafos e 3 indescritos (um "Professor Catedrático", um "Investigador" e um "Gestor"). O facto, é claro, não invalida teoricamente a pertinência do "manifesto dos 52". Mas muda sensivelmente os dados. A falível opinião profissional tende a diluir-se, neste caso, numa falibilíssima opinião política.
Contrariamente àquilo que o primeiro-ministro pensa (se necessário, produzo a citação), a economia não é uma ciência que permita que as mesmas receitas sejam utilizadas irreflectidamente em conjunturas históricas diferentes. Mas, por mais dúvidas legítimas que tenhamos em relação à competência dos "especialistas" - o que um outro Sócrates explicou muito bem -, há gente que sabe alguma coisa, e há gente que nem essa alguma coisa sabe. E quando a gente que sabe alguma coisa diz aquilo que é consonante com a intuição das pessoas comuns - isso tem um significado.
publicado por Paulo Tunhas às 17:25 | comentar | ver comentários (9) | partilhar

He's Back!


O novo disco do fabuloso Mazgani já está à venda: Tell the People.
Mais informações aqui, aqui e aqui.
publicado por Miguel Morgado às 16:15 | comentar | ver comentários (2) | partilhar

O Aniversário da Morte de Foucault, o Irão, Richard Dawkins, e muito mais


Michel Foucault conseguiu ser um autor surpreendente. E não há dúvida de que o seu apoio entusiástico à Revolução Iraniana de 1979 (pelo menos na sua fase inicial) causou surpresa. As razões do apoio de Foucault à revolução que derrubou o Xá são várias e complexas. Mas, à primeira vista, vê-lo do lado do regresso à espiritualidade de tipo religioso contra a tendência secularizante do governo ditatorial anterior parece constituir um enigma inexplicável. Claro que o anti-Ocidentalismo de Foucault ajuda a explicar; claro que a crítica com intento subversivo das instituições caras ao europeu burguês e normalizado também ajuda a explicar. Mas a este propósito não resisto a deixar aqui uma troca de palavras entre Foucault e o seu editor Claude Mauriac, seu amigo, e que faz de intelectual laicista e republicano. Sobre a espinhosa questão da combinação de "espiritualidade e política", Mauriac avisa Foucault em 1978, "já vimos o que isso nos deu". Foucault respondeu: "E a política sem espiritualidade, meu caro Claude?"
Aonde é que a política sem espiritualidade nos trouxe?
publicado por Miguel Morgado às 08:35 | comentar | partilhar

"Nós é que sabemos como isto está"

publicado por Carlos Botelho às 01:16 | comentar | ver comentários (1) | partilhar
Domingo, 28.06.09

Cartazes



publicado por Pedro Picoito às 23:21 | comentar | ver comentários (1) | partilhar

Sub-representação

'(...) A maioria dos portugueses são operários, agricultores, trabalhadores dos serviços, funcionários públicos, micro e pequeno-empresários, e todos eles estão sub-representados na vida política, quer enquanto tal, quer através de representantes que conheçam os seus problemas e falem a sua língua. É o problema de qualificar a acção política por "saberes" diversos, fruto da experiência, do conhecimento de vida, do estudo, para evitar o progressivo divórcio entre a realidade nacional e a representação política.'

José Pacheco Pereira, Abrupto
publicado por Carlos Botelho às 20:28 | comentar | ver comentários (4) | partilhar

Cachimbos de lá


Dion Archibald, Fumadores Turcos, 2001
publicado por Pedro Picoito às 16:13 | comentar | partilhar

Os travestidos da política portuguesa

O Carlos Botelho já aqui tinha falado da tentativa de José Sócrates mostrar-se ao lado de "independentes de direita", iniciativa essa que foi publicitada pela entourage do Primeiro-ministro. Se é verdade que alguns desses nomes foram claramente utilizados por José Sócrates para se promover (como se pode constatar nesta declaração de António Carrapatoso e como o Manuel Pinheiro também garantiu aqui), também não podemos esquecer que a sociedade portuguesa há muitos anos assiste a este desfilar de "independentes", que vão oscilando entre o PS e o PSD, conforme sopram os ventos do poder. Mantêm-se na sombra, aparecendo por vezes para mostrarem ostensivamente que estão com o poder, e nunca surgindo ao lado da oposição. Nos últimos anos tivemos um grande exemplo disto: a verdadeira "mente livre" da direita portuguesa, José Miguel Júdice, que não teve problemas em juntar a sua voz ao socialista José Sócrates.

publicado por Nuno Gouveia às 15:26 | comentar | ver comentários (2) | partilhar

Não me digam que Dawkins não é ferozmente religioso

Dawkins sets up kids’ camp to groom atheists
publicado por Maria João Marques às 00:14 | comentar | ver comentários (4) | partilhar
Sábado, 27.06.09

Há reuniões e reuniões

Muito boa gente à esquerda participa em encontros e fóruns da direita. Diz ao que vem e o que pensa sem ninguém ter a expectativa de lhe enfiar uma bandeira e um badge no final da reunião como cristão novo. É também por isso bom dar desconto à lista dos famosos independentes da direita, até porque vários deles estão hoje como ontem genuina e activamente do lado contrário ao de Sócrates, alguns mesmo a trabalhar e coordenar equipas com o PSD. A campanha que aí vem será longa e certamente se vai perceber quem estará activamente ao lado de quem, sem exercícios de aproveitamento abusivos como o que foi lançado hoje à imprensa.
publicado por Manuel Pinheiro às 22:48 | comentar | ver comentários (5) | partilhar

"Os votozinhos, os votozinhos"

O que se faz pelos "votozinhos". Depois de se andar a massacrar o Ensino durante três anos. Gente séria.


(Num certo sentido, não nos deviamos admirar. Afinal, esta gente exemplar está a reger-se pelos mesmos critérios que quer impôr aos alunos, aos professores, ao ensino: o "sucesso". Todo o resto, tudo, lhe deve estar subordinado.)
publicado por Carlos Botelho às 22:36 | comentar | partilhar

Um Governo em pânico

Sim, já sei que não devemos entrar em "euforias" (como costumam dizer os que não correm esse risco), e que a abstenção foi enorme, e que o PSD ainda tem muito a fazer, e que em Setembro a Manela não terá o Rangel, etc.
Tudo isso é verdade.
Mas deixem-me só fazer uma perguntinha: alguém acredita que Sócrates teria recuado no negócio PT/TVI se não fosse o resultado das europeias?
publicado por Pedro Picoito às 21:57 | comentar | ver comentários (1) | partilhar

Cachimbos

O Cachimbo de Magritte é um blogue de comentário político. Ocasionalmente, trata também de coisas sérias. Sabe que a realidade nem sempre é o que parece. Não tem uma ideologia e desconfia de ideologias. Prefere Burke à burqa e Aron aos arianos. Acredita que Portugal é uma teimosia viável e o 11 de Setembro uma vasta conspiração para Mário Soares aparecer na RTP. Não quer o poder, mas já está por tudo. Fuma-se devagar e, ao contrário do que diz o Estado, não provoca impotência.

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