Em jeito de comentário à proposta dos 200 euros por bebé nascido em Portugal podemos ler no website do PS:
«O PS vai compensar as famílias com 200 euros por cada bebé que nasça em Portugal, numa medida que visa atingir quatro objectivos essenciais: incentivo à conclusão do ensino obrigatório, procura de hábitos de poupança, estímulo para um novo projecto de vida na entrada na idade adulta e incentivo à natalidade, de modo a contrariar o envelhecimento da população portuguesa. João Tiago Silveira, em entrevista à TSF, adiantou que a saúde e a educação são as prioridades no programa eleitoral para estas Legislativas.»
Os políticos e estes "estrategas" que os acompanham têm de perceber que fazer do eleitorado uma cambada de acéfalos não fica bem, nem sequer é muito eficaz. O delírio inerente aos "quatro objectivos essenciais" situa esta proposta muito além de um horizonte de razoabilidade mínima, que, como se sabe, é condição necessária para haver debate.
No final dos "quatro objectivos essenciais" lá se menciona o incentivo à natalidade. Não sou eu quem vai contradizer que a natalidade em Portugal necessita de incentivos, tendo em conta a situação demográfica desesperada do País. E que esse incentivos não podem ser só financeiros também é algo mais ou menos aceite. Mas que esta coisa aqui proposta possa funcionar como incentivo à natalidade é que desafia os mais elementares poderes do entendimento humano.
A estrutura abstracta do incentivo (financeiro) é muito simples: para que este funcione realmente como um incentivo à natalidade, tem de ser dado a quem tem nas suas mãos a escolha entre ter ou não ter filhos - os potenciais progenitores, não ao filho já nascido, criado e maior de idade. Custa perceber?
Este é um daqueles casos em que, contrariamente ao que proclama o frenesim reinante, mais vale estar quieto. E calado.