Ontem, na TVI24, como o Fernando já assinalou, participei num debate em que sugeri que no final de 2009 estamos a assistir ao princípio da ruína do "regime". Referia-me sobretudo à delapidação quase completa da autoridade (por contraposição a poder) das instituições políticas e sociais que até hoje asseguraram a ordem e um mínimo de civilização entre nós, à desagregação da sociedade portuguesa, e à notória insustentabilidade da estrutura financeira e económica do País. Se, diante destes problemas, o regime os converte em becos sem saída, isto é, sem soluções, então parece-me que isso significa a ruína do regime.
Os meus colegas de debate manifestaram desconforto com a minha sugestão. Repudiaram o "pessimismo" e relativizaram a gravidade da situação portuguesa. O seu argumento mais poderoso foi o de que não se vislumbra qualquer regime alternativo no horizonte nacional. O que é indubitavelmente verdade, graças à "Europa" e a outras coisas menos dignificantes. A minha resposta foi a seguinte: não é preciso haver uma alternativa de regime para este ruir. As pessoas por vezes vivem nas ruínas. Neste caso, queria dizer que os Portugueses podem estar condenados a viver nas ruínas. E como vivem as pessoas nas ruínas? Desconfortavelmente, em sofrimento, pobres, sem futuro.