Sim, os valores do défice foram
revistos: para 10% do PIB em 2009, para 8,6% em 2010 (a redução entre os dois anos acaba por ser
mais do que que explicada pela manobra do Fundo de Pensões da PT).
Em alta, contribuiu em 2010 a inclusão das imparidades do BPN (1 ponto percentual) e a das empresas de transportes (Refer e Metros) no perímetro de consolidação do défice.
O défice, como já aqui muitas vezes referimos, é o que um homem, um Teixeira dos Santos, um INE, uma Europa, sei lá, quiserem, uma convenção contabilística, havendo melhores e piores, seguramente melhores do que as que hoje prevalecem como medida das necessidades de financiamento do Estado num determinado período.
Importante mesmo e mais próximo do que nos interessa de facto - a realidade - é a evolução da dívida pública - mais difícil de aldrabar. Aí as coisas são de facto sinistras. Como projectava o Bank of International Settlements há precisamente um ano atrás, facto de que demos conta na altura, a dívida pública veio mesmo a superar a fasquia dos 90% do PIB, situando-se nos 92,4%, quando de acordo com a meta mais recente do Governo, constante no
Procedimento de Défices Excessivos de 28 de Setembro de 2010, deveria ter-se ficado pelos 83,3%.
Uma brutal diferença de 9,1 pontos percentuais.
Só um tarado furioso poderia, depois disto, acreditar em qualquer projecção, meta, compromisso, palavra dada, deste desgoverno em decomposição. Nós, alguns portugueses, há muito que não lhe damos qualquer valor. É natural que o resto do mundo nos siga agora. Melhor: é impossível que não siga.