Da defunta União Soviética a UE parece ter herdado o gosto pelos alucinados
"planos quinquenais". Tal como os originais, são generosos nos objectivos e parcos nos resultados. Faltando-lhe os meios (e sejamos justos, o carácter) autoritário e os meios repressivos do original normalmente falham em convencer os indivíduos a obedecer às directivas emanadas de Bruxelas. Não admira que sejam apresentados com pompa e circunstância e posteriormente abandonados em segredo.
No seguimento da
"Estratégia de Lisboa" que prometia que em 2010 seriamos a "
economia mais competitiva e dinâmica baseada no conhecimento com mais e melhores empregos e mais coesão social" temos agora a "
Estratégia Europa 2020" que promete um "
crescimento sustentável, inteligente e inclusivo". Se não notaram os prometidos avanços da estratégia de 2010 não esperem melhoras com a de 2020.
Mas a história não fica por aqui. O
último plano pretende eliminar
todo o transporte movido a gasolina, gasóleo ou GPL das cidades entre 2030 e 2050. Este mirabolante plano inclui tanto automóveis privados como transportes colectivos. Mais uma vez os desideratos megalómanos: "
construir um sistema de transportes competitivo que aumente a mobilidade, remova as principais barreiras em áreas-chave e fomente o crescimento e o emprego". Não se percebe vai conseguir alcançar estes objectivos com como uma medida que vai diminuir enormemente a mobilidade, implicar a destruição de capital físico e a angariação de avultados recursos para a construção das novas infraestruturas. Ainda por cima baseado em tecnologias que, até agora e pese o elevado preço dos petróleo, apenas conseguem ser rentáveis à custa de subsídios e pouco eficientes e eficazes. Numa palavra, empobrecimento.
Mas estarei, provavelmente, a ser alarmista. O mais provável é que daqui a uns anitos este plano estruturante seja abandonado e esquecido numa qualquer gaveta. Entretanto gastaram-se uns milhões em consultora externa, propaganda e ajudas de custo. E já estaremos a discutir o novo plano que até 2030 promete torna-nos na economia mais avançada, abastada e socialmente justa do mundo. Isto apesar dos fracassos anteriores, é claro.