Quarta-feira, 02.03.11

Um Estado Canalha (cont)

O melhor é sermos todos funcionários públicos.


Baste que a Informação Empresarial Simplificada evidencie uma situação líquida negativa para que o Fisco avance com a reversão das dívidas, congelando património aos gestores.
O Fisco vai acelerar a reversão de dívidas fiscais de empresas para os directores, administradores e gerentes, chamando-os a pagar do seu bolso logo que chegue às Finanças a Informação Empresarial Simplificada (IES) entregue anualmente e dai resulte que a empresa está numa situação líquida negativaVia PC.

Um Estado decente eliminaria da ordem jurídica e fiscal a figura da reversão fiscal. Um Estado canalha faz isto. Um Estado decente perceberia que quem não paga ao fisco fá-lo pela mesma razão que não paga aos funcionários ou aos fornecedores, por incapacidade de gerar receita. Se a situação se prolongar a empresa acaba, por falência ou liquidação, e o Estado estaria em posição privilegiada para cobrar de forma prioritária o valor devido dentro do universo de activos da empresa, e apenas e só até ao limite destes. Um Estado canalha reverte a dívida para o património pessoal de quem ousou arriscar, empreender, e teve a infelicidade de falhar, arrastando a ruína da empresa para a vida familiar. O melhor, de facto, é sermos todos funcionários públicos. Ou "biznesmen", daqueles que nunca perdem, nunca arriscam, mas ganham fortunas das rendas que arrancam à economia.
publicado por Manuel Pinheiro às 01:11 | comentar | ver comentários (5) | partilhar

Grande Finale (106)

Człowiek z żelaza, Andrzej Wajda, 1981

publicado por Carlos Botelho às 00:00 | comentar | partilhar
Terça-feira, 01.03.11

Kenneth Rogoff

Amanhã vale a pena ler o Cinco Dias.
publicado por Jorge Costa às 23:48 | comentar | partilhar

Preocupantes números

Os números revelados pela APCT sobre a circulação paga da imprensa em Portugal, devem preocupar-nos a todos. Não pelo meu jornal, o Correio da Manhã, que bate novo recorde, ultrapassando os 44% do mercado dos diários, com 125.417 exemplares de média de circulação paga. O que assusta são, por exemplo, os números do histórico Diário de Notícias, que está a vender menos de 30 mil exemplares (29.374) em média, por dia.
publicado por Paulo Pinto Mascarenhas às 17:05 | comentar | partilhar

A ilusão lírica

Às vezes pergunto-me o que é que Aron diria dos últimos acontecimentos no mundo árabe, ele que viveu tão intensamente, como todos os franceses, a independência da Argélia. Não podemos saber, mas podemos saber o que disse sobre uma revolução que conhecemos bem: a nossa. Aqui fica.

"Eu saudara com alegria a revolução dos cravos mas, como o cenário revolucionário parecia desenrolar-se, denunciei o perigo de passar"do negro ao vermelho", do regresso "ao sabre e ao limpa-chaminés" [a aliança entre o exército e a ideologia revolucionária]. Sobrestimei o perigo da tomada do poder pelos comunistas, associados à esquerda do Movimento das Forças Armadas, e não fiz a peregrinação de Lisboa, ao invés de muitos intelectuais. (...) Nos meus artigos sobre Portugal, entre 1974 e 1976, defendi o Partido Socialista e multipliquei os avisos contra a derrapagem. (...) O Movimento das Forças Armadas quis fazer jogo duplo: reservar-se o poder supremo e organizar eleições livres. Os deputados, eleitos com a missão de redigir uma Constituição, reivindicaram a pouco e pouco a realidade do poder que os militares hesitavam em conceder-lhes. Uma tentativa, ou um arremedo de tentativa, de tomada do poder revolucionária, provavelmente manipulada por serviços secretos, abortou lamentavelmente e assinalou o fim da fase revolucionária. A ilusão lírica, desde há muito dissipada, não resistira à competição entre os militares e os civis, entre Álvaro Cunhal e Mário Soares, à inflação e às greves, à descolonização e ao regresso ao país de centenas de milhares de Portugueses de Angola e Moçambique. (...) Portugal, primeiro socialista segundo Mário Soares, depois moderado, deixou de figurar na primeira página dos jornais europeus. Ninguém se preocuparia com Cuba se Fidel Castro tivesse criado uma democracia representativa e pluralista, pró-ocidental."
Raymond Aron, Memórias, Lisboa, 2007 (ed. fr. 1983), pp. 513-515.
publicado por Pedro Picoito às 15:03 | comentar | ver comentários (7) | partilhar

Convite

publicado por Fernando Martins às 14:35 | comentar | partilhar

O que dirá o Presidente?

Cavaco não fala sobre o País antes da tomada de posse

Pois. Não parece mal. Mas espera-se que o novo Presidente fale sobre o estado a que chegámos no discurso de tomada de posse, já no próximo dia 9 de Março. E que fale sobretudo depois, nos próximos meses, que são decisivos para o nosso futuro. Espera-se que Cavaco fale com clareza. Nunca como hoje precisámos tanto de um Presidente exigente e verdadeiro. Para discursos mentirosos e hipócritas sobre uma falsa estabilidade, como se esta fosse um valor positivo quando caminhamos para o abismo, já basta José Sócrates e a sua corte de indefectíveis. Se aqueles que têm legitimidade democrática, a começar pelo Presidente eleito há poucas semanas, não estiverem à altura do cargo e nada fizerem, temo que a paz podre em que vivemos se possa transformar numa crise política e social muito mais profunda.
publicado por Paulo Marcelo às 13:16 | comentar | ver comentários (5) | partilhar

A América - do Norte - e Israel, numa galáxia distante

Fica a impressão que a opinião pública norte-americana (não confundir com a opinião publicada, estilo New York Times), é bastante independente e está consideravelmente imunizada face à campanha de deslegitimação de Israel, que prolifera, designadamente entre grupos extremistas muito activos nos campus universitários.

O Estado de Israel, por comparação com a Autoridade Palestiniana, merece o favor de 68% dos norte-americanos, em tendência crescente desde fiasco de Camp David e o 11 de Setembro, segundo a mais recente sondagem Gallup.

Clique em cima para aumentar.

Quando se trata de medir as simpatias no contexto do conflito entre as partes, o apoio a Israel está agora ao mais elevado nível desde a guerra do Golfo.

Clique em cima para aumentar.

Decididamente, a América, apesar do cometa Obama, e a Europa parecem, mas não vivem na mesma galáxia.
publicado por Jorge Costa às 11:58 | comentar | partilhar

Engenhoso



Ponhos os olhos neste visionário. Não sei como o governo português ainda não o foi buscar para dirigir o Novas Oportunidades. Seria (mais) um enorme sucesso estatistico para juntar ao cv deste governo.

(retirado do 5 Dias)
publicado por Miguel Noronha às 11:15 | comentar | partilhar

Ainda os “Deolinda”

Parece que a canção de protesto dos “Deolinda” já teve como resultado a proibição dos estágios não remunerados.

Cuidado com as leis que ignoram a natureza económica. Criar leis que obrigam os elefantes a voar ou os leões a serem vegetarianos não serve para grande coisa.

Não estou em condição de responder a estas perguntas mas o conhecimento da resposta é essencial para avaliar a bondade da medida. Aquela proibição vai traduzir-se numa redução dos estágios abrangidos por ela em 1%? Ou em 50%? Se praticamente os mesmos estágios continuarem a estar disponíveis, a medida justifica-se, mas se houver uma redução drástica dos estágios disponíveis, então será melhor recuar. Caso contrário, acabaremos com mais desemprego e mais dificuldade em sair dessa mesma situação, pelo entrave acrescido de acesso a um estágio.

Os empregos que existem podem ser destruídos por legislação voluntarista e este alerta nem é tanto dirigido a esta proposta, mas a outras que possam surgir. Desde o pico do emprego em 2008 a economia portuguesa já destruiu 280 mil empregos e, de acordo com o próprio governo, deverá haver nova destruição de emprego em 2011. Segundo o Banco de Portugal e a OCDE a destruição de emprego deverá mesmo prosseguir em 2012.

Recuperando o que já disse sobre o mercado de arrendamento no contexto da “geração Deolinda”, gostaria de salientar que se torna cada vez mais urgente a sua reanimação, porque nos próximos anos o crédito à habitação vai ser escassíssimo e caríssimo. Mesmo que o Estado português recorra à ajuda europeia e ao FMI, os bancos portugueses não têm nenhum mecanismo equivalente de financiamento e serão forçados a cortar na concessão de crédito. Pior ainda, com os apelos recentes ao aumento de capital dos bancos e com a dificuldade em os concretizar, o caminho terá que passar pela redução do crédito concedido.
publicado por Pedro Braz Teixeira às 10:53 | comentar | ver comentários (3) | partilhar

Duas polaroids do estado social português

O Rui Albuquerque oportunamente recupera um artigo de Vasco Pulido Valente (se não me engano) do início dos anos 90 ("Uma Casa Portuguesa"). A propósito do tema, recordei um post de 2004 do João Caetano Dias ("O Monstro das Bolachas")

A moral da história é a seguinte: se amanhã desaparecessem duzentos mil funcionários públicos, ninguém, excepto os próprios, daria por nada. Ou daria – daria porque pagava metade dos impostos.


ADENDA: Como escreve o David Levy, não sei como pudemos passar tantos anos sem um "Plano Nacional de Promoção da Bicicleta e Outros Modos de Transporte Suaves". Imprescindível.

ADENDA2: Já que refiro ambos neste post, aproveito para assinalar aqui os aniversários do Blasfémias e do Lisboa Tel-Aviv (este com um indesculpável atraso).

publicado por Miguel Noronha às 09:49 | comentar | partilhar

Da série "O sorriso do lobo"


"Há sempre muitos caminhos na área da educação."

Isabel Alçada



publicado por Nuno Lobo às 09:18 | comentar | ver comentários (1) | partilhar

Eunice Muñoz, Tennessee Williams, The Milk Train Doesn’t Stop Here Anymore

(Com Pedro Caeiro.)

publicado por Carlos Botelho às 00:57 | comentar | partilhar

Cachimbos

O Cachimbo de Magritte é um blogue de comentário político. Ocasionalmente, trata também de coisas sérias. Sabe que a realidade nem sempre é o que parece. Não tem uma ideologia e desconfia de ideologias. Prefere Burke à burqa e Aron aos arianos. Acredita que Portugal é uma teimosia viável e o 11 de Setembro uma vasta conspiração para Mário Soares aparecer na RTP. Não quer o poder, mas já está por tudo. Fuma-se devagar e, ao contrário do que diz o Estado, não provoca impotência.

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