A avaliação dos juízes portugueses pelo Conselho Superior de Magistratura em 2010 (notem, dos juízes portugueses, não dos membros da Berliner Philharmoniker, nem sequer da Banda da GNR) teve os seguintes resultados:
Este gráfico obrigou-me a rever a representação que fazia da justiça portuguesa. Muda tudo descobrir que 96,9% dos juízes portugueses brilham nas suas funções, merecendo as classificações de Bom, Bom com Distinção, ou Muito Bom; que uns inexpressivos 3% cumprem os seus deveres satisfatoriamente (mas sem particular mérito) e que há apenas 0,1% de ovelhas negras (todas a pastar em Aveiro, suponho).
Então e a abundantemente comentada, noticiada e experimentada putrescência do sistema judicial ?
Ponderadas as alternativas, vejo três hipóteses:
a) Não há um problema na justiça. Há sim uma falácia criada pelo Arquitecto Saraiva com a biógrafa Cabrita e propagandeada pelo Sol. Para revestirem de maior consistência o sonho mau que nos alimentam, têm-se focado exclusivamente na acção dos 0,1% ranhosos.
b) Infelizmente é tudo verdade e a nossa justiça é uma nódoa feia e gordurenta. Simplesmente, a culpa não é dos juízes mas — como diria o Dr. Sampaio com entusiasmo e ternura — de todos nós.
c) Infelizmente é tudo verdade e a nossa justiça é uma nódoa feia e gordurenta, não somos todos culpados (nem o Dr. Sampaio, neste particular) e a avaliação dos juízes é uma anedota corporativa.
Qual escolhem ?