Terça-feira, 31.01.12

Cachimbos de lá

Paul Helm, Retrato de William Walton, 2008.
publicado por Pedro Picoito às 17:51 | comentar | partilhar

Discurso de Helmut Schmidt (III)

«Se nós alemães nos deixássemos seduzir, baseados no nosso poder económico, por reivindicar um papel político dirigente na Europa ou pelo menos desempenhar o papel de primus inter pares, então um número cada vez maior dos nossos vizinhos resistiria eficazmente. A preocupação da periferia europeia com um centro da Europa demasiado forte regressaria rapidamente. As consequências prováveis de uma tal evolução seriam atrofiadoras para a UE. E a Alemanha cairia no isolamento.(...) A nossa posição geopolítica central, mais o papel infeliz no decorrer da história europeia até meados do século XX, mais a nossa capacidade produtiva atual, tudo isto exige de todos os governos alemães uma grande dose de compreensão dos interesses dos nossos parceiros na EU. E a nossa prestabilidade é indispensável. Nós, alemães, também não conseguimos sozinhos a grande reconstrução e capacidade de produção nos últimos 6 decénios. Elas não teriam sido possíveis sem a ajuda das potências vencedoras ocidentais, sem a nossa inclusão na comunidade europeia e na aliança atlântica, sem a ajuda dos nossos vizinhos, sem a mudança política na Europa de leste e sem o fim da ditadura comunista. Nós, alemães, temos razões para estarmos gratos. E simultaneamente temos a obrigação de nos mostramos dignos da solidariedade através da solidariedade com os nossos vizinhos»

 

[Discurso de Helmut Schmidt no Congresso do SPD, 4 Dezembro 2011, Berlim]

publicado por Paulo Marcelo às 16:48 | comentar | ver comentários (2) | partilhar

Irão conseguir?

Fonte: World Nuclear Association 

 

Este gráfico representa a curva de esforço para o enriquecimento de urânio (U235) por unidade de produto (SWU), em função do respectivo uso. Conclusão: o esforço necessário para o enriquecimento do urânio não é linear. Isto é, a taxa de esforço vai diminuindo à medida que a massa processada também diminui (para efeitos militares a massa processada é muito inferior à necessária para efeitos de produção de energia eléctrica).

O Irão anunciou recentemente que tinha começado o processo de enriquecimento para níveis intermédios nas instalações de Fordo, perto da cidade santa de Qom. Posteriormente, a IAEA confirmou que o Irão estava a fazer enriquecimento a 20% (usado para efeitos médicos), o que encurta bastante o caminho de esforço até aos 90%, o necessário para efeitos militares. Da leitura deste gráfico decorre a actual histeria com o Irão potência nuclear. Mas, se o gráfico não é linear, porque é que a leitura política e militar tem de o ser?

 

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publicado por Victor Tavares Morais às 13:04 | comentar | ver comentários (8) | partilhar
Segunda-feira, 30.01.12

Catedral da Luz

 

Novo blogue encarnado. Gente de diversos quadrantes unidos pelo Benfica. 

publicado por Nuno Gouveia às 23:11 | partilhar

Cavaco não está com a vida fácil

A Cavaco Silva nada tem corrido bem. Depois do erro crasso que cometeu há duas semanas, nestes últimos dias foram publicadas na imprensa noticias prejudiciais para a sua imagem. Porque não acredito que a estratégia do Presidente da República seja a de mandar recados para o governo pela imprensa, muito menos por supostos cavaquistas "anónimos", só posso pensar que alguém está a utilizar o seu nome em vão. A nota explicativa da Casa Civil emitida hoje procura colocar fim à especulação, mas não sei se chega. A Presidência da República não pode ser uma força de bloqueio deste governo. Ainda para mais nestes tempos dramáticos em que vivemos. Em relação aos ditos anónimos, só há uma palavra: sejam "homenzinhos" e assumam em público as críticas que fazem. 

publicado por Nuno Gouveia às 22:56 | partilhar

O bem comum

As declarações do próprio são confusas e contraditórias. A notícia sobre José Lello diz que o dinheiro não declarado resulta do produto da venda de uma quinta que a mulher terá recebido em herança. Diz-nos depois o Senhor Deputado que o consultor lá do parlamento lhe disse, mas só em 2009, que tinha que declarar essa verba, pois estava casado em comunhão de adquiridos. Ora, os bens recebidos em herança não integram o património comum de quem está casado no regime da comunhão de adquiridos. Por isso, das duas uma: ou o consultor o enganou ou a razão da omissão/declaração não teve nada a ver com isso. Apure-se, pois se o bem é comum. Para bem de todos.

publicado por Filipe Anacoreta Correia às 18:34 | comentar | ver comentários (9) | partilhar

Pedro Cabrita Reis na Tate Modern

 
[States of Flux, Pedro Cabrita Reis, Tate Modern, Londres]
 

Em tempos de depressão colectiva, em que tendemos a carregar ainda mais a crise e o diagnóstico pesado e negro que fazemos sobre nós próprios e sobre o nosso País, fiquei contente ao ver ontem, na londrina Tate Modern, esta escultura do português Pedro Cabrita Reis. Com grande destaque, diga-se, ocupando grande parte da sala 12 do 5.º piso, a par de outros grandes nomes que integram a colecção permanente do museu de arte moderna e contemporânea das margens do Tamisa. Não comento mas aqui fica o registo visual do telemóvel.

publicado por Paulo Marcelo às 16:20 | comentar | ver comentários (5) | partilhar

Sabem quando escrevemos sobre outros para afinal descobrirmos que escrevemos sobre nós próprios? Pois aqui fica um retrato de Miguel Sousa Tavares.

«No último mês de Dezembro, Miguel Sousa Tavares publicou um artigo laudatório do antigo Primeiro-Ministro José Sócrates, com o título O Fantasma de Paris,  que tem sido replicado em vários blogues socratistas. Raras vezes vi um artigo com tantos erros factuais. Só na primeira metade do artigo, temos isto:

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 (...) José Sócrates começou a governar em 2004, recebendo um país com défice de 6,2% (...)
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Começou a governar em Março de 2005 e recebeu um défice de 3,4%.
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(...) após dois governos PSD/CDS, numa altura em que não havia crise alguma nem problema algum na economia e nos mercados. (...)
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Portugal esteve em recessão em 2003, e o crescimento do PIB vinha em queda desde 1998.
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 (...) Manuela Ferreira Leite e Bagão Félix, foram pioneiros na descoberta de truques de engenharia orçamental para encobrir a verdadeira dimensão das coisas: despesas para o ano seguinte e receitas antecipadas (...)
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A antecipação de receitas foi prática corrente dos governos de Guterres – a começar pelo Pagamento Especial por Conta. A principal alínea de desorçamentação – as SCUTS – despesas atiradas para o futuro, foi também uma invenção dos governos de Guterres.»

 

O resto estáneste post de JCD.

publicado por Maria João Marques às 14:00 | comentar | ver comentários (3) | partilhar

Discurso de Helmut Schmidt em Berlim (II)

«(...) Não está suficientemente claro para nós alemães que provavelmente entre quase todos os nossos vizinhos, ainda por muitas gerações, se mantém uma desconfiança contra os alemães. Também as gerações alemãs posteriores têm de viver com este peso histórico. E as atuais não devem esquecer: foi a desconfiança com um futuro desenvolvimento da Alemanha que justificou o início da integração europeia em 1950. (...) Quanto mais, durante os anos 60, 70 e 80, a então República Federal ganhava em peso económico, militar e político, mais a integração europeia se tornava aos olhos dos governantes europeus o seguro contra a de novo possível tentação de poder alemã. A resistência inicial de Tatcher ou de Miterrand ou de Andreotti em 1989/90 contra a unificação dos dois estados alemães do pós-guerra estava claramente fundada na preocupação de uma Alemanha poderosa no centro deste pequeno continente europeu. (...)»

 

[Discurso de Helmut Schmidt no Congresso do SPD, 4 Dezembro 2011, Berlim]

publicado por Paulo Marcelo às 11:02 | comentar | ver comentários (1) | partilhar
Domingo, 29.01.12

Crónicas da Renascença: Inshallah

 

Um ano depois, é tempo de fazer o balanço provisório da Primavera Árabe. No Egipto e na Tunísia, que lideraram a vaga revolucionária, caíram oligarquias corruptas e houve eleições livres, mas foram os partidos islamistas que as ganharam. Em Marrocos e na Arábia Saudita, vimos reformas constitucionais mínimas, mas o poder mantém-se firmemente nas mãos das dinastias reinantes. No Iémen, o ditador Saleh abdicou, mas o regime não dá mostras de abertura. Na Líbia, os revoltosos lincharam Kadhafi depois de uma guerra civil em que foram apoiados por Paris e Londres, mas já fizeram saber que a futura Constituição se vai inspirar na sharia. Na Síria e no Bahrain, os protestos continuam a ser afogados em sangue, embora os déspotas acossados tenham prometido eleições.

As boas notícias são que a Geração Facebook conseguiu uma vitória histórica: a de impor ao mundo árabe um princípio de legitimidade que não vem da vontade divina, da sucessão dinástica ou da força das armas, mas do voto popular. Seria ingénuo acreditarmos que isto é já a democracia, mas é uma mudança tão grande como a queda do Muro de Berlim. Mesmo que o Islão político, durante décadas reprimido no Magrebe e no Médio Oriente, se tenha adaptado melhor ao dominó democrático do que os movimentos seculares, a verdade é que se adaptou. Mesmo que a sua conversão ao pluralismo não seja inteiramente sincera, o seu modelo é agora a Turquia de Erdogan e não o Irão de Khomeini.

Nada nos garante que o regresso à tirania, sob a lei do Corão e não dos coronéis, esteja de todo afastado. Um teste decisivo será o respeito pelos direitos das mulheres, dos cristãos e de Israel, terreníssima trindade que pode revolucionar as sociedades árabes. Inshallah - assim Alá o permita.

publicado por Pedro Picoito às 09:13editado por Paulo Marcelo em 30/01/2012 às 10:44 | comentar | ver comentários (20) | partilhar
Sábado, 28.01.12

Os Piratas das Canavilhas

 

A Deputada Gabriela Canavilhas é a primeira subscritora de um projecto de lei que pretende regular a cópia privada. A proposta que está em cima da mesa prevê que qualquer consumidor tenha de pagar um valor adicional sempre que adquirir um equipamento que contenha memória e permita copiar conteúdos. Mesmo aqueles que utilizam os equipamentos para guardar conteúdos próprios ou para adquirir conteúdos com um preço que inclui já o direito de autor terão de pagar a referida taxa, presumindo a proposta que há um pirata em cada português. O valor das taxas reverte para uma obscuras entidades de gestão colectiva que ficam encarregues de o distribuir, sem qualquer transparência, por autores e titulares de direitos conexos.

A lei como está proposta induz os consumidores a praticarem actos que os autores consideram pirataria. Andamos há anos a ser massacrados com videos como este, que acusam de piratas todos os que efectuam os downloads da internet mas agora é a lei a induzir à prática da pirataria, uma vez que obviamente que todos os que pagam as taxas se consideram autorizados moralmente a efectuar os downloads que entenderem através de tais equipamentos.

Das duas uma, ou os autores e titulares de direitos conexos continuam a defender que devem ter um direito exclusivo sobre a obra que passa inclusive considerar pirata os downloads da internet, ou aceitam que têm apenas um direito remuneratório não podendo proibir a partilha de ficheiros.

Se aceitarem que apenas têm um direito remuneratório podemos pensar em soluções que possam passar pela taxação dos equipamentos que permitam transfeir e copiar conteúdos, desde que salvaguardadas as situações em que os consumidores não utilizem tais equipamentos para efectuar cópia de obras protegidas. Se ao invés persistem em considerar piratas os que efectuam downloads das suas obras na internet, então agradecemos que não pretendam ganhar a vida à conta dos que consideram piratas. Aliás, já não sei quem é será mais pirata.

 

publicado por Pedro Pestana Bastos às 22:53 | comentar | ver comentários (13) | partilhar

Fim do euro (9) Votação do nome da nova moeda

A partir de hoje e até 2ª feira, 27 de Fevereiro, está aberta aqui no blog a votação do nome da nova moeda portuguesa. Cada leitor só pode votar uma vez. As hipóteses são apresentadas por ordem alfabética e são designações históricas de moedas portuguesas (não necessariamente a base do sistema monetário), com a excepção de “luso”, uma ideia vinda de várias fontes. A nova moeda não vai poder chamar-se “escudo”, porque isso criaria um pesadelo legal (o paraíso da chico-espertice) de potenciais confusões com uma moeda que ainda há pouco tempo era usada. Conto com a colaboração dos leitores para salientarem as vantagens e desvantagens das diferentes designações e também de nomes alternativos. Podem dar largas ao “engraçadismo”, para usar a expressão do Pacheco Pereira, que terá o destino que merecer.

publicado por Pedro Braz Teixeira às 19:43editado por Paulo Marcelo em 30/01/2012 às 10:42 | comentar | ver comentários (18) | partilhar

Fim do euro (8) Ainda a falência do BCE

Nos comentários ao post anterior o Nuno Teles sugeriu que se tomasse em consideração não os capitais próprios do BCE, mas de todo o Eurosistema. Não concordo e tenho a certeza que pelo menos um dos membros do Eurosistema, o Bundesbank, estará radicalmente contra uma tal leitura.

 

O Bundesbank tem-se oposto sempre às compras de dívida soberana pelo BCE e isto já conduziu à demissão de Jürgen Stark, representante do banco alemão no BCE. O Bundesbank opôs-se a que o BCE tomasse risco dessas compras, mas o risco seria sempre do BCE. Se o Bundesbank estivesse a assumir explicitamente risco associado a estas compras tinha-as pura e simplesmente vetado.

 

Mas é óbvio que, como maior accionista do BCE, o Bundesbank tem estado a assumir implicitamente este risco. O dia em que o risco passar de implícito para explícito não vai ser nada bonito. Neste momento os alemães já são os mais poderosos em termos económicos, mas a partir daí vão ganhar outro poder: a autoridade moral. Não custa nada imaginar os alemães a quererem assumir o controlo muito mais explícito de tudo no BCE, como já o estão a tentar fazer no lado orçamental. Para além de que a fúria que isso vai criar no eleitorado alemão não vai ajudar em nada a construir soluções para a sobrevivência do euro.

 

De acordo com esta notícia, que indica que a Grécia planeia uma saída ordeira do euro, aquele dia pode não estar longe. No dia em que a Grécia sair do euro já não vai ser possível esconder mais nada. As perdas do BCE com a Grécia não só terão que ser assumidas, como virão agravadas com o facto de, quase de certeza absoluta, a dívida grega passar a ser denominada em dracmas, uma moeda que deverá sofrer uma depreciação brutal face ao euro.

 

A falência técnica do BCE terá que ser tornada pública então. Mas o problema não é, em primeira aproximação, económico. As perdas de 30 mil milhões de euros que o BCE sofreu (provavelmente avaliando a dívida aos preços de mercado) significam apenas 0,3% do PIB da zona do euro, pelo que não há nada de dramático nesta vertente. Não haverá a mais leve dificuldade em repor a solvência do BCE.

 

O problema principal é de outra natureza, política e simbólica. O BCE cometeu erros de tal magnitude que a saída (que jamais aconteceria) de um país minúsculo (representando apenas 2% do PIB da zona do euro) o colocou em situação de falência técnica. Do ponto de vista simbólico isto é catastrófico.

 

Quem é que ainda poderá acreditar que as pessoas que conduziram o BCE a esta situação são capazes de salvar o euro? Aqui é que entram de novo as questões económicas. A queda abrupta de confiança no euro deverá explodir a expectativa de desagregação da moeda europeia, levar a uma escalada de taxas de juro de longo prazo e o BCE já não poderá fazer nada para a conter porque, como é óbvio, vai ficar proibido de aplicar o instrumento que o conduziu à falência técnica.

 

O FEEF poderá substituir o BCE nessas compras, como deveria tê-lo feito muito antes, permitindo ganhar algum tempo (meses? semanas?). Este episódio não será ainda o final do euro, mas estaremos muito próximo do fim. 

publicado por Pedro Braz Teixeira às 18:43 | comentar | ver comentários (4) | partilhar
Sexta-feira, 27.01.12

Grande Finale (160)

 

Shoah, Claude Lanzmann, 1985

publicado por Carlos Botelho às 23:59 | comentar | partilhar

Fim do euro (7) O BCE já está falido

No post anterior desta série defendi que era um exagero que Portugal provocasse o fim do euro, porque neste momento só havia 120 mil milhões de dívida pública portuguesa no mercado, muito menos do que os 750 mil milhões de fundos europeus que deverão estar disponíveis dentro de pouco tempo.

 

Esqueci-me de referir que o próprio BCE já comprou uma quantidade significativa de dívida soberana portuguesa. De acordo com um estudo do Barclays, o BCE já terá comprado cerca de 20 mil milhões de euros desta dívida, o que significa que já só restam no mercado cerca de 100 mil milhões. Também neste caso é provável que o BCE continue a comprar dívida portuguesa ao longo do ano, diminuindo ainda mais o que sobra para comprar num caso de aflição.

 

A propósito, este estudo do Barclays também estima que o BCE esteja a perder cerca de 30 mil milhões de euros com o total de compras (213 mil milhões) que já fez de dívida soberana dos países em dificuldades, quase tudo por causa da Grécia (entre 20 a 25 mil milhões). Isto ajuda imenso a explicar a relutância do BCE em assumir as perdas em relação a este país nas negociações em curso. É que o BCE tem de capitais próprios apenas 10 mil milhões de euros. Ou seja, se assumisse as perdas com a dívida grega ficava todo o mundo a saber que o BCE está falido, o que não é a melhor das notícias que um banco central pode dar.

 

As consequências dessa notícia seriam infindáveis: uma profunda perda de confiança no euro e uma forte depreciação; o fortalecer da ideia do fim iminente do euro; a proibição de qualquer compra futura pelo BCE de mais qualquer dívida pública; a necessidade de injectar doses maciças de capital no BCE, provocando a ira de inúmeros eleitorados, porque têm que pagar uma conta que sempre lhes disseram que nunca existiria.

 

Já tinha explicado aqui alguns detalhes sobre a falência do BCE e uma forma alternativa de intervenção, que teria evitado esta mesma falência. Parece que emprestar directamente aos Estados viola os Tratados. E levar o BCE à falência não viola os Tratados? Nem viola o bom senso?

 

Para além de tudo isto, a verdade é que o BCE já está tecnicamente falido. Só não foi é ainda declarado oficialmente falido, ou insolvente, um termo mais técnico e rigoroso, mas que esconde uma realidade dramática. 

publicado por Pedro Braz Teixeira às 15:17 | comentar | ver comentários (4) | partilhar

Portugal e a inovação

Continuo a pensar que estamos num lugar imerecidamente baixo no ranking da inovação. A novela da avaliação às PPP, que não ata nem desata, é uma prova disso. Se há algo, sem análises muito profundas de consultores, que é facilmente observável é a qualidade da blindagem jurídica associada aos contratos do Estado com os Privados, em desfavor do primeiro. É que, o “capitalismo camarada” e o “socialismo de Estado” sempre privilegiaram a inovação jurídica e legislativa, à inovação tecnológica e de processos, mas, infelizmente, este tipo de inovação não é devidamente apreciada para efeitos do ranking.

publicado por Victor Tavares Morais às 13:21 | comentar | ver comentários (2) | partilhar
Quinta-feira, 26.01.12

A retórica está gasta

A criatividade dos speechwriters de Barack Obama já teve melhores dias. Aqui fica uma compilação feita pelo RNC sobre o discurso desta última terça-feira. (via Insurgente)

publicado por Nuno Gouveia às 23:53 | partilhar

Fim do euro (6) Um exagero

No Jornal de Negócios de ontem Matthew Lynn, presidente executivo da Strategy Economics, afirma: "Esqueçam a Grécia. É Portugal que vai destruir o euro".

 

“A única coisa que poderia evitar o incumprimento seria uma ampla ajuda financeira por parte do resto da Zona Euro. Isso estabilizaria a dívida e daria à economia uma hipótese de crescer. Mas isso não vai acontecer – por isso, o ‘default’ é a única opção. É apenas uma questão de tempo”.

 

Se, como este investidor antevê – e bem –, a queda de Portugal a seguir à da Grécia implicaria a implosão do euro, então há todas as razões para supor que os líderes europeus fariam tudo e mais um par de botas para impedir a queda de Portugal. Será que isso é possível?

 

Segundo o IGCP, no final de 2011, a dívida directa do Estado elevava-se a 174,9 mil milhões de euros. Deste total, 35,9 mil milhões já eram fornecidos pelo Programa de Assistência Financeira (PAF). Descontando outra dívida não cotada (sobretudo Certificados de Aforro), já “só” havia 120 mil milhões de euros de dívida pública portuguesa nos mercados financeiros. À medida que formos avançando no ano assistiremos ao aumento do montante fornecido pelo PAF e diminuição dos montantes de dívida soberana portuguesa cotada nos mercados.

 

O Mecanismo Europeu de Estabilidade (ESM), cuja actividade se iniciará a 1 de Julho, com a capacidade de mobilizar 500 mil milhões de fundos, poderá herdar os 250 mil milhões do actual Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF), havendo já sinais de alguma abertura alemã para isso.

 

Ou seja, neste momento estão disponíveis 250 mil milhões de euros de recursos europeus, que aumentarão para 500 mil milhões em Julho e poderão mesmo crescer para 750 mil milhões nessa data. Isto significa que existem amplos recursos para comprar toda a dívida pública portuguesa que está actualmente no mercado. Já o mesmo não se pode dizer se houver subidas das taxas de juro não só em Portugal, como também em Espanha e Itália.

 

Portugal pode ser salvo, mas a Itália não (é demasiado grande), por isso insisto que é a Itália que vai levar a algum tipo de desagregação do euro, e não Portugal. A não ser que os líderes europeus tenham enlouquecido de vez, o que também não é uma hipótese a descartar. 

publicado por Pedro Braz Teixeira às 12:37 | comentar | ver comentários (6) | partilhar

Luísa Sobral


 

O Teatro Virgínia em Torres Novas encheu-se para ouvir a Luísa Sobral no passado sábado. Um ambiente fantástico muito devido a uma intervenção de bom gosto num teatro antigo que não cheira a mofo mas, sobretudo, por «culpa» de uma agenda cultural bem feita que organiza em torno daquele «pequeno lugar» uma vida social e artística permanente que faz inveja a muitas cidades grandes.  O que aconteceu naquele espectáculo não foi apenas uma rapariga moderna, premiada no estrangeiro,  a cantar jazz. Foi um happening artístico memorável:  fado e tango, música, imagem e representação.  A Luísa Sobral tocou numa sala de estar, com ventoinhas, figuras de papel, sombras,  uma caixa de música comprada no ebay, xilofone, piano, bateria, contrabaixo e desenhos infantis.  Arriscou coisas novas, espontâneas, maduras. Faltou o som da guitarra, nem se importou.  Disse-nos logo que ia sem rede e sem medo de cair. E não caiu. Vale a pena ir a Torres Novas, onde os bilhetes são baratos e pagam as portagens e a gasolina e onde existem raparigas espertas a cantar jazz.

 

publicado por Ricardo Roque Martins às 12:00 | comentar | ver comentários (3) | partilhar

Ainda o registo de interesses e a transparência

Caro Rodrigo,

Percebo o teu ponto, se bem que estou em total desacordo com ele. Creio que um dos maiores problemas do nosso regime é a falta de transparência. E embora digas que não é isso que estás a discutir é precisamente isso que, em minha opinião, está em questão.

Não tenho nada contra quem tem interesses. Mas creio que é essencial que esses interesses sejam declarados. Mesmo nas sociedades liberais onde o lobby é assumido como uma coisa saudável, o lobby é sempre declarado, registado enquanto tal. Não há nada pior do que fingir, fazer de conta, que não se tem interesses pessoais numa determinada discussão, quando se tem tantos. Quem não deve não teme e se o empenho ao lado de determinados interesses é fundado em razões e convicções, o facto de se confessarem e registarem os interesses não retirará força nenhuma a essas razões que fundam o empenho pessoal e as conviccções. O pior é quando nada disso está sobre a mesa, mas apenas, pertenças e cumplicidades, confusão entre o interesse pessoal ou tribal e o serviço público. E é isso que transparece tantas vezes e que transpareceu também no caso da Maçonaria. Não percebo, pois, que se possa tornar uma defesa da transparência numa apologia do desinteresse.

 

publicado por Filipe Anacoreta Correia às 11:32 | comentar | partilhar

Cachimbos

O Cachimbo de Magritte é um blogue de comentário político. Ocasionalmente, trata também de coisas sérias. Sabe que a realidade nem sempre é o que parece. Não tem uma ideologia e desconfia de ideologias. Prefere Burke à burqa e Aron aos arianos. Acredita que Portugal é uma teimosia viável e o 11 de Setembro uma vasta conspiração para Mário Soares aparecer na RTP. Não quer o poder, mas já está por tudo. Fuma-se devagar e, ao contrário do que diz o Estado, não provoca impotência.

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