Sábado, 31.03.12

Pergunta lancinante do dia

E agora, depois do seu comportamento "irresponsável", que vão fazer ao deputado Ribeiro Castro? Fuzilá-lo?...

 

Impossível. Indivíduos desprovidos de cabeça são incapazes de fazer pontaria.

publicado por Carlos Botelho às 23:31 | comentar | ver comentários (1) | partilhar

Via com algum Verde(te)

A CGD não deixa de surpreender, depois da proposta de Teixeira dos Santos para a administração da PT, surge agora envolvida neste sindicato bancário da OPA à Brisa. Mais uma vez, o dinheiro da banca segue por "via rodoviária", o importante é que haja um campeão nacional e não um estrangeiro, e num tempo de desemprego elevado acarinhemos aquela empresa que tanto posto de trabalho criou por esse país fora. Antecipo já a lógica utilitarista dos advogados da causa (uma lógica sem cor política): é um grupo português; é uma empresa que está muito barata; financeiramente é muito bom para a CGD, etc. Já vamos conhecendo a lógica, bem como as suas personagens.

Ficamos esclarecidos, mais uma vez, a banca e os grandes grupos seguem pela via verde, o resto da economia pode esperar.
publicado por Victor Tavares Morais às 18:12 | comentar | ver comentários (1) | partilhar

Bana: o Sinatra crioulo celebra 80 anos

Hoje à noite no Coliseu dos Recreios em Lisboa celebra-se o 80º aniversário do rei da morna.
publicado por Victor Tavares Morais às 16:02 | comentar | partilhar

In the 90's (LIV)

publicado por Nuno Gouveia às 15:42 | comentar | partilhar
Sexta-feira, 30.03.12

Uma boa notícia para Lisboa

Processo de uniformização das esplanadas da Baixa de Lisboa arranca no domingo.

 

Desta vez o vereador Sá Fernandes acertou. Estamos fartos de cadeirinhas pindéricas com plástico de má qualidade e de guarda-sóis da Sumol, Olá e Coca-cola e quejandos. Abaixo a poluição visual e os shopings ao ar livre. Os lisboetas têm direito a um espaço público confortável e de qualidade para vir para a rua, usar quiosques e esplanadas, aproveitar o sol e a luz magníficos desta cidade.    

publicado por Paulo Marcelo às 17:46 | comentar | ver comentários (3) | partilhar

O que disse Bento XVI em Cuba

 

 

 

Um dos temas preferidos deste Papa é a relação entre verdade e liberdade. Na passada 4.ª feira, em plena Praça da Revolução, em Havana, Ratzinger voltou ao tema explicando como procurar a verdade supõe sempre um exercício de uma liberdade autêntica. Palavras fortes numa ilha onde o regime comunista continua a limitar o exercício das liberdades mais básicas. Não sei se o camarada Fidel Castro ouviu bem, mas aqui ficam as palavras de que mais gostei: 

 

«A verdade é um anseio do ser humano, e procurá-la supõe sempre um exercício de liberdade autêntica. Muitos, todavia, preferem os atalhos e procuram evitar essa tarefa. Alguns, como Pôncio Pilatos, ironizam sobre a possibilidade de conhecer a verdade (cf. Jo 18, 38), proclamando a incapacidade do homem de alcançá-la ou negando que exista uma verdade para todos. Esta atitude, como no caso do ceticismo e do relativismo, produz uma transformação no coração, tornando as pessoas frias, vacilantes, distantes dos demais e fechadas em si mesmas. São pessoas que lavam as mãos, como o governador romano, e deixam correr o rio da história sem se comprometer.

Entretanto há outros que interpretam mal esta busca da verdade, levando-os à irracionalidade e ao fanatismo, pelo que se fecham na «sua verdade» e tentam impô-la aos outros. (...) Além disso, a verdade sobre o homem é um pressuposto imprescindível para alcançar a liberdade, porque nela descobrimos os fundamentos duma ética com que todos se podem confrontar, e que contém formulações claras e precisas sobre a vida e a morte, os deveres e direitos, o matrimônio, a família e a sociedade, enfim sobre a dignidade inviolável do ser humano. É este patrimônio ético que pode aproximar todas as culturas, povos e religiões, as autoridades e os cidadãos, os cidadãos entre si, os crentes em Cristo com aqueles que não crêem n’Ele.

Ao ressaltar os valores que sustentam a ética, o cristianismo não impõe mas propõe o convite de Cristo para conhecer a verdade que nos torna livres. O fiel é chamado a dirigir este convite aos seus contemporâneos, como fez o Senhor, mesmo perante o sombrio presságio da rejeição e da Cruz. O encontro pessoal com Aquele que é a verdade em pessoa impele-nos a partilhar este tesouro com os outros, especialmente através do testemunho.»

 

[Homilia de Bento XVI - Havana, Praça da Revolução José Martí, 28.03.2012]

publicado por Paulo Marcelo às 11:29 | comentar | ver comentários (3) | partilhar
Quinta-feira, 29.03.12

Ideologia, disse ela (4)

Continuemos, pois. A Ana Matos Pires acusa-me também de não referir "um único estudo (...) sobre o efeito do número de parceiros dos progenitores sobre o desenvolvimento das crianças".
Eis um bom exemplo do que chamo ideologia. É verdade que não refiro estudos sobre a relação entre uma coisa e outra. Nem sei se existem. Aliás, parece-me uma evidência do senso comum, comprovada por quem conheça casos da vida real, que a adaptação de uma criança ao(s) novo(s) parceiro(s) da mãe ou do pai nem sempre é fácil. Não vejo por que razão o facto de o(s) novo(s) parceiro(s) ser(em) LGBT a tornaria menos difícil. Mas o que referi, e abundantemente, foram estudos que provam a maior instabilidade das relações homossexuais comparativamente às hetero. Alguns autores relacionam essa variável com a promiscuidade (o tal "número de parceiros"), uma conclusão que não será assim a modos que inesperada.
Ora, a instabilidade da família de acolhimento é um dos maiores factores de risco para o desenvolvimento das crianças adoptadas, como a literatura científica mostra com meridiana clareza (ver, por exemplo, Rae Newton et al., "Children and youth in foster care. Disentangling the relationship between problem behaviors and number of placements", in Child Abuse and Neglect, 2000, 24, 10, pp. 1363-1374). Iludir a relação entre estes vários elementos, porque nenhum estudo a faz, é descoversar. Imaginemos que um estudo da precipitação média no Egipto conclui que o clima egípcio é seco. Imaginemos que outro estudo da precipitação média na Escócia conclui que o clima escocês é húmido. Segundo a Ana Matos Pires, nada nos autoriza a dizer que o clima egípcio é mais seco que o escocês ou o escocês mais húmido que o egípcio - a menos que um terceiro estudo os compare directamente. Até pode ser muito científico, mas de nada serve a quem queira viajar do Cairo para Edimburgo, ou vice-versa, e pergunte se deve levar um guarda-chuva.
Seguem-se os dados sobre violência doméstica. Ao que parece, os que retirei de "um livro sem peer review" não têm validade científica (embora Pedro Morgado, num comentário aqui no Cachimbo citado pela Ana Matos Pires, diga que podem ser objecto de debate público - o que relativiza um pouco o monopólio das revistas científicas na matéria, acrescento). Como já disse sobre datas de publicação, e sem prejuízo da praxe disciplinar das ciências médicas ou da psicologia, em ciência o que refuta os dados são os dados posteriores que os corrigem ou contraditam - não é necessariamente o suporte em que se publicam. Resumir a credibilidade científica às revistas com peer review é marginalizar a investigação que segue outras vias (livros, teses, artigos de divulgação de qualidade). E revela alguma estreiteza de vistas. Ou a vontade de encerrar a questão na academia. Quanto ao artigo sobre a violência entre lésbicas, reconheço que o abstract parece contrariar os dados que citei. Como nem a Ana Matos Pires nem a revisora põem em causa esses dados, anoto que há uma contradição entre o abstract e o conteúdo do artigo. Uma contradição que a Ana não explica. 
Já agora, nunca disse que a violência doméstica, ou outro comportamento, depende da orientação sexual. Disse, isso sim, que a homossexualidade está ligada a uma cultura em que certos comportamentos são maioritários. Nem todos os homossexuais os terão e nada impede que essa cultura mude. (cont.) 
publicado por Pedro Picoito às 17:16 | comentar | ver comentários (9) | partilhar

Convite

publicado por Pedro Picoito às 13:26 | comentar | partilhar

O que diz de nós lá fora o Ministro das Finanças

Vítor Gaspar é uma das peças chave deste Governo. Diria mesmo que é uma das melhores supresas juntamente com Passos Coelho. O prestígio do nosso homem das Finanças tem-se revelado essencial para convencer não só a Troika de que estamos a fazer o que nos compete, como os Mercados - essa entidade abstracta mas com rostos concretos - de que a nossa economia tem futuro e que não estamos condenados a reestruturar a dívida. É importante por isso conhecer o que Gaspar andou a dizer lá fora sobre a nossa economia e as reformas que andamos a fazer. Esta foi a apresentação feita em Washington, no dia 19 deste mês, que vale a pena ler, apesar do tom auto-laudatório e optimista (não poderia ser outro, diga-se). Destaca-se a descida do défice externo português a uma velocidade superior ao esperado, que é uma excelente notícia. Pelos vistos a narrativa tem sido eficaz, a avaliar pela descida das taxas de juro no mercado secundário nos últimos dias. Já se vê uma luz ao fundo do túnel. Façamos todos figas para que o segundo semestre deste ano não deite tudo a perder, com uma recessão e um défice orçamental superiores ao esperado.

publicado por Paulo Marcelo às 10:42 | comentar | ver comentários (2) | partilhar
Quarta-feira, 28.03.12

O canto do homem novo (There we go again...)

Foi surpreendente escutar hoje, no Forum tsf sobre as alterações às leis laborais, Pedro Martins, Secretário de Estado do Emprego. (Apreciar aqui, na 1ª parte, a partir do 01:50.) Tem-se a sensação de, como que metida uma moedinha na ranhura, o homem desatar mecanicamente e sem cessar numa matraqueada de rajadas dogmáticas. Qualquer observação, qualquer questão, qualquer dúvida que seja faz de imediato ricochete na blindagem catequética do Secretário. É uma espécie de Arménio Carlos ao contrário.

 

 Parece que os amanhãs cantarão sempre - com outra letra, com outra melodia, mas cantarão.

publicado por Carlos Botelho às 23:45 | comentar | ver comentários (2) | partilhar

O evangelismo verde a cair em desgraça

What is happening to global temperatures in reality? The answer is: almost nothing for more than 10 years. Monthly values of the global temperature anomaly of the lower atmosphere, compiled at the University of Alabama from NASA satellite data, can be found at the website http://www.drroyspencer.com/latest-global-temperatures/. The latest (February 2012) monthly global temperature anomaly for the lower atmosphere was minus 0.12 degrees Celsius, slightly less than the average since the satellite record of temperatures began in 1979. 

 

Ler artigo completo de William Happer no WSJ

 

Sobre um tema relacionado, ver este post do Manuel Castelo Branco no 31 da Armada. Os evangélicos verdes da Câmara Municipal de Lisboa decidiram proibir carros anteiores a 1992 de circularem no centro da cidade (o que afecta pessoas mais pobres), enquanto os carros topos de gama, bem mais poluentes, podem circular à vontade. 

publicado por Nuno Gouveia às 23:22 | partilhar

In the 90's (LIII)

publicado por Nuno Gouveia às 21:01 | comentar | partilhar

Fim do euro (27) Bonança antes da tempestade

Nas últimas semanas tem havido uma acalmia generalizada, que parece ter trazido alguma complacência às autoridades europeias. No entanto, este recente optimismo parece claramente injustificado, como veremos.

 

Comecemos por situar as boas notícias recentes no contexto mais vasto da crise. Usemos para isso as taxas de juro de longo prazo, que são um dos mais interessantes termómetros da crise do euro.

 

Vejamos as taxas portuguesas, em Setembro de 2009, quando os problemas na Grécia ainda não se tinham manifestado. Antes da crise, as taxas de juro portuguesas estavam abaixo dos 4%, um nível que hoje nos parece de um outro planeta.

 

Com o desenrolar da crise na Grécia, as taxas portuguesas foram subindo atingindo um pico de 6,1% quando a Grécia pediu ajuda, em Maio de 2010, para voltarem a cair logo de seguida abaixo dos 5%, como se tudo se tivesse resolvido. Mas isto também foi sol de pouca dura, com a escalada dos juros a prosseguir ao longo desse ano, até atingir um novo máximo de 7%, em Novembro desse ano, por alturas do pedido de ajuda da Irlanda, quando se temeu, com toda a razão, que Portugal também precisasse de ajuda.

 

Após um ligeiro recuo, as taxas de juro portuguesas foram batendo sucessivos novos máximos, sempre acima dos 7%, valor que – da forma mais imprudente – o então ministro Teixeira dos Santos definiu como o patamar a partir do qual teríamos que pedir ajuda. Apesar disso, o governo adiou o pedido de ajuda até ao último momento, sendo hoje cada vez mais claro que provocou toda a oposição e o Presidente da República para ser demitido, para poder jogar a última carta que lhe sobrava: a vitimização.

 

Sócrates ainda teve a ilusão de que poderia adiar o pedido de ajuda para depois das eleições, mas em Abril houve uma nova subida descontrolada dos juros, que quase tocaram os 9%, o sinal definitivo de que Portugal precisava de ajuda externa.

 

A partir daí, os juros não deram tréguas, até porque se começou a falar num segundo pacote de ajuda à Grécia, que seria acordado em Julho, mas – pasmem! – só ficou concluído este mês. Portugal não seria a Grécia, mas estava perigosamente parecido, com os juros a tocaram quase nos 13%.

 

Após alguma calmaria, houve novos máximos dos juros portugueses em Novembro passado, já acima dos 13%, quando a Europa, e em particular a Itália, esteve a três passos do precipício. A promessa de uma cimeira “decisiva” no início de Dezembro viria a acalmar os mercados, mesmo se os resultados deste encontro foram escassíssimos.

 

Já em 2012, as incertezas sobre a resolução do segundo pacote de ajuda à Grécia, com os inevitáveis contágios ao nosso país levaram as taxas de juro portuguesas a fixar novos máximos, quase nos 18%. Graças à intervenção do BCE, como já tinha acontecido antes, as taxas voltaram a cair para os 12%, tendo posteriormente flutuado entre este valor e os 14%. 

 

Julgo que já conseguiram detectar o padrão da evolução dos juros de longo prazo: sobem para máximos, depois aliviam um pouco, até que batem novos máximos. Os juros vão flutuando, mas em torno de um patamar que está sempre a subir. Um outro elemento a salientar é que os juros sobem em Portugal muitas vezes devido a perturbações no exterior.

 

Depois de descrito este enquadramento vejamos afinal o que se celebra por estes dias. A taxa de juro de longo prazo da dívida portuguesa baixou de 14% em meados de Março para um valor ligeiramente acima dos 12%. Ou seja, não estamos sequer com os melhores valores de 2012 e pior ainda se comparados com os anos anteriores.

 

Porque é que acredito que isto é uma mera bonança antes da tempestade? Em primeiro lugar, porque os graves problemas estruturais do euro continuam intactos, não justificando o recente optimismo. Em segundo lugar, porque a probabilidade de a Grécia sair do euro nos próximos meses é muito elevada e os riscos de contágio a Portugal são elevadíssimos.

 

[Publicado no jornal “i”]

publicado por Pedro Braz Teixeira às 18:51 | comentar | ver comentários (4) | partilhar

Ideologia, disse ela (3)

Continuando. A Ana Matos Pires prossegue a sua revisão da matéria, no caso concreto dos efeitos da homoparentalidade nas crianças, atirando-se aos estudos que citei sobre instabilidade das relações e violência doméstica nos casais homossexuais. Ao que parece, não se podem citar livros de 1973 e mesmo um artigo de 1997 já não é assim tão recente. Este ponto, que foi repetidamente invocado até agora, merecia um desenvolvimento à parte, mas fico-me só pela seguinte consideração: o que foi dito em 73 ou em 97 não se torna desactualizado por ser de 73 ou 97, mas por se terem publicado estudos mais recentes que contraditam e refutam os de 73 ou 97. Ora, todos os estudos posteriores a que tive acesso reforçam a conclusão da maior instabilidade das relações homossexuais comparativamente às heterossexuais.
Mais: diz a Ana Matos Pires que não posso concluir isso porque não apresento "um único estudo comparativo entre casais homo e heterossexuais". Bem, se o problema é esse, resolve-se. Em 2003, uma equipa liderada por Theodorus Sandfort publicou um estudo comparando casais hetero e homo na Holanda ("Same-sex sexuality and quality of life", in Archives of Sexual Behavior, Feb. 2003, 32, 1, pp. 15-22),  acabando por concluir também que há maior promiscuidade entre os casais homo. Um outro trabalho que já citei (sejamos pacientes), com a data obscurantista de 1994 e a amostra não tão obscurantista de quase 3500 americanos, era enfático: "in all cases, when we dichotomize our sample, the group of people with same-gender partners (or who define themselves as homosexual or bisexual) have higher average numbers of partners then the rest of the sexually active people in the sample" (Edward Laumann et al., The Social Organization of Sexuality. Sexual Practices in the United States, Chicago, The University of Chicago Press, 1994, p. 314).
Garanto que não é má vontade, mas que culpa tenho eu se os estudos existem e andam por aí à solta? 
Já dizer que a tal investigação de 97 sobre os comportamentos de 2583 homossexuais "em nenhum momento permite inferências sobre promiscuidade", bem, é gozar um bocadinho com o respeitável público. Então vamos lá repetir: "the modal range for number of sexual partners ever was 101-500" (Paul Van de Ven et al., "A comparative demographic and sexual profile of older hmosexually active men", in Journal of Sex Research, 1997, 34, p. 354). Além disso, entre 10,2 e 15,7% dos indivíduos da amostra tiveram entre 501 e 1000 parceiros e outros 10,2 a 15,7% mais de 1000. Se a Ana Matos Pires acha que nada se pode inferir daqui, então pergunto-me como definirá promiscuidade. Talvez uma relação simultânea com a população chinesa.  Incluindo os mortos. (cont.)
publicado por Pedro Picoito às 17:31 | comentar | ver comentários (29) | partilhar
Terça-feira, 27.03.12

Colocar Portugal nos carris

A decisão de acabar com o TGV para Madrid constitui uma oportunidade de ouro para terminar com a periferia ferroviária nacional.

Espanha investe na centralidade de Madrid e numa solução radial em que qualquer ligação de Portugal à Europa tenha de passar por Madrid.

Para Portugal o interesse é, essencialmente, promover uma ligação à Europa através do corredor Aveiro, Salamanca. As razões são várias:

Em primeiro lugar Madrid fica na latitude de Aveiro e não faz sentido que um comboio para Madrid "desça" à latitude de Setúbal para subir até à latitude de Aveiro.

Em segundo lugar uma via de altas prestações não é competitiva apenas para a ligação Madrid / Lisboa mas já o será se a linha servir também o Porto, Aveiro (e respetivos portos) com o consequente tráfego de mercadorias além Pirinéus.

Em terceiro lugar uma ligação pelo norte é, para os mesmos 640 kilometros, muito mais barata. (i) Até Aveiro o traçado da linha do norte pode ser aproveitado mesmo mudando a bitola e, (ii)  do lado espanhol está já concluída a ligação Madrid / Medina del Campo / Valladolid.

Em quarto lugar (e este é o ponto mais importante) a ligação ferroviária essencial para Portugal é (tal como foi o sud-express no século xx), a ligação do Eixo Atlântico a França pelo corredor Salamanca / Valladolid / Burgos / Vitoria / Irun.

publicado por Pedro Pestana Bastos às 23:02 | comentar | ver comentários (6) | partilhar

Presidenciais, gasolina e geopolítica

Um artigo de Daniel Yergin publicado no dia 16 de Março no WSJ.

 

As in the 2008 presidential election—remember the chants of “Drill, baby, drill!”—rising oil and gasoline prices have become an issue in 2012. But election-year politics aside, the forces driving up prices at the pump are very different today than they were four years ago. In 2008, it was primarily the surge in oil consumption in emerging markets, disruptions, and a belief that the world was running short of oil (the so-called peak oil crisis).

 

In 2012, the reason is mainly geopolitics.

(…)

A market this tight would already be susceptible to upward price pressures. But the market is operating on expectations that supplies will become even tighter as new U.S. and European sanctions against Iran take effect and the risk of military conflict increases. Put simply, the oil market is reading the front page.

 

Given these circumstances, there's not much Washington can do in the short term to reduce prices at the pump.

 

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publicado por Victor Tavares Morais às 22:56 | comentar | partilhar

Cachimbos de lá

Anónimo, Dois Turcos, séc. XVIII.
publicado por Pedro Picoito às 16:14 | comentar | partilhar

Quem se mete com o Berardo leva

A entrevista que Joe Berardo dá ao Público (edição de hoje) é um bom exemplo do que o Estado português atura por Sócrates ter andado com o comendador ao colo. Além de chamar cobarde a Francisco José Viegas e velhinho a Vasco Graça Moura, com a elegância do costume, Berardo persiste em invocar um tratatamento legal privilegiado, sustentando-se desta vez em tão oportuna quão misteriosa correspondência com a anterior ministra Gabriela Canavilhas.

Espero sinceramente que o actual Secretário de Estado da Cultura tenha força política e mediática para arrumar um dossier que, em muitos aspectos, se assemelha às famigeradas PPP. Merece, pelo menos, o apoio de Passos Coelho por tentar. O apoio que não tiveram Isabel Pires de Lima e Mega Ferreira, no consulado Sócrates, quando questionaram a política de terra queimada de Berardo. Não sejamos piegas. As declarações ribombantes de que o PSD quer "acabar com a cultura" e o comendador quer emigrar ficariam bem no museu Berardo. Muito modernas, mas demasiado caras.  

publicado por Pedro Picoito às 15:56 | comentar | ver comentários (3) | partilhar

"Fascistas!", gritam eles

Imaginem lá uma horda destas a entrar em vossa casa e a partir tudo o que tem à frente - beijinhos e abracinhos, pois claro...

 

 

 (Via Henrique Raposo

publicado por Nuno Lobo às 15:32 | comentar | ver comentários (3) | partilhar

Democratização da economia

 

Quem assistiu, mesmo sem especial atenção, como foi o meu caso, ao Congresso do PSD, não deixou de notar que se tratou de um Congresso simples, sem encenações espectaculares. No mesmo sentido, não passou despercebido o facto de este Primeiro-Ministro falar directamente aos portugueses, sem o recurso ao teleponto. Finalmente, quem está imune aos rodapés mediáticos, onde se destacavam afirmações como “quando se tem um martelo na mão, tudo parece um prego”, verificou que os discursos do Primeiro-Ministro têm substância. Exemplo disso mesmo é a questão da democratização da economia, que serve de objecto ao artigo de opinião que o Paulo Rangel deixa hoje no PÚBLICO. A questão da democratização da economia (assim como a questão da sociedade de confiança) já tinha merecido a atenção do Pedro Lomba há uns meses, no mesmo jornal. Que os discursos do actual Primeiro-Ministro contenham elementos capazes de se constituir como objecto de análises conceptuais é um outro aspecto distintivo que não pode deixar de ser destacado face à nossa experiência política mais recente. Se bem recordo, a expressão “democratização da economia” foi referida publicamente pela primeira vez pelo Primeiro-Ministro na Mensagem de Natal. Na análise de hoje do Paulo Rangel, a democratização da economia é interpretada à luz da tensão política entre igualdade e liberdade, democracia e liberalismo. Neste sentido, o projecto do actual Governo não é apenas liberal mas também democrático, não se trata apenas de libertação mas também de reposição do equilíbrio original. Talvez a afirmação mais esclarecedora de Paulo Rangel seja mesmo aquela onde ele parece dizer que uma sociedade estatizada, como a nossa, precisa de ser liberalizada, mas que a libertação do Estado face aos interesses que o colonizam não pode deixar de ter igualmente em conta os perigos de uma subsequente colonização da sociedade por parte desses mesmos interesses ou até de outros. A este respeito, a Mensagem de Natal do Primeiro-Ministro é muito clara: a construção da riqueza de Portugal tem de nascer de baixo para cima, a partir das actividades e projectos das pessoas comuns, e não apenas de um grupo restrito de pessoas com acesso privilegiado ao poder ou com a boa fortuna de terem nascido na protecção do conforto económico. Dado o ponto de onde partimos hoje, sou levado a concluir que esta enormíssima reforma não pode deixar de exigir uma acção forte do Governo e não será por isso que o seu alcance liberalizador fica diminuído. Tal como não me custa nada conceber a necessidade de haver um Governo forte para fazer face aos interesses desproporcionados que facilmente conseguirão transitar do Estado para a sociedade. Prudente é a liberdade que tem o olho direito posto na democracia igualitária e o olho esquerdo posto na oligarquia.

publicado por Nuno Lobo às 12:46 | comentar | ver comentários (5) | partilhar

Cachimbos

O Cachimbo de Magritte é um blogue de comentário político. Ocasionalmente, trata também de coisas sérias. Sabe que a realidade nem sempre é o que parece. Não tem uma ideologia e desconfia de ideologias. Prefere Burke à burqa e Aron aos arianos. Acredita que Portugal é uma teimosia viável e o 11 de Setembro uma vasta conspiração para Mário Soares aparecer na RTP. Não quer o poder, mas já está por tudo. Fuma-se devagar e, ao contrário do que diz o Estado, não provoca impotência.

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