Convite
O meu livro "O fim do euro em Portugal?" será lançado 3ª feira, 11 de Setembro (bem sei...) na Livraria Almedina do Saldanha, pelas 19h. A apresentação será feita pelo João Ferreira do Amaral e todos são bem-vindos.
O meu livro "O fim do euro em Portugal?" será lançado 3ª feira, 11 de Setembro (bem sei...) na Livraria Almedina do Saldanha, pelas 19h. A apresentação será feita pelo João Ferreira do Amaral e todos são bem-vindos.
Tal crença implica, por um lado, que se imagina um futuro exactamente igual ao presente e, por outro, que não se considera como riqueza o capital humano do país. A verdade, todavia, é que uma colectividade nacional (a não ser que a suponhamos em vias de extinção) é um ser em crescimento económico; e que a parte mais substancial do seu capital são os seus homens. O mais produtivo investimento dos recursos nacionais é o que se investe na formação dos homens.
Uma nação de analfabetos (ou de semianalfabetos) é uma nação pobre; e não é por ser pobre que é de analfabetos, antes por ser de analfabetos que é pobre. (...)
Por isso, condicionar o fomento da escola às necessidades e recursos existentes em dado momento é (quaisquer que sejam as razões e intenções de tal critério) condenar a colectividade nacional à pobreza crescente. O princípio justo é, pelo contrário, começar pela escola, como primeiro e mais eficaz meio de vencer o círculo vicioso da pobreza. A escola deve ser planeada não em função do que a nação é, mas em função do que ela há-de ser; deve ser concebida na perspectiva e na escala do futuro. Neste sentido, a solução do problema educativo é anterior e independente da solução dos problemas económicos e orçamentais do momento.
António José Saraiva, Dicionário Crítico de Algumas Ideias e Palavras Correntes [1960]
O Correio da Manhã continua fazendo o que parece ser "trabalho sujo" ao serviço do Governo.[isto] O Expresso, ainda que mais subtil, tem-se prestado ao mesmo.[aquilo] Como, no tempo de José Sócrates, fazia o Diário de Notícias. Há sempre quem se preste a este género de serviços tão civicamente meritórios. A respeito dos conteúdos das "notícias", poderá sempre, com o descaramento característico, perguntar um serventuário: e não é verdade?... Penso que não valerá a pena responder-lhe com a pergunta do Praefectus romano da Judeia...
Diz muito de um Governo que ele escolha enveredar por este modus operandi patológico. Dir-se-ia que se revela, assim, incapaz de afrontar, de enfrentar, os problemas que se lhe deparam ou de apresentar saudavelmente ao escrutínio as medidas políticas que pretende adoptar. Prefere, então, o condicionamento desonesto do público, a sua infantilização, o envenenamento do juízo, a rasteira.
Há eficácia (pelo menos, a curto prazo) neste modo de fazer política? Há, já sabemos que sim. Mas não é isso que importa aqui.
"Não precisamos nem de mais tempo, nem de mais dinheiro." - António Borges, aqui.
Talvez possamos começar a chamar-lhe, por antonomásia, O Estafeta.
Contrariando as indicações da diplomacia norte-americana o Secretário Geral das Nações Unidas foi a Teerão à cimeira dos Países Não-Alinhados e imaginem... até se reuniu com o homem mais perigoso do mundo. Os Não-Alinhados é aquele “clube de pobres” do tempo da guerra-fria que integra hoje países como a Índia e que tem o Brasil e a China como membros observadores, representam no conjunto mais de 55% da população mundial. Quanto é que será em termos de PIB mundial? Como o mundo mudou!
O que não é normal é ser um blog de direita a falar destes temas, mas também neste aspecto as coisas mudaram. A esquerda europeia, ao que parece, submergiu na Primavera Árabe - o ridículo que é ver Hollande a prometer reconhecer um governo que ainda não existe e portanto não conhece!
Em 1999, Tiger Woods, famoso golfista norte-americano, foi operado aos olhos. Não se tratou de uma cirurgia correctiva, mas de uma que melhorou a sua visão acima do que é humanamente natural. Ou seja, não foi um acto terapêutico; foi para além da terapia. Os efeitos dessa cirurgia revelaram-se rapidamente. Após uma longa maré de derrotas, Woods regressou às vitórias, vencendo consecutivamente os torneios que se seguiram à cirurgia.
Este caso é interessante por dois motivos. Em primeiro, porque levanta uma certa ambiguidade quanto à verdade desportiva: se altera as aptidões de um atleta, não estabelece uma desigualdade na competição? Em segundo, porque expõe com clareza os desafios que este tipo de progresso científico colocará à sociedade. Foquemos a nossa atenção no último.
A ciência sempre esteve ligada ao desporto. Legitimamente (treinos, medicação, equipamentos) e ilegitimamente (doping). Mas agora, numa espécie de área cinzenta, a relação surgiu sob forma de modificações permanentes nas aptidões dos atletas. O desporto é um meio competitivo por natureza, e por isso expõe bem o problema. Tiger Woods melhorou a sua visão, ganhou uma vantagem sobre os adversários, venceu mais troféus, e assim pressionou outros atletas a fazer a mesma cirurgia, para não ficarem derrotados à partida. Basta transpormos este caso para o nosso quotidiano para percebermos a tentação. Quem, na sua actividade, não gostaria de adquirir uma característica única, que lhe atribuísse uma vantagem sobre os restantes?
De facto, muito em breve, o leque de possibilidades de melhorias será imenso. É sabido que estamos cada vez mais próximos de, através de modificações ao código genético dos embriões, prevenir e apagar doenças. Mas é esquecido que estamos igualmente próximos de, para além da terapia, poder escolher a cor dos olhos dos nossos filhos, modificar a sua altura, a sua massa muscular, a sua inteligência ou a sua memória. E se as vantagens parecem evidentes, os riscos não devem ser esquecidos. Desde logo, quem não se submeter às cirurgias/ modificações, ficará para trás. Depois, o risco da uniformização, porque a busca do êxito levará a seguir os estereótipos sociais de sucesso. E, finalmente, a desigualdade no acesso à tecnologia (devido ao seu elevado custo financeiro) poderá acentuar a desigualdade social – os mais ricos acedem a “melhoramentos” mais eficazes e tiram vantagens maiores do que os menos ricos.
Parece-lhe ficção científica? Já não o é. Se, na ficção, o sonho da perfeição humana está bem vivo no “Admirável Mundo Novo” (1932) de Aldous Huxley ou, para os mais cinéfilos, no recente filme “Limitless” (2011) de Neil Burger, há já um número crescente de pensadores prestigiados, como Fukuyama e Habermas, a dedicarem-se ao tema. É facto que os homens se adaptam com facilidade às descobertas da ciência, pois estão décadas à sua frente. Mas é também facto que, por vezes, as vantagens nos fazem perder de vista os perigos. No imaginário das duas obras referidas, como na investigação, os avisos foram feitos. Resta saber se alguém os ouviu.
Mona Lisa de Leonardo da Vinci (1503) e Mona Lisa de Marcel Duchamp (1919)
«Um artista é alguém que produz coisas que as pessoas não necessitam de ter. Todavia, ele pensa que será uma boa ideia dar-lhes.»
(Andy Warhol)
No século XX ocorreram transformações curiosas no modo de perceber o artista, a obra de arte e a consagração de ambos perante a opinião pública. Habituámo-nos a ver nos livros de História de Arte coisas tão incompreensíveis para os academistas como os «Ready Mades» de Duchamp, o expressionismo abstracto de Pollock, o abstracionismo geométrico de Malevich ou as caixas de cera da Brio de Wahrol. Chamaram-lhe «vanguardas artísticas». O que diria a este respeito o professor que chumbou o desenho a carvão de Marcel Duchamp na Academia e que o impediu de seguir os estudos artísticos? Não sei. Desse professor já nem Duchamp se lembrava bem numa entrevista que deu a Pierre Cabanne há poucos anos. Nem nós, nem ninguém. Marcel Duchamp, esse que questionava a intencionalidade do artista e o apego às coisas criadas, que não conseguira entrar na Academia por culpa de um desenho a carvão emergiu e fez-se fenómeno no mundo das artes. Se não fosse Marcel Duchamp seria outro, talvez. O mundo achava-se preparado para perceber a arte de um modo diferente e pronto. No Armoury Show com Duchamp ou no Cabaret Voltaire com os Dadaístas, nos Estados Unidos, na Suíça ou noutro sítio qualquer. E muitos teóricos se lançaram na explicação do fenómeno. O fenómeno é muito fácil de enunciar e mais difícil de compreender: o meio de exposição de uma obra associado a uma comunidade apreciadora – aquilo a que chamamos «o mundo da arte» - têm a capacidade de alterar o significado de um objecto quotidiano transformando-o em obra de arte. Ou de um modo mais simples, o que consagra uma obra de arte é o seu meio expositivo e não o seu valor objectivo ou o mérito técnico do artista. No caso de Duchamp ocorreu um conjugação de factores institucionais deste tipo que o levaram à fama. A partir dele uma garrafeira na cozinha é uma garrafeira mas uma garrafeira no museu é um «ready made», ou seja, uma obra de arte. Uma caixa de cera Brio no armazém é uma caixa de cera mas a mesmíssima caixa no museu Berardo com um título e um autor - Andy Wahrol - vale milhões. Num século a obra de arte saltou das molduras e dos plintos e apresentou-se nos lugares mais improváveis, com novas formas e com outros nomes até que chegou à terra da Dona Cecília. O que é então a obra da Dona Cecília em parceria desastrada com Elías García Martínez, o autor original de Ecce Homo de Borja? Se o espaço museal e artístico se expandiu para fora dos museus e das galerias no princípio do século XX o que diremos se a internet e o facebook consagrarem a Dona Cecília e a introduzirem inesperadamente no mundo da arte? Marcel Duchamp também não sabia que era famoso nos Estados Unidos e que os seus quadros tinham feito enorme sucesso no Armoury Show. Foi Walter Patch, um negociante de arte americano que o surpreendeu com a notícia convidando-o a deslocar-se lá para presenciar com os seu próprios olhos. O que tem afinal a menos o Ecce Homo de Borja quando comparado com um urinol, uma garrafeira ou um ferro de engomar? A Dona Cecília Giménez perceberá quando ultrapassar a sua fase depressiva – aliás muito própria dos génios - que é afinal uma «artista de vanguarda». Não é por acaso que ela é contemporânea de Duchamp. Por que razão «o mundo da arte» demorou 81 anos a perceber isso? Isso dava outro post…
Se há capítulo que não carece de revisão no novo conceito estratégico de defesa nacional, por princípio, é o dos valores permanentes. O que se exige ao Estado é que cumpra as suas obrigações, por exemplo na Educação.
“4.4 — O Estado não declina responsabilidades na promoção de um adequado espírito de segurança e defesa junto da população portuguesa.
A articulação da política de defesa com a política de educação constituirá uma prioridade, que se encara como elemento importante do exercício da cidadania. É uma obrigação nacional reforçar a educação para o patriotismo, cuidar das componentes de segurança e defesa nos programas escolares e proteger, modernizando, as instituições de ensino especificamente militares.”
(actual conceito estratégico de defesa nacional)