Anónimo a 27 de Fevereiro de 2010 às 12:32
Camarada F: Então?
A: Está lá dentro o C.
F: O quê? O activista de sofá?
A: Sim, esse.
F: Porra, vou já ali ao lado.
(Camarada F, entrando no café do lado)
F: Olha, se não é o Companheiro G!
G: Não há quem te veja, pá.
F: A mim? Tu é que nunca apareces.
G: Sabes como é, eu é mais livros.
F: Tens medo de sujar as mãos, é o que é.
G: Mau, que raio de conversa é essa?
F: Estou a entrar contigo, não te chateies.
G: Cada um faz o que pode.
F: Sim, desde que haja união.
G: Isso é que é mais importante. A união.
F: Porque estamos todos no mesmo barco, certo?
G: Acho que sim.
F: Acho não, é assim. Olha lá, tens ido à bola?
G: Não, agora é mais xadrez. Tu é que deixaste.
F: Eh pá, andava lá o H, o monárquico. Não posso com esse tipo. Não sabe perder e está sempre com as conversas do rei e do Sardinha e a porra.
G: Mas podes aparecer que o gajo mudou de poiso.
F: Então?
G: Juntou-se aí a um grupo novo. Nacionalistas pela Pátria ou pela Europa, assim uma coisa. Foi aquele gajo, o I, que o convenceu.
F: Ah, esse.
G: Sim, estás a ver a coisa.
F: Estou, estou. Mas não quero nada com pagãos.
G: Claro, também sempre foste um beato.
F: Beato, não. Sou crente.
G:Bem, isso não interessa. Quando é que apareces?
F: Não sei, ando desiludido com isto.
G: Então?
F: Não há união, todos dizem mal uns dos outros, assim não dá.
G: Desânimo, agora?
F: O que é que queres? Não há unidade.
G: Pois é, a unidade é fundamental.
F: Sem unidade não vamos a lado nenhum.
(Toca o telemóvel).
G: Olha, é o J. Não vou atender, não me apetece aturar esse chato.
F: Fazes bem. Tem a mania que é esperto.
G: É. Mas estávamos a falar de quê?
F: De unidade.
G: Ah pois, a unidade. Muito importante. Ando nisto há mais de vinte anos e sempre disse que é muito importante.
F: Eu digo-te mais: É fundamental.
G: Infelizmente, parece que ninguém se entende.
F: Pois, isso é que é pior.
G: Mas eu estou de consciência tranquila. Sempre apelei à unidade.
F: Eu também. E nunca disse mal de ninguém. Aliás, se dissesse era frontalmente, que não sou homem de falar mal pelas costas.
G: És como eu. Olha, o K é que não é assim.
F: Esse? Nem me digas nada. Mas deixemo-nos de desgraças. Brindemos à unidade.
G: Sim, à unidade. Viva a unidade.
F: Isso, isso.