Escolher entre o mau e o muito mau
O Conselho de Estado está convocado para quarta-feira.
Tenho alguns votos.
Que o Presidente consiga convencer os governantes a mudar de discurso. Atacar os mercados é proibido. Mesmo que tivessem razão, seria como ladrar à Lua. Não resolve nada. Agrava. Mostra que ainda não se caiu na real. Nós precisamos dos mercados. Os mercados não precisam de nós. Believe it.
Que convença o senhor primeiro-ministro a reconhecer que há uma crise.
Que convença as oposições que contam a colaborarem, não politicando a questão. A saudarem o discurso responsável do primeiro-ministro. Esta parte é fácil.
Que, depois, no tempo certo (rapidamente, não há tempo para o PEC, nem o PEC resolve coisa nenhuma, porque estamos a falar do que é urgente para ontem), o senhor primeiro-ministro adopte medidas, algumas de excepção, para reduzir o défice drasticamente – este ano! – reduzindo as necessidades de financiamento previstas. Outra parte das medidas terá de ter consequências estruturais – ou seja, congelamentos não vale, porque quem congela hoje descongela amanhã.
Que a oposição saúde essas medidas, pronunciando-se sobre elas na fase preparatória.
Que o Presidente se comprometa a dar todo o apoio ao Governo na adopção de medidas que se tornaram inadiáveis. Ça va de soit, mas, é claro, sempre fica dito.