Juros para que te quero
Um dos dados mais relevantes é o relacionado com o ritmo de expansão de crédito e com a tipologia de utilização. No final dos anos 90 crescia a cerca de 30% em Portugal e 20% em Espanha, mas o que impressiona é a utilização concreta deste crédito: em Portugal, a grande fatia relacionou-se com a habitação particular (compra, obras, recheio, etc), em Espanha a utilização deste crédito dividiu-se em mais ou menos igual parte entre a habitação e o sector empresarial para fins diversos. Só este dado faz lançar as mãos à cabeça, mas o pior é que há bem mais.
Conclusão? Não vale a pena resumir ou traduzir: "Overall, a closer look at the Spanish and Portuguese cases confirms that implementing right economic policies is paramount for a successful catching up. The successful fiscal consolidation, underpinned by solid fiscal institutions and continuous improvements in the regulatory framework of labour and product markets in Spain contrast sharply with procyclical policies, high deficit biases and worse regulatory frameworks in Portugal."
Não será má ideia relembrar que este diagnóstico é actual, o que atesta que nada de estruturante mudou nestes últimos 3 anos de desperdício de condições políticas tão favoráveis: maioria absoluta, Presidente da República cooperante em mudanças que atacassem este diagnóstico e maior partido da oposição em potencial concordância face a várias destas medidas. José Sócrates consegue uma coisa fantástica, que é não aproveitar nada disto. No final do dia, nestes relatórios sem jogging, sem centrais de comunicação, sem benção escolhida do Ministro Pinho a uma qualquer empresa em prol de outras, ou sem entrega de mais um laptop (que ficaria mais barato comprado no eBay), sobram os números e a desperdiçada oportunidade histórica de repetir o que Cavaco fez há mais de 20 anos atrás: reformar, modernizar e colocar um país a crescer e convergir.