Híbridos, quimeras e outras aberrações

A Autoridade britânica de Fertilização Humana e Embriologia (HFEA) autorizou, há poucas semanas, a manipulação laboratorial de embriões com genes humanos e de outros animais. A técnica autorizada permite criar embriões híbridos, usando óvulos de vaca, aos quais se retira o núcleo original, que é substituído pelo núcleo de uma célula adulta humana. Se as experiências forem bem sucedidas, o embrião resultante será 99% homem e 1% vaca. Descansem. Não são mãos, mas apenas umas simples mitocôndrias. Após a transferência nuclear, a célula começará a dividir-se, como ocorre na fecundação natural. O objectivo, segundo os "cientistas" das universidades de Londres (Kings College) e de Newcastle, é produzir células que permitam investigar e obter diversos tecidos humanos.

Pois. Eu sei que até podia ser pior (imaginem se fossem células de porco ou de urso…). E que esta piada até tinha graça se o tema não fosse muito sério. A criação de quimeras – criaturas metade homem e metade animal – é um sonho antigo que podemos encontrar na literatura de ficção-científica ou em filmes de terror. O problema torna-se grave quando são universidades ou auto-intitulados “cientistas” a propor a manipulação genética em laboratório de destes monstros. E mais ainda quando são as próprias autoridades públicas a autorizar experiências contrárias à dignidade humana.

Sim, bem sei que, como sempre, os objectivos invocados são óptimos. Neste caso a investigação do Alzeimer e outras doenças neurológicas degenerativas. Mas não era algo parecido que diziam os “cientistas” nazis que investigavam em seres humanos nos campos de concentração? Acresce que há alternativas, ou seja, outras linhas de investigação promissoras, como pode aqui ser comprovado, que não são contrárias à dignidade humana. A fronteira para a barbárie é ténue. Neste caso foi ultrapassada.
publicado por Paulo Marcelo às 17:46 | partilhar