Lá voltaram
eles com a Finlândia... Sempre a Finlândia... Terminar com os "chumbos", claro. Coisa retrógrada, o "chumbo". Na Finlândia não há "chumbos". Pois não. Na Finlândia não há muita coisa. Por exemplo, não me consta que na Finlândia haja crianças a ter aulas em contentores liliputianos.
Sim, contentores. Na Finlândia, os pais não irrompem furibundos pelas escolas adentro e não desatam ao murro e ao pontapé a tudo o que mexe. Especialmente quando o que mexe são professoras. Sim, docentes do sexo feminino - são mais fáceis de espancar.
Na Finlândia haverá uma ministra da Educação que desrespeita continuamente os próprios professores? Haverá lá, para cima do Báltico, uma ministra da Educação que troça, aos microfones da tv, da principal escola de música do país? Ou que incentiva a fraude educacional ao alardear progressos enganadores?
Esta "ideia" caíu como sopa no mel para o nosso meridional Governo. Valter Lemos, um homem para quem a realidade não conta:
'nem sequer se põe o problema de os alunos não atingirem os objectivos. Não.' Partir da
'permissa' que os alunos possam não atingir os objectivos é uma
'prespectiva' errada. Pois. Pelo contrário, deve-se é partir da
'permissa' que os alunos, esses entes mecânicos e sem espessura humana, dê por onde der, atingirão os objectivos. E se, por hipótese delirantemente fabulosa, eles, estranhamente, não atingirem os objectivos, a gente dá um jeito, ó Valter. Esta é a
'prespectiva' certa.
Na Finlândia, haverá Secretários de Estado imbecis que não saibam falar o Finlandês?
Mas o Governo não está só. Veio também logo a correr o formidável Albino Almeida, sempre presente, a enfileirar-se muito, muito apressado ao lado do Governo e, não vá este não dar pelo seu apoio, começa de imediato, ainda a poeira da sua corrida aflita não assentou, a esganiçar proclamações que sim, que sim, que concorda,
que quanto mais depressa acabarmos com a praga dos "chumbos", mais depressa entraremos na senda do progresso e tal. Pois, pois. Tudo tão fácil. Como na Finlândia.
Vamos ter escolas equipadas como as finlandesas? Vamos ter números decentes de funcionários nas escolas - como na Finlândia? Vamos pagar aos nossos, como aos professores finlandeses? Vamos substituir os encarregados de educação portugueses pelos finlandeses? E os alunos também? E digam-me cá, vamos transferir toda a História finlandesa para aqui? Vamos trocar a nossa geografia, o nosso clima, pelos da Finlândia, é?
É isso? Ou querem falar a sério?