Direitos do homem

Exmos.,

Fiquei de fora mais uma vez. Ninguém discute o que mais interessa. Ontem no debate sobre o referendo do aborto uma alminha perguntava: se não for a pedido da mulher, é a pedido de quem?
Decerto me reconhecem pela reivindicação em prol da poligamia. Pois bem, há mais qualquer coisa pela qual temos de lutar. A liberalização do aborto a pedido do homem.
Imaginem uma das minhas incursões sexuais em que procuro apenas obter prazer através da relação sexual. E se acontecer que por acidente se dê a fecundação? A verdade é que o meu património genético foi transmitido a outra pessoa. Se essa pessoa decidir, sem o meu consentimento, utilizar esse património genético para os seus fins pessoais, não estará a violar meu direito? E mesmo que existisse um consentimento inicial, não deveria haver uma lei que protegesse a retirada do meu consentimento de modo a que uma outra pessoa não pudesse utilizar os meus genes de acordo com a sua vontade? É que para fins de investigação médica e científica, no art. 9 da Declaração Internacional sobre os Dados Genéticos Humanos, o consentimento pode ser retirado pela pessoa envolvida e nesse caso os dados genéticos humanos, dados proteómicos humanos ou amostras biológicas deverão ser irreversivelmente dissociados ou destruídos.
É só para dizer que esta lei gera uma profunda desigualdade de direitos entre homens e mulheres. É absolutamente injusto. Confere-se o direito à mulher a decidir o que fazer com os seus genes e ao homem não. Por isso, aborto sim. Mas também a pedido do homem.

Ass: T
publicado por Joana Alarcão às 12:01 | partilhar