O Salário Mínimo
Os organismos pseudo defensores dos interesses patronais/empresariais, também criticam a dita subida em nome da defesa do emprego. Ao fazê-lo apenas demonstram tratarem-se de dirigentes e de organizações que se encontram nas mãos de patrões sem escrúpulos que comandam negócios onde a exploração (sim, a exploração) é a palavra de ordem e a produtividade e a rentabilidade dos respectivos negócios uma ficção.
A líder do PSD usou a questão da subida do salário mínimo para tentar vincar o seu discurso em prol da sua credibilidade e da “irresponsabilidade” do Governo e do primeiro-ministro, quando é óbvio que o está em causa em Portugal é o facto de ainda se praticarem salários mínimos nos serviços, na indústria, na agricultura ou no chamado serviço doméstico, que apenas reflectem a existência de políticas activas em prol da perpetuação de empresas e de empregos totalmente obsoletos. De facto, o país caracteriza-se pela existência política e administrativamente sustentada de milhares de salários e de empresas que há muito deviam ter desaparecido ou mudado a sua natureza. Salários mínimos artificialmente baixos permitem a existência de empresas social, económica e moralmente insustentáveis.
Bem, portanto, esteve o Governo em manter a subida acordada do salário mínimo para 2009 e, espero, para anos subsequentes, com a vantagem, para o PS, desta posição lhe poder vir a garantir muito votos nas eleições de 2009. Bem esteve ainda Bagão Félix, o ex. ministro das Finanças de Santana Lopes, ao vir afirmar que não apenas estará por demonstrar que a subida daqueles salários irá agravar significativamente o desemprego, como mesmo que tal possa acontecer se tratará de um preço que a sociedade portuguesa pode e deve pagar. É que como disse Bagão Félix a questão do salário mínimo, e a questão dos salários em geral, é uma também e muito uma questão de “dignidade humana.”