Ideias, bué ideias

O editorial do Público e o Luís Rainha, repetindo a blogosfera mais dada à elegia arcádica, queixam-se de que não há ideias no PSD. Que tudo se resume a um confronto entre pessoas ("the horror!") e a uma luta pelo poder ("ó inclemência! ó martírio! estará porventura periclitante a saúde deste menino que eu ajudei a criar?!").
Fica-lhes bem o desvelo. Só esquecem um pormenor: são as pessoas que têm as ideias e não o contrário. E outro: o PSD é um partido de poder. Pelo simples facto de existir, quer necessariamente ganhar eleições. É mau? Não, é a democracia. Se isso incomoda alguém, o problema não está no PSD.
A mim, o que me incomoda (e parece que também incomoda Manuela Ferreira Leite) é o excesso de ideias. Sobretudo as erradas.
Vejam Menezes. Teria ele falta de ideias? Não, pelo contrário. Até tinha muitas. Duas para cada tema, em média, variando com a estação, a hora do dia, a conjugação dos astros e o humor do Dr. Cunha Vaz. Queria acabar com o Estado e não tocar no Estado, descer já os impostos e não descer ainda os impostos, defender a sua vida privada e atacar os relacionamentos do Primeiro-Ministro.
Quando se chega a este nível, que talvez não seja do elíseo agrado dos comentadores, o que o PSD precisa não é de ideias - é de um mínimo de carácter.
publicado por Pedro Picoito às 12:35 | comentar | partilhar