Diagnóstico científico
A poucos dias do fim da campanha eleitoral, vai ficando claro que o PSD será vencedor.
Pedro Passos Coelhos tinha um caminho fácil para esta vitória. Bastava ter seguido a via do CDS. Afirmar-se através de demagogias vagas e piedosas, ignorando que o país faliu porque era inevitável falir com o actual modelo e que uma mudança severa é necessária e está em curso. Passos seguiu a via mais árdua mas também a única útil para o país. Escolheu candidatar-se com um programa claro que contribua para uma pedagogia da reforma. Um programa que, com uma vitória eleitoral, se converta num mandato para começar a mudar Portugal. Ganhou com isso o respeito de boa gente e a inimizade generalizada dos guardiões do templo que, nestas eleições, sem qualquer mudança de tom, trocaram o chavão crítico habitual (PS e PSD são iguais) pelo seu oposto (O PSD tornou-se diferente ou inaceitavelmente diferente). É esse o diagnóstico científico repetido todos os dias madrugada fora pela inteligência nacional: o PSD está demasiado diferente.
O grande pecado de Passos Coelho foi violar os cânones do regime procurando ser honesto e consequente com o que todos subscrevem longe das massas. Aliás, o mandato explícito que Pedro Passos Coelho pede passa em boa medida pela execução do compromisso que o governo, o CDS e o PSD assumiram. Grande parte do que o PSD propõe fazer é abrir Portugal para inverter a espiral de empobrecimento. CDS e PS (em graus diferentes) escolheram ignorar o assunto. Não lhes pareceu que o presente e o futuro bem próximo do país fosse assunto para eleitores. Não consideraram importante preparar as pessoas para as mudanças que já aí estão.
Que o PS tenha escolhido essa via absurda, não espanta o mais distraído. Já o triste deslumbramento do CDS é uma desilusão. O CDS alheou-se do que tem sido a sua luta e contribui mesmo para alimentar preconceitos contra os quais sempre protestou. O CDS em campanha não quis ser aliado do seu aliado natural no governo. Não quis combater pelo programa que vai ter de executar. Conservemos isto na nossa memória.