Concurso de imbecilidades dentro do PS?
Eu estou em desconfiar que os socialistas deram em competir entre si pela 'tirada mais imbecil da campanha'. Há o ex-exilado (em versão deluxe) Ferro Rodrigues dizendo-nos que certos tipos de votos (os que não lhe agradam, qual grande democrata) são 'votos no insulto'. Há também Vitorino que pensa que os eleitores vão votar no PS contra o PSD por estarem descontentes com a oposição, não lhe ocorrendo que quem tem discernimento para estar discontente com o PSD também o terá para estar imensamente mais descontente com o partido que gastou nestes últimos anos como se não houvesse amanhã e nos guiou até à bancarrota - o PS gosta da frase 'no longo prazo estamos todos mortos', mas para o PS 'longo prazo' significa 'governo de outro partido'. E agora vem a luminária que se tem entretido nos últimos anos a dificultar a vida aos lisboetas, prevendo já a derrota, afirmar que não basta uma maioria aritmética à direita para governar. Deixando de lado a maioria esmagadora que quer correr com sócrates do governo e que se manifestará no dia 5, e fazendo por esquecer como o PS, quer com maioria absoluta quer com relativa, fez por hostilizar qualquer força política ou social que ousasse criticá-lo e como tratou todos os opositores políticos com a mais convicta das boçalidades, refira-se que já faltava na campanha esta capacidade mediúnica da esquerda de 'unir' e de convocar a 'maioria social'. Eu, menina picuinhas, lembro que Mário Soares em 2006 também afirmava estar bem colocado para 'unir' os portugueses e isso não foi lá grande argumento. Mas mesmo sem as minhas picuinhices, não ocorrerá à luminária de Lisboa que os eleitores, até os que almejam ardentemente estar em união com os demais portugueses, se perguntarão em volta de quê se devem unir? E que, se calhar, unir-se em torno de quem rebentou com a credibilidade do país, de quem mais que duplicou a dívida pública, de quem tem os números recordistas de desempregados (fora os duzentos mil que já se declaram inactivos, de tanto desesperarem de procurar emprego), de quem tem défices tão grandes que nunca sabemos se não haverá mais uma revisão em alta, de quem tem o mais vergonhoso dos percursos profissionais antes de ser primeiro-ministro, de quem depois de deixar São Bento terá de continuar na AR porque fora da política é e sempre foi uma nulidade não vale, afinal, a pena? Pelos vistos estas questões não ocorrem a ninguém no PS, de resto com alguma razão: se em 2009 venceram mentindo descaradamente (desde logo sobre o estado das finanças públicas), porque não nos hão-de continuar a tratar como tolos? Eu respondo: o saque do desgoverno socialista já alcançou o bolso dos tolos de 2009.