Salvem os bancos, não os banqueiros
Sabemos que o pacote de financiamento de Portugal pela Troika inclui uma parcela de até 12 mil milhões de euros afecta a um eventual resgate de bancos privados. Também sabemos que já houve auditorias às contas dos bancos e uma nova ronda (mais severa, exigente e definitiva) começará em Setembro e vamos sabendo que é grande a probabilidade de vir a concluir pela falta de qualidade de muitos dos créditos detidos e respectivas garantias. Ou seja, é quase certo que os bancos serão forçados a reconhecer nas contas que parte dos activos registados estão inflacionados. Esta revisão das contas afastará os bancos ainda mais dos ratios exigentes que estão obrigados a cumprir até ao fim de 2012. Continuando a seguir esta cadeia de causas e efeitos, regressamos aos 12 mil milhões de euros que o Estado terá de atirar para o buraco escancarado pelas auditorias e chegamos ao que me preocupa: não tenho dificuldade em perceber que evitar o colapso do sistema financeiro é uma medida de interesse público e de protecção da nossa franzina economia. Por isso não tenho qualquer objecção à entrada de fundos públicos nesse resgate. O que me incomoda e não aceito é o cenário que — conhecendo o que a casa gasta — antecipo. O Estado vai acabar por salvar não só os bancos, mas também a posição dos respectivos accionistas a expensas de todos nós. Inclusivamente dos que se alavancaram na CGD para além de todos os limites razoáveis durante a tomada de assalto ao BCP com a cumplicidade do governo anterior. O nosso problema não está só no socialismo pátrio, o capitalismo de costas quentes que por cá usamos também deixa muito a desejar.
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