Impostos, impostos, impostos

Como bem diz o Carlos, nos últimos tempos só se lê nos jornais sobre aumentos de impostos - quer os efectivamente aumentados pelo governo supostamente de centro-direita e ultra-uber-neoliberal quer os que o governo supostamente de centro-direita e ultra-uber-neoliberal estuda aumentar - a ponto de nos questionarmos se o actual governo sabe que há outras políticas além de extorquir dinheiro aos que o ganham.

 

Esta voracidade pelos recursos criados pelos particulares e empresas da parte do PSD não me surpreende, e não me surpreende sobretudo deste actual PSD cujo líder, recordemos, fazia oposição interna a Manuela Ferreira Leite defendendo as grandes obras públicas (Passos Coelho parece ter regressado às origens, portanto) e foi apoiado por grandes promotores de rotundas e pavilhões gimno-desportivos. E, em boa verdade, a direcção reflecte o partido, já que o conceito de emagrecimento do estado e de retirada do estado de funções não-nucleares é mais inverosímil e indesejável para a maioria dos militantes sociais-democratas do que uma invasão por marcianos; o PSD pretende, nos casos mais meritórios, gerir o estado um tanto melhor do que o PS.

 

Mas surpreende-me da parte do CDS, que se posicionou contra aumentos de impostos, contra as grandes obras públicas e que, por ser um partido mais pequeno e, logo, com menos lugares para distribuir, tem maior liberdade para questionar o nosso estado mastodôntico. Pelo que me pergunto: se o governo persistir em aumentar impostos por ser incapaz de cortar na despesa pública - que é, essa sim, a raiz dos nossos problemas - o CDS pretende diluir-se no PSD mantendo-se no governo ou vai honrar o que defendeu na oposição, defazer a coligação e apenas garantir a estabilidade do governo viabilizando os orçamentos e a legislação exigida pelo FMI e UE?

publicado por Maria João Marques às 16:41 | partilhar