Voto em branco

Em tempos de crise e de forte descontentamento popular, todos temem a insurreição. E não é para menos. Ainda hoje basta ouvir a entrevista de Vasco Lourenço à Antena 1 para perceber a confusão que ali vai. E nada mais perigoso do que uma mente confusa em tempos de incerteza. (E andam par’aí tantas).

Um dos aspectos importantes de um regime é o de encontrar formas de manifestação e de integração da insatisfação. Se a insatisfação não tem casa num regime, sai de casa e ocupa a rua. É uma possibilidade interessante para muitos – a do apelo à rua -, mas não conheço nenhuma mudança que, podendo ser feita de forma pacífica e ordeira, seja melhor de forma violenta e caótica. É por isso que acho interessante e propus já que se estudasse a possibilidade dos votos em branco serem computados nos resultados eleitorais. É o que acontece nalguns Países. Abriria espaço ao sentimento de reparação do eleitor e à penalização da classe política – que é muito importante que possa ocorrer, sem necessidade de Revoluções. Introduziria naquela um factor adicional de exigência e daria uma razão adicional para as pessoas saírem de casa para votar. É arriscado? É. Mas há riscos que não me importo de correr e, apesar de tudo, prefiro os ordeiros.

publicado por Filipe Anacoreta Correia às 11:22 | comentar | partilhar