FP, mas não será o "grande problema" o termos chegado (mais uma vez) onde chegamos? O não termos responsabilidade na gestão dos dinheiros públicos? O de aceitarmos e fomentarmos políticos e políticas focados no curto prazo, a-patriotas e prejudiciais para as gerações futuras? O que o FP propõe, suponho, é que se "salvem" estes países, perdoando dívida e se faça um "reset". É isso? Mas a questão é como continuaremos na Europa com este tipo de comportamento.
FP a 27 de Novembro de 2011 às 16:34
Concordo consigo quando afirma que a culpa é nossa. A irresponsabilidade e o laxismo imperaram. Sobre isso não há qualquer dúvida. No entanto, este modo de vida sustentado no crédito não foi exclusivo nosso (e não estou a defender o anterior governo); basta ver, a título de exemplo, a dívida pública dos EUA, do Japão e até da própria Alemanha. Não defendo qualquer tipo de perdão da dívida, o que seria, na minha opinião, humilhante. O que defendo, isso sim, é a justa medida do esforço que nos é pedido. E aqui, vai desculpar-me, não vejo essa justa medida. Vejo um negócio lucrativo e com um objectivo claro: recuperar rapidamente o dinheiro. Não me parece que a lógica dos mercados, esse entidade quase mágica, possa ser um fito político. A economia é um dos pilares do político, mas não é, ela própria, o político.
Cumprimentos.
Tiro ao Alvo a 27 de Novembro de 2011 às 22:25
Amigo FP, diz você que acha a “argumentação defendida neste post também seria válida se a taxa de juro tivesse sido de 10 ou 20 por cento”, para depois defender como sendo agiotagem a cobrança de 34.000 milhões de euros de juros, sem referir qual o prazo. E diz que sabe fazer contas, as quatro operações… mas desviando a conversa para a área política, que aqui é o mesmo que assobiar para o lado, para ver se as pessoas se distraem.
O amigo, se calhar, só sabe é fazer contas a contar pelos dedos, e com números inteiros, sem decimais.
Não entendendo nada, como se viu, de percentagens, e não fazendo ideia do que é um serviço de dívida, como é que o meu amigo se abalança a dissertar sobre o sentido das dívidas públicas dos EUA, do Japão e Alemanha? Nunca ouviu o conselho para que “não suba o sapateiro além da chinela”?
FP a 28 de Novembro de 2011 às 20:01
Sabe, um dos princípios que me foi transmitido foi o de respeitar as pessoas, novas ou velhas, mas sobretudo as mais velhas. E isso é um princípio que, julgo, ainda não caiu em desuso e tem um nome: educação. Quando insinua que não sei fazer contas, que só sei fazer contas pelos dedos, juntado a isso sapateiros e chinelas, tenta arrastar a conversa para um nível pouco polido, o que revela o seu perfil argumentativo. Julga pessoas e não ideias, pensa que o mundo se divide em bons e maus, nos que estão connosco e nos que estão contra nós, em iluminados e obscurecidos e esse é o seu problema, porque o leva a ver somente a árvore em vez de ver a floresta, numa espécie de agnosia argumentativa. Faz afirmações avulsas e revela um deficit de compreensão do que escrevi. Se me permite o atrevimento ou a ousadia de ter uma opinião, já que disso me acusou, vejamos o seguinte: Em primeiro lugar, usura é um pouco diferente de agiotagem. Em segundo lugar, afirmei, e volto a afirmar, que cobrar 34,400 mil milhões de euros, e não 34 mil milhões, por um empréstimo de 78 mil milhões de euros é, não uma ajuda, mas um negócio, independentemente dos prazos (sabendo o amigo que os prazos da UE são diferentes dos prazos do FMI, bem como as taxas de juro). É é por ser um negócio bastante lucrativo que a questão moral se coloca, dada a situação debilitada em que o país se encontra. Em terceiro lugar, descontextualiza a afirmação relativa aos EUA, Alemanha e Japão, de modo a poder afirmar que eu nada percebo, que não faço ideia do que é um serviço da dívida, ou encargo com a dívida, se assim o preferir. Leu e interpretou erradamente o que escrevi, chamando a isso assobiar para o lado. Mas a verdadeira distracção é sua porque eu não disserto, faço, somente, uma referência a dívidas públicas num contexto que não é o que cita, não compreendendo, ou não querendo compreender, o que afirmei, evitando, deste modo, reflectir sobre as razões que levaram os países ocidentais a enveredar pelo caminho do crédito. E evita, provavelmente, porque essas razões têm o seu fundamento não em números mas em pressupostos políticos e isso, presumo, são raciocínios que não fazem parte das suas contas. O que o amigo não compreende é que este processo não é puramente técnico; é, acima de tudo, político. Quando Portugal for obrigado a renegociar as condições do empréstimo, e creio que o fará no próximo ano, irá finalmente perceber que a sua interpretação enforma de um erro de paralaxe. Até lá, e já que se aproxima a época natalícia, com óbvios votos de uma excelente quadra, aproveite para fazer outras leituras que não as da tabuada.
Cumprimentos.
Tiro ao Alvo a 29 de Novembro de 2011 às 16:19
Não se zangue, amigo, o que escrevi não foi para o ofender. Não sabia a sua idade, mas eu também não sou nenhuma criança…
Vamos com calma, eu meti-me consigo por que, em se falando de agiotagem (ou negócio, como queira), não é legítimo referir o valor em juros, sem referir a taxa e o prazo. Se lhe fizerem um empréstimo de 100, por 30 anos, à taxa de 5%, sem amortizações de capital, ao fim de 20 anos terá pago 100 e ainda estaria a dever 100. O juro é alto, ou é baixo? Essa é outra questão: os juros a 5% e, em certas épocas, serão juros baixos e noutras, altos.
Ora, quando o amigo, no dia 26, escreveu, ironicamente, em relação à questão posta pelo comentador anterior (que perguntava se a taxa de 5% era uma taxa de agiota), que "não, agiotagem não é” e ainda que “34 mil milhões de juros é quase metade do que foi emprestado. Ora a isto eu chamo bondade. É isso: o termo é bondade. Por amor de Deus, isto não é nenhuma ajuda, é um negócio chorudo", eu decidi provoca-lo, procurando chama-lo à razão, "acusando-o" daquela coisa de não saber fazer contas. Mas longe de mim a ideia de desrespeita-lo.
Fiquemos, portanto, por aqui: eu a pedir-lhe desculpa por o ter aborrecido e nós com este fardo às costas, sem tempo de levar a bom porto, mas não inteiramente resignados.
Quanto ao sapateiro e à chinela, cujo adágio me parece não conhecer, e que é atribuído a Apeles, parece-me que nada tem de ofensivo.
FP a 29 de Novembro de 2011 às 20:18
Não querendo arrastar os comentários, permita-me mais duas notas:
Como o amigo sabe, os adágios ou os ditados populares encerram em si vários sentidos. No caso vertente, e entre outros sentidos, tanto quer dizer que há um limite para a critica como que a arte não é um métier de sapateiro.
Relativamente a prazos e juros, o caso da assistência financeira à Alemanha no pós guerra, Plano Marshall, é um bom exemplo do que é uma ajuda. O prazo foi de trinta anos, terminou em 1978, e a Alemanha pagou aproximadamente um terço de juros relativamente à totalidade do empréstimo.
Cumprimentos e felicidades.
Tiro ao Alvo a 30 de Novembro de 2011 às 16:44
Felicidades também para si.