Pedro GR a 2 de Abril de 2012 às 09:57
Pedro,
onde é que se pode conhecer um pouco melhor esse episódio do direito de resposta da ILGA na Renascença? Que razões invocou a RR para aceitar, e qual o conteúdo dessa resposta da ILGA?
É que esse assunto também me "cheira mal", acho mal a RR encolher-se diante de uma pretensão tão "tangosa" como era a da ILGA, que nem sequer era referida na tua Crónica original.
É que uma parte importante do que tu estás aqui a fazer com estas crónicas, estes posts, e a tua paciência interminável para as respostas aos comentários, é precisamente o não encolhimento, a reclamação do espaço de liberdade de discussão, e o não se deixar intimidar pelas invocações mal-amanhadas de pseudo-ciência (e todo a resposta da ILGA não era mais do que isso).
Mas enfim, não queria estar a julgar a RR sem saber como foi...
pedro picoito a 3 de Abril de 2012 às 12:09
Há uma parte do episódio que desconheço e que se relaciona com a discussão dentro da própria RR. Segundo sei, optou-se por dar direito de resposta, mesmo com duvidosa base legal, para não antagonizar ninguém. Não é esse o estilo da RR. Por outro lado, uma polémica como esta traz visibilidade ao programa, e isso também pesou. Aliás, eu próprio estou um pouco dividido. Se é verdade que o comunicado da ILGA é claramente uma forma de pressão, não deixa de ser o reconhecimento implícito de que a minha crónica tocou uma corda sensível. venham mais comunicados.
Ricardo a 4 de Abril de 2012 às 08:29
Ora ainda bem! Finalmente o Pedro reconhece que o seu interesse com as crianças é nulo.
O que o Pedro quer é aborrecer a Ilga e os homosexuais.
Deixe-se portanto de citar estudos científicos só para fingir que é civilizado e parta logo para o insulto sem vergonha.
FNV a 2 de Abril de 2012 às 09:59
Em casais hetero também:
www.independent.co.uk/opinion/commentators/dominic-lawson/dominic-lawson-of-course-a-deaf-couple-want-a-deaf-child-794001.html
pedro picoito a 3 de Abril de 2012 às 12:11
Em qualquer dos casos, não será exactamente louvável...
almareado a 3 de Abril de 2012 às 13:06
certo, mas isso qualquer um com dois dedos de testa conclui. pelo que não percebo o porquê do caso das lésbicas ser usado como arma de arremesso. O que faz deste caso suficientemente universal para poder ser usado como argumento anti-adopção homossexual?
pedro picoito a 3 de Abril de 2012 às 13:13
Não é um argumento anti nada. É um exemplo do que pensam as pessoas que têm responsabilidades na APA.
differ a 2 de Abril de 2012 às 10:13
É assim mesmo: falar com convicções, mesmo quando estas vão contra as imposições - cada vez mais omnipotentes - do politicamente correcto. Não estivesse já de parabéns pela coragem de afrontar o Big Brother do politicamente correcto, está duplamente de parabéns pela inteligência com que o faz.
p.s. O caso da mulher da APA é um exemplo esclarecedor sobre o que está realmente em causa (e, não, não é o bem-comum, porque esse não é apanágio de minorias que buscam a realização pessoal, custe esta infligir deliberadamente uma deficiência a terceiros, ou não)
Não acredito que uma associação prestigiada como a American Psychological Association tenha aposto a sua assinatura num estudo realizado apenas por ativistas LGBT. E, mesmo que o tenha feito - isto é, mesmo que, por curiosa coincidência, todos os investigadores que realizaram o estudo fossem também ativistas LGBT -, não acredito que o tenha feito levianamente, isto é, sem verificar o mérito e a superioridade desse estudo.
Parece-me que aqui o Pedro está a utilizar um duplo argumento demagógico e falacioso, que é (1) O estudo deve estar errado porque os seus autores são ativistas, e (2) Esses autores são especialmente perversos como se demonstra pelo caso particular de um deles.
O facto de um dos autores do estudo ter comportamentos estranhos ou reprováveis não quer dizer que todos os outros autores os tenham, nem que o estudo esteja errado.
Trata-se portanto de um simples ataque ad hominem.
Pedro GR a 2 de Abril de 2012 às 13:08
A APA é uma organização que congrega pessoas que pensam como a APA, como dizia recentemente um político americano em campanha. É prestigiada entre as pessoas que pensam como a APA, e não é prestigiada entre as que pensam o contrário.
Podia dizer-se o simétrico de outras organizações do outro lado da barricada nestas guerras. Em regra, os que são fortemente contra ou fortemente a favor é que se dão ao trabalho de andar com despesas e estudos.
Ora, como a maior parte dos estudos publicados contem conclusões indevidas (http://www.plosmedicine.org/article/info:doi/10.1371/journal.pmed.0020124), sempre é preciso juntar estudos, analisá-los, confrontá-los.
Dito isto, não vejo o argumento do Pedro como ad hominem. Vejo-o como um argumento que prova que o outro lado também é suspeito. E que os que são contra a adopção por gays não têm de se encolher acriticamente diante da APA nem diante de ninguém.
leopardo a 2 de Abril de 2012 às 21:59
Não vejo donde venha o prestigio da American Psychological Association.
Depois de defenderem na sua página conclusões que não têm base cientifica, mas são claramente ideologicamente motivadas, a referida associação caí na categoria de instituição refém, aonde estão também muitos sindicatos ou associações de pais, por exemplo. É uma associação refém de grupos politica e ideologicamente motivados que perde a credibilidade cientifica desde o momento em que afirma como provadas coisas que estão muito longe de estarem provadas.
Pode ter prestigio entre quem tem ideologias próximas dos captores da instituição ou até entre quem não conhece bem a situação de captura dessa instituição.
pedro picoito a 3 de Abril de 2012 às 12:27
há várias confusões neste comentário.
1º: a declaração da APA não é um estudo, é uma tomada de posição pública, uma declaração institucional sobre um tema fracturante, aquilo a que se chamaria em política uma moção. O grupo de trabalho invoca o tal consenso científico dos estudos sobre crianças com pais homossexuais, estudos que têm os problemas metodológicos já apontados pela Maria João Marques (e nunguém até agora a contestou, recordo).
2º: Não é uma curiosa coincidência que todos os investigadores fossem activistas LGBT. O grupo de trabalho nasce de uma secção da APA chamada Gay, Lesbian and Bisexual Issues, que existe com o objectivo declarado de combater o que designa por discriminação. Ou seja, é uma forma de actvismo LGBT disfarçado de ciência. Foi este grupode trabalho que redigiu a tal declarção e a submeteu à aprovação da APA. A declaração foi a votos e foi aprovada. Não sei qual a representatividade da assembleia que a aprovou.
3º: O caso de Candace McCullough é apenas um exemplo. A mim o que me surpreende é que alguém com estas ideias seja aceite pelos colegas num grupo de trabalho que redige a posição oficial da APA sobre a adopção.
Espero que seja um brincadeira de 1.º de Abril...
Uma coisa é respeitar as opções individuais de cada um.
Este eugenismo ao contrário é chocante.
Meu Caro não gaste o seu Latim com heterofóbos.
Miguel Lopes a 2 de Abril de 2012 às 12:56
Não, a sério? O melhor que conseguiu encontrar para contrapor todas as alegações da ILGA foi uma activista lésbica surda? O melhor foi isso? Um ataque a alguém que fez parte de uma equipa que fez um estudo, um dos muitos que foram usados para fundamentar a decisão de um colégio de especialistas numa área que claramente o Pedro Picoito não domina, a da Psicologia/Psiquiatria? Não vê como é ridícula, a sua posição, e como só consegue convencer quem já está convencido, só recebe apoios de gente que apenas quer fundamentos, por mais inverosímeis que sejam, para o seu preconceito? E ainda quer que achem credível qualquer argumentação supostamente científica que traga para o "debate"? Estude, pesquise, vá fundo na questão, e depois diga qualquer coisa. E tenha atenção que há uma diferença entre ler estudos de mente aberta, sem ter uma opinião pré-concebida, e começar a investigar tendo como objectivo provar uma ideia feita e cimentada. É também a diferença entre um cientista e um fanático activista. Pense nisto.
Anónimo a 2 de Abril de 2012 às 14:43
Não sabia que os "cientistas" (entenda-se psicólogos e psiquiatras - ganda cientistas, man) são os decisores sobre matérias sociais, humanas e morais. Bué assustador: lembra os tempos do Hitler, quando uns quantos cientistas definiam o que é ser "humano", mandando para a morte os que não cabiam na categoria "científica" do humano, gays incluídos. As ILGA's estão a entrar em auto-destruição.
Miguel Lopes a 2 de Abril de 2012 às 20:13
Bem, este saltou não sei quantos graus na lógica do Reductio ad Hitlerum (. Mas se fala em ciência, vem o nazismo. Os meus parabéns, este é bem capaz de ser um exemplo radical dessa lógica.
pedro picoito a 3 de Abril de 2012 às 12:37
Mais uma vez, várias confusões.
1-Não se trata de uma equipa que redigiu um estudo, mas de uma declaração pública sobre um tema politicamente controverso. Veja a minha resposta ao Luís Lavoura mais acima.
2- É de uma ingenuidade tocante (ou de uma má fé igualmente tocante...) recomendar-me que leia os estudos sem preconceitos quando acabo de mostrar que, na matéria em apreço, não sou só eu que tem "preconceitos". os estudos feitos por activistas LGBT são, na sua opinião, virgens de ideologia? porquê? serão eles capazes de deixar de lado as suas conhecidas opiniões pessoais? repito, o seu comnetário revela ingenuidade. ou má fé.
3- se só consigo convencer quem já está convencido, então não se preocupe tanto... Ou não?
Miguel Lopes a 3 de Abril de 2012 às 21:58
Não, quem pretende confundir é o Pedro Picoito.
1)A declaração pública de que fala - um parecer a APA - foi feita a partir de um estudo. Esse estudo foi feito por várias pessoas - ao que parece, todos activistas LGBT, o horror - e uma dessas pessoas é culpada de um acto eticamente lamentável. O Pedro tenta demolir o parecer da APA criticando algo feito por alguém que pertencia ao grupo de estudo, sendo que apenas marginalmente o que essa pessoa fez tem alguma relação com as conclusões do estudo. E não tem já nada a ver com o parecer da APA, que foi feito com base em vários estudos que concluíam o mesmo.
2)Ainda bem que admite que tem preconceitos. Espero que aceite que, daqui para a frente, toda e qualquer opinião que emita sobre o tema está manchada por esse preconceito. E que a busca de qualquer validade científica para o que afirma vale o que vale: zero.
3)Não se preocupe, que eu também não me preocupo. Continue a gritar contra o vento, é para isso que serve a liberdade de expressão.
pedro picoito a 3 de Abril de 2012 às 22:37
1. Não, não é um estudo: é uma "resolution" e foi "adopted by the APA Council of Representatives" depois de recomendada pelo tal grupo de trabalho. é só ir ver ao site da APA. Pretender que o caso McCullough só marginalmente tem relação com a declaração dá vontade de rir. É marginal que uma das pessoas que assina a declaração não tenha qualquer problema ético em instrumentalizar um filho? Quando estamos a discutir os riscos da adopção para outras crianças?
2) Vejo que tem dificuldade em descodificar uma ironia.
3) Isso, sim, é que é preocupante.
Pedro,
O que é para mim mais alarmante em toda esta história é que tu não serás certamente o único a conhecer os estudos que tão aberta e corajosamente citas. Mas muita gente com responsabilidades nestas matérias e que certamente estará a par dos mesmos, prefere o conforto do silêncio. Parabéns pela coragem e pelo "não me calo".
Um abraço,
Tó (o ex-vizinho do 2.º)
pedro picoito a 3 de Abril de 2012 às 12:39
Obrigado, Tó. Não é grande mérito. Como sabes dos nossos derbies dos Olivais, há também uma certa dose de mau feitio... Chateia-me ser raptado, como dizia o almirante Pinheiro de Azevedo.
Renato a 3 de Abril de 2012 às 23:45
Pedro Picoito, eu cada vez me convenço mais que você é um mártir. Realmente é preciso uma dose de coragem imensa para enfrentar o terrível lobby gay e essa força de guerrilha avançada que é a ILGA, que o quer calar. São apelos à coragem, são "não te cales". estamos contigo, não tenhas medo, não desfaleças... Pedro, ninguém lhe quer bater homem. Descanse e tranquilize os seus apoiantes. Muito mais facilmente farão isso aos gays muitos dos que aqui vêm falar nos "rabetas", "boiolas", insultos, enxovalhos, etc sem que isso mereça de si uma palavra de repúdio. De vez em quando condescende em dizer que não tem nada contra os gays e que se podem juntar à vontade para fazer lá as suas festas, apenas acha perigoso que eles adoptem crianças.
E realmente, reduzir o assunto ao caso de uma activista lésbica, dando isso como exemplo dos riscos que correm as crianças adoptadas por casais gay, enfim... Eu acho que com isso o Pedro Picoito arrumou a questão e ao mesmo tempo demoliu a credibilidade da APA. Um portento. E um acto de profunda coragem intelectual e fisica. Ainda vem um comando de amazonas lésbicas caçá-lo ;)...
pedro picoito a 3 de Abril de 2012 às 23:54
Finalmente, alguém que me compreende, obrigado. (Disse amazonas lésbicas?...)
leopardo a 2 de Abril de 2012 às 22:05
http://www.youtube.com/watch?v=p5LRdW8xw70
Este vídeo, publicado no oinsurgente.org mostra bem como a opinião politica pode condicionar a ciencia social.
almareado a 3 de Abril de 2012 às 12:04
Creio que tem todo o direito a argumentar contra a adopção por casais homossexuais, mas não consegue encontrar algo mais sustentável? Deixe-me que lhe diga que você tem muito pouca capacidade de filtro.
O seu argumento basilar é qual, que todos os homossexuais têm um parafuso a menos? Durante o processo de adopção não são realizadas avaliações psicológicas? Não me parece que adoptar uma criança seja como ir ao canil buscar um animalzinho, e julgo que nem aí os dão a qualquer um.
Só para ter a certeza, este texto não tem nada a ver com o 1 de Abril pois não?
pedro picoito a 3 de Abril de 2012 às 12:42
Decida por si.
differ a 3 de Abril de 2012 às 15:06
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/exclusivo-cm/violencia-termina-casamento-gay-com-video
Eu cá achava que coisas destas só podiam mesmo ser "petas" do 1.º de Abril, ou então as semi-petas assumidas do jornal em causa. Mas qual quê - são mesmo verdade...
Dos 600 casamentos gays realizados em Portugal (ao que consta na notícia), gostava de saber quantos ainda estão de saúde e se recomendam e quantos, já agora, não darão a mesma belíssima fotografia familiar (mas talvez tal interesse seja discriminatório, no mau sentido, evidentemente, porque 'discriminar' já não é hoje aquela actividade crítica salutar do tempo dos, sei lá, Gregos ou Kant?)
Miguel a 3 de Abril de 2012 às 14:46
Após seguir esta discussão pude concluir que diferentes preconceitos são partilhados por diferentes intervenientes. Até aqui nada de novo.
Estaria talvez na hora de começar a esboçar um conjunto de critérios relevantes, nomeadamente a que condições devem obedecer os argumentos para ser aceites como razoáveis ou cogentes nesta questão? Lançar ao ar estatísticas (que, por si só, não são resultados científicos) sem apresentar os critérios de selecção fica bem na conversa de café mas como modo de argumentação é coisa fraquinha.
Do lado dos estudos estatísticos, eu sugeria um outro tipo de estudos. Em vez de andar a investigar as virtudes ou vícios da sexualidade de cada um, por que não perguntar aos pais e mães o que desejariam caso o(s) seu(s) filho(s) , por alguma razão de força maior, tivessem de ser oferecidos para adopção? Confrontando-os com todas as alternativas em cima da mesa. Havendo o cuidade de construir uma amostra representativa pelo menos teríamos o testemunho e a opinião das partes interessadas (os pais biológicos) para debater e poderíamos voltar a deixar em paz o sexo dos anjos.