Pedro GR a 18 de Abril de 2012 às 10:24
Acho que o abandalhamento da Liturgia e a dessacralização do sagrado não são solução nenhuma, antes pelo contrário, para os problemas da Igreja.
Dispenso Missas que são vividas como uma celebração de "os jovens" e padres "porreiros, pá!". Isso é não perceber nada do que é a Missa.
Quanto às sondagens, eu sigo um esquema que me ajuda a manter a sanidade mental enquanto católico: há muito tempo que deixei de pensar que Portugal tem 90, 80 ou 50% de católicos. Digo que deve ter 5 ou 10% de gente que acredita na doutrina católica (toda), segue o Papa como Vigário de Cristo, esforça-se realmente na moral, frequenta os sacramentos (também a Confissão), procura espalhar a sua fé (nomeadamente aos outros supostos católicos, são muito bem-vindos).
Assim não fico inquieto com as sondagens "a descer" (ainda vão descer muito mais) e não fico baralhado com o a incoerência gritante de tantos supostos católicos (não me refiro às fraquezas, que também tenho, mas às capitulações nos princípios).
A questão base é esta: eu sou receptor de uma mensagem de salvação, à qual me submeto, e que configura poderosamente a minha vida, ou sou um consumidor caprichoso num super-mercado religioso (esta prática, aquela doutrina, o meu modo na liturgia) compondo a minha própria salvação? Só a primeira é catolicismo.
Pedro, nem me vou alongar sobre a mensagem de salvação de que fala, porque como sabe sobre essa mensagem há a exegese e a hermenêutica - que significam que, ao contrário do Islão, por exemplo, a doutrina cristã pode evoluir, não é estanque, e tem mesmo evoluído. Aprovo que seja conservadora na evolução, para não caír em erros trágicos, mas não pode não evoluir.
Dispenso Missas que são vividas como uma celebração de "os jovens" e padres "porreiros, pá!".
Que disparate. Faça o favor de não tornar a missa no LX Factory numa celebração hippie, que não pretendia ser nada disso.
'Digo que deve ter 5 ou 10% de gente'
O 'deve' diz tudo. De facto há quem tudo faça para ter aquilo que considera más companhias na Igreja, para a tornar mais pequena. Tudo bem. Não finjam é que não estão em contradição flagrante com a missão evangelizadora - que a tem! - da Igreja.
Pedro GR a 18 de Abril de 2012 às 13:27
O 'deve' era no sentido de 'não posso saber exactamente quanto, aposto que seja 5 ou 10%'.
Não era para dizer que a Igreja 'deve' ser pequena ou exclusiva. Nesse sentido, acho que a Igreja deve ser 100% da sociedade.
Dizer que somos poucos, para mim, não me separa de ninguém, precisamente porque há a tal vocação evangelizadora da Igreja e de cada cristão. Aliás, anima-me a lançar-me, a partir da realidade daquilo que encontro nas pessoas, para tentar melhorar a situação. O que me desgasta é contar como já estando convertidos tantos que estão muito longe disso.
Quando falo dos 5 ou 10% não me imagino fechado nesse grupo. Estou no meio da confusão, e com muito gosto, e sou muito amigo das "más" companhias...
Sobre a evolução da mensagem, a hermenêutica e a exegese: são tudo desportos saudáveis cuja prática recomendo... e o Magistério da Igreja é o árbitro.
E a evolução tem de ser em direcção à clarificação do depósito de fé de que a Igreja é guardiã, não no sentido de mera adaptação aos tempos e aos gostos. A opinião de teólogos e exegetas não salva, mesmo que sejam a maioria e tenham o apoio popular.
Nota: nada disto vai contra os Padres referidos no seu post: o espírito de Santo Inácio, que muito admiro, é claríssimo na sua fidelidade ao Papa e ao Magistério, e no seu respeito pelo sagrado nos Sacramentos.
c. a 18 de Abril de 2012 às 22:00
Não percebo essa da evolução da doutrina. Jesus expressou-se imperfeitamente? O que disse não era a Verdade, mas apenas meia verdade?
A igraja de Policarpo é mais evoluída em santidade do que a de Pedro?
Nada disso. Sucede que os textos sagrados canónicos foram de inspiração divina e de produção humana - ao contrário do Corão, que os muçulmanos consideram ser inteiramente obra de Deus. Ora qualquer texto humano se insere sempre no seu contexto e é necessário conhecer o contexto para perceber o texto. Isto é análise exegética. Os evangelhos até serão dos textos bíblicos mais perceptíveis, ainda assim têm uma série de pormenores que escapam a quem não conheça o contexto (por exemplo, o que é o Filho do Homem?). Uma parte especialmente importante é a análise dos géneros literários, já que o género biografia histórica ou reportagem não eram conhecidos na época e não é isso que se encontra na B.. Mesmo os evangelhos são livros catequéticos, daí um evangelista ter iluminado mais determinados aspectos, outro outros, haver pequenas contradições,... É um tema interessantíssimo perceber como os evangelhos foram escritos (todos eles tiveram como ponto de partida o centro: a morte e ressurreição, que é a tradição mais antiga) ou as fontes que usaram.
A propósito disto, há um documento excelente, de resto preparado por um grupo coordenado por Bento XVI enquanto cardeal.
http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_19930415_interpretazione_po.htmlLogo, sim, a verdade bíblica, tal como a verdade do Credo e dos Dogmas é uma verdade viva que se vai aplicando de forma diferente e tempos diferentes. É evidente, parece-me.
c. a 19 de Abril de 2012 às 20:33
Muito obrigado. Vou tentar ler em inglês, já que o Vaticano deixou de escrever em português de Portugal.
Não creio que se pretenda que haja missa em locais assépticos, mas que se celebre a eucaristia, tanto quanto possível, num local digno. Outras celebrações, por exemplo, apenas litúrgicas, ou homenagens, ou simplesmente idas ao encontro do mundo real são benvindas, mas estamos a falar do verdadeiro centro da vida católica mesmo para lá de toda a moral. Pode parecer que não, mas ultrapassa mesmo qualquer posição de princípio sobre a Vida Humana, que não é mais que uma consequência deste momento singular, que não deve ser banalizado, ainda que celebrado diariamente. Quanto a Igrejas circulares, sempre existiram, mas também apenas está a referir-se de forma muito vaga a um suposto celeuma que existe... Afinal, em que acções concretas se traduziu o celeuma dos ditos vigias? Melhores cumprimentos!
E por que razão o LX Factory não é um local digno? Por que razão é mais indigno do que o Terreiro do Paço ou o estádio do Restelo? O que torna um local 'indigno'? E quanto mais indigno for o local, não precisa tanto mais da presença de Deus através da Sua Igreja?
Quanto ao Sacrário, não há necessidade de acções concretas. O facto de haver falatório sobre 'a missa onde as pessoas estão de costas para o sacrário' já é todo um programa, e muito revelador.
Faço notar que as citações feitas no primeiro parágrafo deste post - e nas quais todo o restante post se baseia - não estão necessariamente corretas.
Com efeito, os inquéritos e as estatísticas mostram, de facto, que há cada vez menos católicos em Portugal (e, mesmo aqueles que se dizem católicos, de facto não o são lá muito, na medida em que só muito raramente vão à missa).
No entanto, nada comprova que essa diminuição do número de católicos se deva principalmente, como afirmado nesse parágrafo, à "monotonia das missas" ou à "prática obrigatória de ritos".
A diminuição do número de católicos pode-se dever a outros fatores, por exemplo à descrença geral em religiões, ou ao facto de outras religiões terem credos que parecem às pessoas mais verosímeis.
Presumi que o estudo também incidisse sobre as causas do afastamento da Igreja e que foram sido esses os apresentados.
Z a 18 de Abril de 2012 às 11:52
Maria João,
com todo o respeito, não me parece que o afastamento das pessoas da Igreja tenha alguma coisa a ver com a monotonia.
De facto, cada vez mais a pastoral, especialmente a pastoral jovem, tenta arranjar novas formas de comunicação para ser mais atraente e mais actual. E têm falhado redodamente.
O problema parece-me ser o facto de para muitos a Igreja ser um discurso. Mais ou menos actual, mais ou menos curto, mais ou menos monotono mas um discurso.
O problema não é a forma, mas o facto de tantas vezes no esquecermos que a Igreja é o acontecimento de Cristo. Cristo presente hoje, aqui e agora. E de como essa presença está relacionada com toda a vida.
Reduzir o afastamento das pessoas da Igreja a um problema de forma é algo que a Igreja portuguesa tem feito há muito tempo e que, evidentemente, está a falhar!
'Reduzir o afastamento das pessoas da Igreja a um problema de forma é algo que a Igreja portuguesa tem feito há muito tempo e que, evidentemente, está a falhar!'
Precisamente. E custa, e custa mesmo, que as iniciativas que conseguem trazer os jovens para a Igreja - como as dos jesuítas sem dúvida conseguem e é uma pena que não cheguem a mais gente - sejam combatidas não por questões de fundo (que não as há) mas por quezílias de facções mesquinhas.
Quanto aos motivos, mais uma vez não é um diagnóstico meu. Conhecer-se-á melhor o estudo, mas presumo que tenham sido estes os motivos apresentados pelos inquiridos.
differ a 18 de Abril de 2012 às 12:18
"É católico? Não, deixei de o ser, as missas eram uma ganda seca. Prefiro ir agora à missa da igreja y, onde os padres são mais novos e se canta rock a seguir à celebração da eucaristia."
Se isso é o modo como as pessoas vivem a fé, ou integram uma tradição religiosa, então não me admira que se acredite que as sondagens e os estudos pudessem identificar as causas para o alegado decréscimo de número de fiéis católicos.
Renato a 18 de Abril de 2012 às 12:41
Muitos esquecem que o que permitiu a expansão da Igreja Católica no Mundo foi a sua adaptação aos tempos e às culturas de cada pais. Tivessem mantido o rito tridentino e o número de fiéis seria muito menor mesmo na Europa. E obviamente, nem em África, nem na America Latina nem na Ásia, se captam fiéis com os arrebiques bizantinos das missas “a sério”. Porque é de estética que se trata aqui, não de elevação espiritual e religião, como alguns pretendem. Qualquer ateu melómano se sente extasiado o Bach tocado em igrejas barrocas, ou com canto gregoriano em templos românicos. Isto tudo, vale para Portugal. Quanto aos jesuítas, mesmo eu, que não sou católico sei que o que capta os jovens e menos jovens para as suas missas e encontros é o espírito de casta. É uma ordem chique. Custa ouvir isto? Pois é.
Concordo com tudo, inclusivé com a 'ordem chique'. É mesmo uma pena que esteja tão acantonada.
M. Almeida a 18 de Abril de 2012 às 13:09
Maria João Marques
Costumo ler os seus posts e habitualmente estou totalmente de acordo com o que defende, mas sobre este post estou totalmente em desacordo com a Maria João. Graças a Deus tive uma experiência recente de uma situação totalmente oposta à que refere aqui, aquando da morte de um familiar, quando as várias missas foram celebradas por um padre que aqui se define como fazendo parte do " movimento conservador". As várias missas que se celebraram foram "elogiadas" por gente que nem é praticante e que esteve presente e que quiseram mais tarde saber quem era aquele padre tão interessante e qual era a sua paróquia. Houve gente que nos dirigiu um elogio de demonstração de fé por parte da nossa familia e que referiu fossem assim todas as missas, fosse assim a solenidade das celebrações e as homilias dos padres e as igrejas aos domingos não estavam vazias. E sabe porquê? Porque este padre, o do "movimento conservador", tocou em assuntos que hoje a igreja se esquece de falar, isto é exaltou a importância e necessidade de existência da familia como base estruturante da sociedade, a familia como base estruturante de um País, a familia como base para educação da fé católica. É isto que na realidade falta à Igreja, de se deixar do seu habitual discurso socialista e transpor ensinamentos dos evangelhos para os dias de hoje alertando para o que se passa de errado na sociedade. Não é dessa tal "abertura à diversidade" que fala PPB, que a Igreja precisa (parece até que PPB vem defender aqueles que acusam o Papa Bento XVI de não deixar a Igreja adaptar-se aos desejos da sociedade moderna).
Posso ainda dizer-lhe que estas missas não foram celebrações descontraídas mas, foram sim, celebrações para reflexão sobre o sentido da nossa vida e o significado da morte e que por isso tocaram no coração de muitas centenas de pessoas que estiveram presentes e muitas dessas pessoas, por diversas razões, estão hoje afastadas da Igreja.
Mal vai a Igreja quando um Padre e alguns praticantes acham que é muito bom celebrar uma missa num armazém da LX Factory em vez de celebrar como é normal no local apropriado, isto é na Igreja. E parece-me que Lisboa está bem representada em termos de Igrejas desde as mais clássicas às mais modernas para celebrar uma missa.
Maria João, na minha opinião a Igreja precisa rapidamente de mudar de discurso. A Igreja não pode ter medo de no seio das suas paróquias tocar nos temas que hoje estão no centro do debate na sociedade. E não deve apenas condenar, deve explicar. Talvez assim conseguisse atrair mais jovens para o seio das suas paróquias.
A Igreja hoje, deveria obrigatoriamente estar a falar e debater na sociedade o que é a "Ideologia do Género" tão querida aos actuais políticos de vários países. A Igreja sabe que não estamos a falar de uma coisa que só existe no papel, estamos a falar de uma profunda e preversa tentativa de transformação da sociedade através da aprovação de certo tipo de leis que irão destruir a familia. A Igreja tem de alertar para o caminho que as sociedades vão seguindo em direcção a uma ditadura do relativismo moral onde se pretende condenar e calar aqueles que defendem a familia e todos aqueles que lutam contra a tentativa de impôr todo o tipo de políticas absurdas que vão no sentido da destruição da familia e da sociedade. A Igreja não pode ter medo de dizer aos seus fiéis que quem é católico não pode votar em partidos cujo programa contenha a defesa de certo tipo de leis. A isso é que se deveria dedicar verdadeiramente a Igreja que parece que ainda não percebeu que este tipo de ideologias só se imporão quando a Igreja estiver totalmente fragilizada e descredibilizada. E a Igreja muito tem contribuído para isso com a falta de atitude e nada melhor que as homilias para alertar a sociedade para o que realmente interessa. Afinal estamos a falar da desconstrução da sociedade. Não será isso mais importante do que estarmos interessados em ter missas mais ou menos animadas?
M Almeida, nunca me viu afirmar que os únicos padres bons são os jesuítas, pois não? Ou que um padre 'bom' tenha necessariamente de ser dotado para a celebração de uma missa, ou ouviu? Ou, até, que sejam agradáveis todas as missas de todos os jesuítas, pois não? Há santos dos dois lados, felizmente.
A actuação da Igreja merece-me muitos reparos, e alguns até no sentido que aponta. Já quanto ao que deve ser uma missa, lamento, mas não pode ter padres celebrando para octagenários esperando captar adolescentes. Há que adequar a mensagem a quem a ouve, precisamente para que se consiga receber a mensagem. Não há qualquer razão para que uma missa não seja um momento belo e agradável aos sentidos, nem isto implica que seja menos profunda ou que seja uma rebaldaria. A forma é importante - e para diferentes públicos, diferentes formas, claro - e num momento em que é preciso parar a sangria deve-se ter cuidado com purismos formais que, alas, também não salvaguardam o conteúdo.
M. Almeida
Não me interpretou bem mas a culpa foi seguramente minha.
A abertura que falo à diversidade nada tem a ver com a adaptação ao "mundo moderno".
A Igreja não deve converter-se ao mundo. Antes pelo contrário deve converter o mundo o que é bem diferente.
Outra coisa é a Igreja viver separada do mundo. Se os leigos querem organizar uma Missa no LX Factory pois que o façam com dignidade e que seja meio de conversão dos que frequentam.
Tinha um Padre amigo que no verão organizava Missas perto da Praia e conseguiu aproximar muitas pessoas da Missa.
A diversidade de que falo é cultural. Hoje há comunidades (sobretudo de emigrantes) que pedem ao Patriarcado condições para celebrar celebrar Missas em ritos orientais e a Igreja desconfia. Devemos dar espaço para isso. Hoje há comunidades africanas que pretendem celebrar Missas "criolas". A Igreja (patriarcado) desconfia mas mas devemos ter condições para isso. Hoje o Patriarcado tem pedidos de grupos que pretendem ter a Missa na forma extraordinária do rito latino (sim rezada em Latim e celebrada como Padre e os fieis na mesma direcção),mas não é possível porque se desconfia. Lisboa é aliás a única capital da UE onde não é possível participar numa Missa na forma extraordinária do rito latino.
Há pessoas que se aproximam da Igreja com Missas com violas, outras têm uma maior propensão para Missas em que o silêncio ocupa um papel essencial. Na Igreja há espaço para o orgão e para a viola, para as cordas e para o gregoriano. Desde que a Missa seja bem cuidada podemos experimentar a tradição ou a novidade.
PPB
c. a 18 de Abril de 2012 às 22:16
A instrução de Policarpo sobre a missa em latim revoga, de facto, o manu propria do Santo Padre.
Como seria de esperar, os resultados são maus.
Concordo inteiramente, Pedro. Tenho mesmo um caso de uma pessoa muito próxima que se aproximou da Igreja - e ainda cá anda - através do coro do Cupav, porque gostou das músicas, cantava nas missas e, daí, foi ganhando gosto ao resto, converteu-se, baptizou-se, etc. Na Igreja tem de haver espaço para todos, quer prefiram alegria quer prefiram solenidade.
Também a felicito por esse espírito que Deus lhe deu, e por não o guardar só para si.
Admito que a hierarquia tenha as suas limitações de discurso (tem-nas em excesso quanto a mim); assim, haja quem podendo e sabendo, diga o que tem de ser dito.
Henrique a 18 de Abril de 2012 às 18:08
Maria João,
Missa no LX Factory?!? Porquê no LX Factory que promove eventos homossexuais (coisa que como deve saber, não faz parte da natureza do ser humano e, como tal, a Igreja católica condena o esse mesmo acto)?!? Será que uma Igreja católica bastante maior ou outro espaço que não promovesse esse tipo de eventos não era mais digno?!? Já para não falar que é um local onde as pessoas se divertem a apanhar bebedeiras, por exemplo...
Grupo conservador? Concordo com esse grupo seja ele quem for porque vão de encontro ao que a Igreja diz sobre locais adequados. Se ler o ponto 108 do documento que a Catarina campos mandou (Redemptoris Sacramentum) num comentário anterior...aí perceberá o que é um espaço digno ou não para a celebração da Missa.
O Cardeal Patriarca ao concordar com o tal grupo também se mostra conservador. É inevitável? Se pudesse evitava o bispo da sua diocese? Onde entra aqui a obediência ao bispo?!?! Tenho pena que o seu amor ao bispo seja o que é...
Não pode chamar mais gente para Jesus no seu trabalho, na sua familia, nos seus amigos? Arrisco-me a dizer que nesses grupos de tem pessoas que precisam mais de si do que pessoas no LX factory.
Com os melhores cumprimentos,
Henrique.
'Porquê no LX Factory que promove eventos homossexuais (coisa que como deve saber, não faz parte da natureza do ser humano e, como tal, a Igreja católica condena o esse mesmo acto)?!?'
Mas isto foi mesmo por causa da ILGA?!! Apre, que estou parva. Não vou entrar na discussão das causas da homossexualidade, que não sou especialista no campo, mas sempre que digo que não me parece que não seja da natureza humana, tal como muito outras coisas. O que se faz com uma característica que se tem é que pode ser errado ou certo, mas ser-se o que se é nunca é desagradável a Deus.
Mas deixe-me descansá-lo: nunca ouvi a nenhum jesuíta nenhuma palavra minimamente diferente da oficial da Igreja nesta questão da homossexualidade. Pelos que, para a Igreja, os locais que os homossexuais frequentam até podem ganhar se de vez em quando lá chegar a mensagem de Deus através de um jesuíta.
Gustavo a 18 de Abril de 2012 às 16:43
A igreja portuguesa é muito parecida com o partido socialista. O silêncio da igreja quando foi do aborto ou do casamento homossexual foi vergonhoso e quase cúmplice. Não foi em vão que o Papa Bento XVI admoestou publicamente os bispos portugueses em termos inéditos.
Marta a 18 de Abril de 2012 às 18:33
Boas e santas,
O que me deixa triste é o tempo, recursos e energia gastos a tentar minar os outros movimentos que não aquele a que se pertence. Desde que me lembro de os conhecer que é assim, rivalidades quase clubistícas, uns que se acham melhores, mais perfeitos e - pasme-se - melhor Igreja que o do lado ou até mais e melhor Igreja que a própria Igreja diocesana. Com tantas repartições, é claro que se perdem fiéis, a começar por mim (depois voltei, note-se).
No que respeita à "monotonia das missas e prática obrigatória de ritos" citados pela noticia: nada contra as "missas de jovens" mas com a devida ponderação, a missa não pode ser aligeirada ou abandalhada para atrair mais gente, não vai dar bom resultado. Não tem que ser um momento de entretenimento semanal e muito menos "giríssima" e com um coro que "canta lindamente", com um padre que "fala tão bem", para isso há salas de espectaculos. As missas celebradas pelo Papa em Portugal (e não só) não tiveram nada disto - excepto a parte da homilía - e não foram monótonas. Não há religião verdadeira que não tenha rituais obrigatórios, não é um buffet em que só se faz aquilo que quer quando se apetece, por isso não consigo perceber este argumento. Pode é acontecer que não se entenda o porquê desses ritos e práticas e que eles se esvaziem de sentido e aí o abandono...Mas aí o caminho tem de ser feito pelas duas partes: a igreja procurar explicar e cada um procurar a resposta para as suas dúvidas ou inquietações...
E é tudo o que se me oferece dizer,
Marta
'a missa não pode ser aligeirada ou abandalhada para atrair mais gente'
Deus meu! Mas porque carga de água é que uma missa com um coro que canta bem é bandalheira? Desde quando a forma não pode ajudar, e até potenciar!, o conteúdo?!
As missas do Papa (pelo menos a de Lisboa), ao contrário do que diz, foram cuidadíssimas do ponto de vista estético. O altar era lindo, o coro também não desafinava, até a oração eucarística em latim esteve a matar,... além de experiência expiritual profunda, foi uma encantadora experiência sensorial - e ainda bem!
Marta a 19 de Abril de 2012 às 12:00
Bom dia Maria João,
Acho que não me expliquei bem...
Num mundo ideal todas as paróquias teriam um coro que cantasse razoavelmente bem que tornasse todas as celebrações num momento de elevação, e levasse as pessoas a participar. Também acho natural que haja estilos diferentes consoante o "público alvo", mas com o limite do cuidado de que se falou num comentário anterior, e com o qual concordo integralmente. Só que, e apenas com base no que fui assistindo e lendo, esta adaptação pode levar a coisas um bocadinho "estranhas", como já acontece com as Missas Axé ou Gaúcha no Brasil (o exemplo é gritante e tem brasil all over it, eu sei). Na nossa realidade lisboeta, confesso que me faz confusão a missa fadista - porque até o Santo, o Aleluia e o Cordeiro são cantados a solo e creio que não é suposto - ou a ladaínha dos santos cantada em versão sacro pop-delico-doce só porque é giro e atractivo e fácil e diferente.
Usei apenas as missas do Papa como ilustração do que será uma missa dita conservadora e tradicional, "by the book" e sem adornos ou espectáculo desnecessários. E a de Lisboa não podia ter sido mais bonita, concordo.
Qunto ao Lx Factory, não sabia que não tinha sido celebrada missa e - a serem verdade as tais pressões e vigias - tenho pena que tenha sido por isso. No meu último campo de férias houve missa no meio do jardim público e não perdeu dignidade por isso.
Marta
De resto, conheço muita gente que encara como serviço prestado à comunidade (que é o que é) precisamente cantar no coro da Igreja, ajudar na distribuição da comunhão, ajudar na preparação das missas nas festas mais importantes, participar no peditório, etc., etc., etc.. Na minha experiência também tenho muitas boas recordações de missas celebradas fora das Igrejas, e de forma nenhuma o local é uma distração do essencial. Claro que há excessos, ainda que se tenha de ter em atenção as especificidades culturais. Lembro-me, de repente, de uma história contada pelo Nuno Tovar de Lemos himself, de uma missa na Califórnia onde os alcoólicos comungavam sob as duas espécies usando sumo de uva - o que levanta a questão de até onde se pode ir para dar a comunhão a quem tenha determinados problemas de saúde. (A resposta do Nuno era, posso garantir, muito conservadora).
Marta a 20 de Abril de 2012 às 13:45
Não duvido que fosse conservadora.
Conheço muito pouco e há muito pouco tempo a CJ e cm é que funciona, e nunca lhes ouvi uma palavra que aligeirasse ou contornasse ou fosse "ao lado" da posição oficial da Igreja. Aliás, parecem me até bem exigentes.
Reparei agora que o meu comentário anterior sair só com o parágrafo final. Queria dizer que sim, concordo, as missas tradicionais são geralmente boas missas, tanto na forma como no conteúdo.