A agricultura da direita e a agricultura da esquerda

A agricultura é um sector estratégico em qualquer país, não por motivos de tradição mas por questões de segurança e defesa. Qualquer país tem obrigação de manter níveis de auto-suficiência alimentar adequados e não são os longos períodos de paz que devem fazer esquecer este desígnio. Tem, assim, lógica apoiar a agricultura de formas diferentes do apoio, por exemplo, à produção de torneiras (cujos apoios estatais se devem resumir a não incomodar a actividade das empresas que à produção de torneiras se dedicam).

 

Para este apoio à agricultura, um governo de direita tem necessariamente políticas diferentes de um governo de esquerda. Um governo de direita dá isenções de IRC aos produtores agrícolas, cria taxas de IVA especialmente baixas para produtos fulcrais da alimentação, isenta parcialmente as empresas agrícolas nas suas contribuições para a segurança social dos seus trabalhadores, providencia um contexto económico concorrencial nos produtos e serviços adquiridos pelos produtores agrícolas (de forma a que os adquiram a preços mais baixos) e mais umas tantas medidas que vão no sentido de desonerar e de reduzir custos especificamente às empresas agrícolas. Um governo de esquerda cria impostos a outros sectores económicos (aumentando assim o preço dos bens alimentares no consumidor) para cobrir custos do sector agrícola, cria legislação de forma a intrometer-se nas relações comerciais e contratuais entre os vários agentes económicos, cobra impostos aos contribuintes para usar em programas de apoio ao sector agrícola e mais umas tantas medidas que vão no sentido de reforçar distorções, criar novas distorções e, inevitavelmente, aumentar o preço dos bens alimentares. E depois, claro, tanto nos governo de direita como nos de esquerda há os excessos de intromissão em áreas alheias.

publicado por Maria João Marques às 14:15 | comentar | partilhar