Eu tenho filhos na escola e a minha sensação é que, mesmo em termos de matéria dada, o nível de exigência é muito superior ao da escola no meu tempo.
É que às crianças é, de facto, exigida menos tabuada e menos prova dos nove e menos literatura, mas em compensação têm que aprender muitíssimo mais do mundo que as rodeia. A começar pelos computadores e a acabar em conceitos como "poluição", que no nosso tempo nem sequer existiam nas cabeças dos adultos, quanto mais nas dos jovens.
Ou seja, a matéria é menos aprofundada, mas em compensação tem muito mais abrangência, o que levanta imensos problemas às cabeças dos jovens.
A minha sensação é que essas pessoas que passam a vida a dizer mal da educação atual só o fazem porque não têm filhos na escola. O que, aliás, não é difícil, dado a baixa da natalidade, que faz com que muita gente atualmente não tenha que se preocupar com educar crianças e se possa limitar a ver da bancada e dar palpites maledicentes.
xico a 5 de Junho de 2012 às 09:38
Tudo o que disse é verdade excepto uma: "que de modo algum impediu que tivéssemos hoje uma elite estudantil muito melhor do que a que a precedeu".
Isto é, a democratização não deveria ter impedido essa elite melhor. Mas de facto a elite estudantil de hoje não é melhor do que a precedeu. É maior. Só. E já não é pouco.
Que um engenheiro não saiba quem foi Camilo ou Júlio Diniz não me preocupa muito (embora não lhe fizesse mal nenhum que conhecesse o episódio do velho Vicente, da faia e do carvalho e da estrada, na Morgadinha dos Canaviais), mas um advogado ou juiz que não saiba quem foi Sófocles e que nunca tenha lido Antígona, preocupa-me, e muito. Não por ele, mas por todos nós que estamos nas suas mãos.
Nunes a 6 de Junho de 2012 às 11:13
Eu sou engenheiro, não conheço o episódio, nunca li a morgadinha mas já li Sófocles... Sou produto do ensino público, e a minha mãe não terminou a 4ª classe. O ensino tem muitos problemas, sem dúvida (e não criar um escol é um deles, devia por exemplo apoiar-se mais os alunos de alto rendimento - os superdotados), mas que é melhor assim não há dúvida nenhuma. Cumprimentos.
xico a 6 de Junho de 2012 às 20:39
Eu também sou engenheiro, e acredite que ter lido a morgadinha ajudou-me a compreender muitas coisas no dia a dia da minha profissão, daí o episódio que referi. Os clássicos e a literatura são uma ferramente essencial no auxílio da técnica que todos temos de dominar. Também prefiro um ensino aberto a todos, mas o desprezo das humanidades tornou-nos a todos mais pobres e menos capazes de usar com justiça e sabedoria a técnica que nos ensinaram. Um engenheiro tem de ser um homem culto. Para bem dele, da profissão, e daqueles a quem serve. Um juiz e um advogado têm de perceber quais as fontes do direito, como ele nasceu, e como se desenvolveu ao longo da história. A incultura dessa gente, que confirmo todos os dias, é perigossíssima, tendo em conta o poder que têm sobre a vida dos outros. A leitura de Antígona devia ser obrigatória em qualquer escola de direito, e já agora, em qualquer outra. A democratização do ensino pode explicar mas não justifica esse desprezo pela literatura, pela história, pela geografia e pela filosofia. Também sou produto do ensino público. E tenho pena de que os meus filhos não possam dizer, como eu pude, que grandes intelectuais e os políticos do meu país foram produto do ensino público.
Renato a 6 de Junho de 2012 às 22:00
Gostaria que me explicasse que literatura, que história, que geografia, que filosofia se aprendia antigamente, nesses tempos ilustrados. De história e geografia, os livros eram de um pobreza franciscana. Aprender pelo velho Matoso ou pelo Ameal, era desaprender. Geografia, qual? Como é que um pais orgulhosamente fechado ao mundo aprende geografia, para além as linhas de comboio que começavam em Lisboa e acabavam em Vilar Formoso? Que Filosofia? Como é que se aprende filosofia em silêncio? De Literatura, vai-me desculpar, mas trazer o muito estimável Júlio Dinis para isto, não serve os seus fins. Bem podia trazer também o digno Feliciano de Castilho. Fale-me do Camilo. Aprende mais disso que pensa numa página do Camilo que na obra toda do Júlio Dinis. Deste, lia-se o quê na escola e em casa, diga-me lá? Pergunte por aí a quem tem mais de 60 anos o que leram do Camilo. Não se esforce por apresentar a elite de antigamente como leitores de Antigona., que ninguém engole. Apresentar o pais de há quarenta, cinquenta anos, como uma Academia de leitores dos clássicos, dá vontade de rir. A nossa elite lia o Abel Botelho, quando o apanhava e era um pau. De resto, havia livros de citações de clássicos pré cozinhadas e uns opúsculos de frases em latim que eram utilizados com abundância e jactância pelos meritissimos e advogados.
Dá-me a impressão de que estou aqui a assistir em directo à invenção de um país.
Renato a 5 de Junho de 2012 às 11:20
Como é que nesta altura ainda se continua a discutir se o ensino era melhor ou pior, é espantoso para mim. Pensava eu que era quase intuitivo. Se não querem dar-se ao trabalho de procurar saber os números e impacto da investigação científica em Portugal (Pordata!), podiam pelo menos confiar na experiência comum, e ver como qualquer criança de dez anos escreve e calcula melhor que a maioria das pessoas com mais de cinquenta anos, que hoje se lê muito mais, etc. Repito: as crianças fazem no ensino básico (e continuam a fazer ao longo da vida escolar) melhor e mais complexo cálculo matemático, e têm uma aprendizagem científica mais completa e complexa, do que tinham à quarenta anos, para além de outras áreas, como o estudo da lingua. Mas vai continuar esse mito urbano eternamente. Não há volta a dar.
Teresa a 5 de Junho de 2012 às 14:15
... "do que tinham HÁ quarenta anos". :))
Renato a 5 de Junho de 2012 às 15:05
Está a ver, está a ver?... ;)
Nunes a 6 de Junho de 2012 às 11:14
LOL
Anónimo a 5 de Junho de 2012 às 15:03
Caro Renato,
Está mesmo a falar a sério ? Acredita mesmo no que escreveu ?
Na minha qualidade de aluno do ensino secundário (antes de 74; sem biblioteca em casa; com pais apenas com o ensino primário), licenciatura pós 74, docente em pós graduação universitária, sogro de um investigador, pai de uma doutoranda; uma licenciada e ainda dois alunos no secundário, digo :
A mim, o que li no seu post, parece-me uma peça de humor irónico.
Provavelmente a sumula das minhas vivências e experiências deve ser sui generis.
V.Santos
Teresa a 5 de Junho de 2012 às 17:46
V. santos, desculpe-me mas para além do seu curriculum e do da sua descendência não percebi o que queria dizer e quais as conclusões que devemos tirar. O ensino era melhor porque os seus pais não tinham biblioteca? Consta que jesus cristo também não tinha mas penso que se está aqui a discutir o ensino e não milagres.
Anónimo a 6 de Junho de 2012 às 14:25
Eu ajudo :
Contraponho a ideia de Alexandre Homem Cristo "Ensinar literatura a alunos que têm bibliotecas em casa não é o mesmo que ensinar a alunos que nunca viram um livro na vida – não se pode comparar o aluno médio de uma elite com o aluno médio de um país", com o meu exemplo (e já agora o da esmagadora maioria dos meus colegas de escola - Emídio Navarro em Almada - para não falar dos milhares com quem nunca me cruzei)
Cito a minha actividade docente e a família (genro e 4 filhos), para evidenciar que naturalmente, não só pela minha experiencia lectiva mas também pelo acompanhamento da sua vida/percurso académica dos descendentes, permito-me (estou em posição de) ter opinião sobre o assunto.
O que queria dizer (e disse) é que o comentário do Renato me parece - face ao seu desfasamento da "minha realidade", das minhas experiencias e vivências - uma peça de humor irónico.
E ironicamente disse : Provavelmente a súmula das minhas vivências e experiências deve ser sui generis .
V. Santos
Renato a 6 de Junho de 2012 às 15:28
V. Santos, o seu é um exemplo de superação de condições adversas. Parabéns. Mas não tem a ver com a média, que era o que o Alexandre falava, ou com a relação entre a regra e a excepção (as excepções podem até ser muitas). Como docente em pós graduação universitária perceberá com certeza isso, tanto assim que, à cautela, terá tido o cuidado de prover a sua casa com livros para os seus filhos, suponho eu.
Renato a 6 de Junho de 2012 às 15:47
Mas não posso deixar de dizer mais isto: como é que um professor, universitário ou não, menoriza e relativiza a importância de se ter livros em casa, para a educação e cultura dos filhos? É espantoso, não compreendo.
Teresa a 6 de Junho de 2012 às 17:39
renato, o que eu ainda não compreendi é qual é a opinião do V. santos. Continuo a dizer que, até agora, nos deu alguns factos mas não vi, ainda, qualquer conclusão excepto a constatação de que tem uma opinião sobre o assunto. O V. Santos não teve uma biblioteca, os filhos, presumo, já a tiveram. Isso quer dizer que o esforço dele é mais meritório que o dos filhos e que ele, cientificamente, está mais bem preparado, o contrário disto ou nem uma coisa nem outra?
Na idade das minhas filhas eu tinha uma biblioteca em casa. Tinha, até, aquilo que durante muitos anos achei imprescindível em qualquer casa, enciclopédias. Agora não tenho, as minhas filhas também não, mas o nosso acesso à informação é incomparavelmente maior e melhor do que era o meu há 30 anos. Eu frequentei um colégio particular do litoral centro, elas frequentaram e frequentam escolas públicas do interior algarvio e se, em comparação com as escolas públicas do litoral centro, estas escolas têm algumas lacunas se comparar os conhecimentos adquiridos por elas nestas escolas e os que eu, com a idade delas, tinha adquirido na minha escola eu fico, francamente, a perder.
Eu fui uma privilegiada. Quando entrei para a escola, a 1ª classe da altura, sabia ler, escrever, já tinha tido contacto com duas línguas estrangeiras, francês e inglês, e o meu pai tinha passado muitas horas comigo a ensinar-me, com uns cadernos publicados pela Gulbenkian, aquilo a que na altura se chamava matemática moderna. Há uns dias, só por curiosidade, fui ver os últimos testes intermédios de matemática e português do 4º ano, repito, 4º ano. Posso adiantar que fui sempre uma excelente aluna, licenciei-me em Direito na FDUCoimbra e não sou propriamente uma pessoa desinteressada e desinformada mas depois de ler aqueles testes tive de chegar à conclusão que, afinal, eu ainda não estou preparada para ir para o ciclo...
Renato a 6 de Junho de 2012 às 18:16
Teresa, ter informação e livros é melhor do que não ter informação e livros. Parece-me, ou parecia-me, uma daquelas verdades absolutas; não se morre de congestão por excesso de informação. E portanto, também não percebi o que queria o V. Santos dizer.
Eu ainda tenho lá uma biblioteca luso brasileira, pesadíssima e que ocupa imenso espaço, e não sei o que fazer com ela. É uma relíquia, que espero que o meu filho acarinhe, pelo menos por motivos históricos ;)
Quanto aos exames de matemática e português é isso que eu também penso. Eu também não me considero burro, mas confesso que já passei vergonha perante o meu miúdo, que tem oito anos. Eu não devia confessar isto, até porque ele tem só oito anos e está no terceiro ano, mas pronto, as coisas são como são. Mas também não era grande coisa a matemática, a não ser a parte da geometria, que adorava, vá-se lá saber porquê.
A minha intuição, vai pouco na linha do Alexandre e do Renato, e mais na linha do Vasco G.M. e do xico: o ensino antes era melhor.
No entanto, gostei francamente do post porque me fez questionar isso e pensar. Uma das dimensões evidentes é esta das vantagens da democratização do ensino vs. ensino só para elites.
Mas acho mais importante a questão dos fundamentos e da sistematicidade. Antes ensinava-se com um sistema mais completo, que podia ter as suas falhas, mas preocupava-se mais dos fundamentos das coisas, da ética, de uma filosofia com perguntas mas também com respostas, do latim, etc. Na estrutura mental de quem estudou nesse tempo, o ensino actual é fraco porque nem chega a tentar dar o essencial.
Ok, o ensino actual depois dá muito mais coisas, coisas soltas, internet, copy-paste, multitasking. Não quero desprezar aqui este tipo de conhecimento, é o do momento, e tem as suas forças e potencial. Mas não satisfaz quem mastigou coisas mais sólidas.
E o que está mesmo pela hora da morte no nosso ensino agora é a formação do carácter, das virtudes. Os nossos alunos só não ficam uns animalzitos porque ainda há professores bons e pais preocupados. E porque sempre são precisas algumas virtudes para estudar a matemática que produz os resultados do PISA. Mas se dependêssemos só do Ministério, só havia resultados e, claro, "processos de aprendizagem", "experiências", "vivências", "dinâmicas de grupo", bla, bla.
Por isso termino como o Alexandre: dêem-nos mas é liberdade de ensino e autonomia, certamente haverá quem saiba educar bem juntando o bom do antigamente com o bom de agora. E quem queira dar a todos o que dava antes às elites, em vez de dar agora às elites o pouco que antes dava à maralha. Dificilmente essa conciliação virá da 5 de Outubro...
Lim Pópó a 6 de Junho de 2012 às 18:10
A escola, o ensino envolve muitas componentes que não concorrem entre si, mas que se juntam para fazer força de forma a que surjam as notas finais e não se esqueça, NUNCA, das forças parciais. Ao ter contacto com a vida do ensino, vai com certeza reparar que ninguém quer saber de aprender com a barriga vazia, e ainda mais problemático, sem vontade de quem tem a acção vicária, de promover e fazer auscultação da vontade de pupilos. É no fundo um problema de se acreditar em Leibniz, ao termos de nos aceitar pessimistas, se tudo nesta vida girar em torno do "melhor dos mundos possíveis", que para mim é a repetição nas suas formas padrão, desde logo a memorização e o estar em menos de todo lado, no aqui e agora, a cada instante e situação esclarecida. Onde estaria Portugal, com a sua elite e capacidades, que não duvido que as tenham, se por um ocaso dedicassem-se a valer-se delas!!!
Aprecio a necessidade de luta, de posições contraditórias, mas ainda aprecio mais a distância que vai do "ser", ao fazer...
José Hermínio da Costa Machado a 5 de Junho de 2012 às 12:43
«Ficará quando todo o currículo nacional for pensado com base no princípio da autonomia escolar, permitindo às escolas uma efectiva adaptação às necessidades educativas dos seus alunos. A única resposta legítima ao pluralismo é mais diversidade, e não mais centralismo.» - Ora eu bem gostaria que o Alexandre se interrogasse seriamente sobre estas palavras finais e esclarecesse: todo o desenvolvimento que o ensino tem revelado é fruto de que autonomia? Em que é que o centralismo, neste país pequeno, impediu o desenvolvimento citado e referido? Como é que adaptar currículos às necessidades educativas dos alunos requer autonomia, se essa recomemdação é feita pelo governo central? Num país pequeno como o nosso, o que falta ao Estado (ME) para não conseguir responder ainda melhor ao pluralismo? Afinal para que serve o ME e suas DR? Convém não esquecer que todas as escolas públicas são geridas por circulares do ME!
Miguel a 5 de Junho de 2012 às 15:24
Até a excelência das ditas elites do antigamente é --sejamos caridosos na classificação-- duvidosa.
Concretamente: quais foram as suas contribuições para o conhecimento científico, as provas da sua capacidade de inovação tecnológica ou mais geralmente cultural? Que obras deixaram? O que fizeram na sua época para que os mais jovens tivessem acesso ao que de mais interessante se fazia no resto do mundo? Alguém sabe?
Levo 25 anos de ensino, básico e secundário. O nível dos meus alunos de hoje é muito superior ao que tive no início da profissão, seja em que meio for.
Puro mito, e haja paciência para a arrogância de quem não percebe que as estações e apeadeiros do caminho de ferro de Benguela não eram ensino, era imbecilização pura (pela qual também passei).
A questão de exigência é mais complicada, depois de uma década de facilitismo economicista (os chumbos são caros, assumiu MLR), mas só faz sentido até ao 9º ano.
Teresa a 6 de Junho de 2012 às 12:39
(Olá José João)
Não faço puto de ideia das estações e apeadeiros, acho que os aprendi mas também depressa os esqueci, mas lembro-me bem, muito bem, de ter ficado de castigo na 4ª classe por ter feitos demasiadas perguntas sobre Goa, Damão e Diu. Uma coisa eu sei sobre o actual ensino, não há perguntas proibidas e só isso já chega e sobra para tornar disparatada qualquer comparação entre a escola de hoje e a do antigamente. Mas isto sou eu que sou uma lírica.
A minha oral da 4ª classe terminou com uma pergunta sacana: qual a capital de Angola e Moçambique. Devo ter levantado alguma suspeita antes. Mas lá tive de engolir e responder Lisboa. Não morreu ninguém por causa disso.
Teresa a 6 de Junho de 2012 às 13:38
E tiveste a noção de que a pergunta era sacana? Na 4ª classe fazia perguntas por curiosidade, por necessidade de saber e entender mas não sei se teria uma consciência política que fosse muito além do básico, os maus e os bons.
Tive, tive. Foi o castigo por ser o menino que aos sábados de manhã até podia mexer os lábios mas não cantava o hino da MP.
Eu nasci em 71. Atravessei toda uma série de convulsões no ensino. Mesmo assim, estou firmemente convicto de que o ensino não melhorou desde a minha época de estudante.
Há mais alunos a receber "escolaridade"? Sim, e isso não é mau. Estão também a ser ensinadas matérias diferentes, quiçá mais diversificadas? Admito que sim. O problema é que a "mais matérias" não me parece corresponder "melhor conhecimento". A média do ensino, hoje, parece-me mais fraca do que a média no meu tempo. Se baixou para não marginalizar estudantes de meios mais desfavorecidos que agora frequentam a escola, como eu leio amiúde - não resolve um problema e cria outros.
Em 2001 ou 2002, não me recordo com exactidão, li um memorando que um meu ex-professor da faculdade fez circular no seu departamento. Há já dez anos, ele afirmava que estava a notar nos alunos que iam chegando um decréscimo na capacidade de se expressarem por escrito; maior dificuldade em compreenderem um texto (ele frisou que o problema não era não saberem como responder, era não compreenderem a que responder); e menor capacidade de concentração (qualquer problema que levasse mais do que cinco minutos a resolver era um abismo intransponível para muitos).
Eu atravessei toda a escolaridade e toda a Universidade sem poder usar uma calculadora em Matemática. Quando, há uma meia-dúzia de anos, uma cliente me disse que o seu filho tinha, como material obrigatório para Matemática, uma calculadora, eu pensei que ela estivesse a mangar comigo. O miúdo estava, se não me engano, na 4ª classe… Isto é um pormenor de todo um ideário tresloucado que tem infectado o M.E.
Lúcio a 6 de Junho de 2012 às 16:06
Acontece que o sr. Cristo envereda por outro caminho sem contrariar minimamente a tese que pretende contestar: confunde alargamento do sistema de ensino com "melhoria" do sistema de ensino (identificação discutível); confunde alargamento das possibilidades de ascensão socio-económica com "melhoria" do sistema de ensino (identificação discutível); etc.
Talvez se devesse comparar o que há 40 ou 50 anos um aluno sabia à saída do liceu com o que um aluno sabe hoje quando termina o 12º ano - se é que tal comparação é possível. Mas, creio, sendo tal confronto possível, o aluno de hoje, excepto no domínio da língua portuguesa (culpa da supressão do latim, que liquidou a correcção sintáctica e o rigor semântico), na geografia e na aritmética, não fica necessariamente a perder... (ao contrário do que o senso comum sugere)