Vasco a 6 de Julho de 2012 às 09:47
Exactamente. Quando a vontade de igualdade nasce da inveja e se confunde com justiça, está tudo dito.
Leni R. a 6 de Julho de 2012 às 09:47
Água! (batalha naval)
Ferreira a 6 de Julho de 2012 às 09:59
Então os deputados e as suas regalias? São inconstitucionais. E os militares com saúde e transportes pagos? São insconstitucionais. E todas as regalias de todos os sectores profissionais? São inconstitucionais. E o mundo? É inconstitucional.
LB a 6 de Julho de 2012 às 11:36
Realmente esta história do princípio da igualdade é uma bela treta!
Que eu saiba os funcionários públicos têm garantia de emprego mesmo que não mexam uma palha, coisa que não acontece no sector privado! Que eu saiba, é no sector privado que o ajustamento da economia se tem feito: o galopante desemprego vem quase todo do sector privado! E isto é de tal forma flagrante que já há redução efectiva dos salários no privado (seja porque quem consegue arranjar novo emprego se sujeita a salários mais baixos, seja porque as empresas arranjam alguma forma de conseguir reduzir os salários dos trabalhadores actuais). Porque é que os funcionários públicos, que têm mais garantia de emprego, não hão de ter também reduções salariais???
A. Santos a 6 de Julho de 2012 às 16:25
LB:
Sabe quantos professores contratados há 5, 6, 7, 8, 9 e 10 anos vão ficar no desemprego este ano com as medidas de contenção, reorganização administrativa e de reestruturação curricular aplicadas pelo Ministério?
Talvez não fosse mau informar-se.
Depois, na F. P. não há despedimentos.
Sabe quantos funcionários públicos existem?
Para uns 550 mil, para outros 700 mil, conforme os gostos.
Sabe quantos professores das universidades, dos institutos de investigação, dos politécnicos, dos restantes graus de ensino, quantos magistrados, quantos médicos, quantos enfermeiros, quantos quadros superiores da Administração Pública existem?
E que percentagem representam do total da F. P.?
Não sabe.
Sabe quais são as habilitações, a formação académica e profissional desta gente?
Não sabe.
E no sector privado há esta percentagem de pessoas com esta formação, quer no global das empresas, quer empresa a empresa?
Não há.
Só se pode comparar o que é comparável.
Se comparamos duas realidades não comparáveis distorcemos a análise e as conclusões.
Quero com isto dizer que a F. P. funciona bem? Que não deve ser reduzida? Que não deve trabalhar mais horas? Etc., etc?
Não.
Mas para funções iguais deve haver ordenados e outras regalias mais ou menos equivalentes.
Um motorista da F. P. ganha mais do que no sector privado? E um contínuo? E um indiferenciado? E um médico?
Não.
Portanto, honestidade e pouca paixão (sobretudo ideológica) nas comparações.
A. Santos,
não vale a pena gastar o seu Latim. As pessoas abraçam afectivamente uma perspectiva ideológica e depois sacrificam a essa adesão a honestidade argumentativa. Este género de pessoas não quer ouvir argumentos, não quer descer ao terreiro da discussão. Já decidiram para lá de toda a argumentação e os argumentos contrários não lhes interessam.
Esta tropa agora na moda, há 30 ou 40 anos, espumaria com a mesma arrogância "científica" a respeito da inevitabilidade da marcha da História num certo sentido, sobre uma ditadura do proletariado, etc. (Ainda que esses, pelo menos, assentavam as suas "certezas" em construtos "metafísicos" que não deixavam de ser dotados de uma certa dignidade.)
A. Santos a 7 de Julho de 2012 às 10:16
Carlos Botelho:
Eu nunca tive o mínimo problema com ideias diferentes, opostas mesmo às minhas, eu costumo dizer que já ultrapassei a idade das certezas, portanto, já só tenho umas 2 ou 3, mas essas são inquestionáveis para mim e para toda a gente (ou quase).
E gosto de dialogar com base em ideias e argumentos, não em ideologia (muito menos cega) nem em «argumentos» laterais sempre que somos confrontados com um que nos borra a nossa narrativa.
É a técnica hoje na discussão pública, sai-se do argumento principal à primeira dificuldade e lateraliza-se «ad eternum».
É uma pena, quem não é capaz de dialogar, de argumentar, queixa-se do estado do país porquê?
O estado do país não é também resultado desta indigência mental mais ou menos generalizada?
Fil a 12 de Julho de 2012 às 12:33
Este senhor LB das duas uma, ou chegou hoje a Portugal e não sabe o que se passa na função pública, ou é desonesto intelectualmente. O que é que você chama a congelamento de salários, redução efectiva de salários (desde o ano anterior), congelamento de carreiras, progressão, corte de dois salários e afins? E no privado não há salários principescos e carros de serviço, senhas de combustivel e alcavalas várias para fuga a impostos? E não há gente competente e incompetente como na função pública? Eu por acaso, até conheço as duas realidades, o que imagino não será o seu caso nem do autor deste post (que raio de lógica absurda, então tudo o que o privado tiver como regalia - basta olhar para a banca - é inconstitucional, o país é inconstitucional como diz um comentário abaixo, e bem).
Eu sinceramente, acho que este tipo de gente que odeia por odiar e entra sem qualquer tacto neste tipo de generalismos deve ter problemas afectivos graves, na realidade, acho que têm um pouco das duas coisas acima descritas, ignorância e desonestidade intelectual. Contribuem imensamente para o bem deste país com este tipo de arremesso dos privados contra o público, curiosamente, quando a vida lhes correr mal, já se sabe qual é a primeira porta onde vão bater, ao Estado claro, não foi assim com os bancos?
Mary a 6 de Julho de 2012 às 11:55
Esta argumentação é no mínimo ridícula. Seguindo o mesmo raciocínio é injusto haver salários diferenciados, condições de trabalho diferenciadas, contratos de trabalho diferenciados. Para o mundo ser justo e igualitário tínhamos todos de ganhar o mesmo? Tenho apenas uma palavra para descrever este tipo de argumentação relativa aos funcionários públicos: inveja. Recomendo que o Pedro se mude para a função pública, já que acha que os funcionários públicos têm tão boas condições.
Pedro Roque a 6 de Julho de 2012 às 12:52
Realmente a função publica é tão má, os cortes nos subsídios tão injusto e a exigência de produtividade tão alta, que se tem registado um verdadeiro êxodo da FP para o privado, não é verdade?
Pois, bem me pareceu...
Mary a 6 de Julho de 2012 às 15:07
Não deve conhecer muitos funcionários públicos. Aliás não deve conhecer nenhum. Só não se vem embora quem não pode. Quer exemplos, eu dou-lhe: médicos. E por aqui me fico. Não argumento com quem diz que não há exigência de produtividade na FP. Mas a sério, experimente entrar na função pública se as condições lá são boas quanto defende parece-me o local ideal para si.
Pedro Roque a 6 de Julho de 2012 às 16:51
Olhe, conheço, por ex., o funcionário do tribunal que me atendeu a semana passada. Só precisava de tirar um atestado de antecedentes criminais. Tive que ir para coimbra porque o funcionário aqui não sabia usar o software...
Conheço o meu médico de família, que ainda ontem se recusou a passar-me uma credencial para fazer uma TAC, pq não vai com a cara do meu dentista. Mas se for a dentista que ele me recomendou, talvez a conversa mude.
Conheço os fiscais da camara, que me embargaram a construção duma churrasqueira... numa zona onde não há uma casa sem a dita. Passados dois dias já cá estavam, para perguntar se queria resolver o problema de alguma maeira ($$$$)
Conheço o meu vizinho, que sempre que precisa de limpar a mata ou alguma coisa na casa dele, tem à disposição o pessoal da camara onde ele trabalha. Se eu preciso de alguma coisa, pois que contrate alguém!
Quer mais exemplos?
A. Santos a 6 de Julho de 2012 às 19:30
Pedro Roque:
Não tenho a mínima dúvida de que são verdadeiros os seus exemplos.
Alguns são semelhantes a outros que conheci pessoalmente.
Mas há dias fui tratar do IMI às Finanças e couberam-me 3 funcionários, em 3 momentos diferentes, não imagina qual deles mais atencioso e eficaz. Digo sem ironia, até fiquei espantado, dada a fama (e muito proveito).
Mas nas empresas privadas é sempre bem atendido.
Ao menos na maioria delas?
Eu já fui atendido em médicos particulares, a pagar 60 euros de consulta, com 3 horas de atraso.
Para não falar de outros prestadores de serviços noutras áreas.
Portanto, nem tudo funciona sempre mal no público, nem tudo funciona sempre bem no privado.
Dou-lhe apenas o exemplo das escolas de condução, todas privadas. Sabe o que e passa no ensino da condução, não sabe?
A guerra sem quartel que nós travamos, a propósito de tudo e de nada, com generalizações abusivas, entrincheirados nas nossas posições maniqueístas, tantas vezes assentes em preconceitos ideológicos, não nos levam a nada.
Vá por mim.
Pedro Roque a 6 de Julho de 2012 às 20:48
A Santos,
De acordo, há bons funcionários tanto no privado como no sector publico. Como também há maus funcionários no privado ou no publico. Mas qual a penalização para maus serviços prestados no sector publico? É que se sou mal atendido numa qualquer empresa, só o sou uma vez! A não ser que seja uma dessas empresas privadas a que o estado permite o exercício de verdadeiros monopólios, eu procuro quem me trate como eu acho que mereço.
Se um funcionário da camara me aparece em casa na procura dumas luvazitas, vou fazer o quê? Mudo-me para o município vizinho?
A. Santos a 6 de Julho de 2012 às 23:31
Pedro:
É evidente que pode mudar de município, mas não «por dá cá aquela palha».
Mas pode mudar de funcionário de atendimento, queixar-se pessoalmente ou por escrito, reclamar no respectivo livro oficial de reclamações, apresentar o caso publicamente, etc. etc.
E olhe que resulta tantas vezes.
Não podemos é ver as coisas com «fixismos»: isto é assim, pronto.
As coisas são o que nós fizermos por serem, no privado ou no público.
E se no seu concelho houver apenas uma empresa privada num determinado ramo muito específico, e que sirva mal os clientes?
Muda de concelho?
Atente no que disse M. Torga:
«É um fenómeno curioso: o país ergue-se indignado, moureja o dia inteiro indignado, come, bebe e diverte-se indignado, mas não passa disto... Somos, socialmente, uma sociedade pacífica de revoltados».
O Pedro contra os desgraçados dos funcionários públicos que ganham 400 euros/mês líquidos (e são tantos), contra os professores públicos que têm garantia vitalícia de emprego (agora em Setembro vão entre 10 e 20 mil para o «olho da rua», sim eu sei que o «olho da rua» não é desemprego, ainda assim.
E o Pedro sabia que os professores que ao longo dos anos têm ficado aos milhares desempregados após 4, 5, 6, 10 anos de contratos (leu bem, 10 anos) só há muito pouco tempo passaram a ter direito a subsídio de desemprego?
Mas faziam os descontos todos.
Uns privilegiados estes funcionários públicos.
Haja equidade!
Fil a 12 de Julho de 2012 às 14:43
Aliás, o privado está farto de empregar gente não é? É incrivel a quantidade de empregos que por aí andam, de facto. Os patrões andam aí todos a bater à porta do sector público para contratar, é uma loucura, até porque cada vez há menos desemprego em Portugal, como se sabe...Sinceramente, argumentar pode e deve-se, mas com seriedade...A função pública, para a maioria da população activa, não é a dos tachos para administrações de empresas e afins, tenho anos de privado e público, sou de uma geração que está a apanhar o pior da função pública (porque hove outras que reconhecidamente tiveram melhores dias) e já vi de tudo em ambos, agora, se querem entrar nestes populismos e chavões para conversa de café pelo menos pensem 5 segundos que sejam.
Nota: É curioso perceber que o tom destes comentários depreciativos parecem indiciar mais que isso, parece gente frustrada à procura do que gostam de generalizar, tachos a ganhar bem e a fazer pouco, será isso?
lucklucky a 6 de Julho de 2012 às 13:04
O Tribunal Constitucional demonstrou bem que é uma Instituição Corporativa Comuno-Fascista que existe para proteger o Estado e aqueles que o servem e se servem.
Todos os que estão fora do Emprego Estado que se lixem é a prática do Tribunal Constitucional.
JS a 6 de Julho de 2012 às 19:06
Este Acórdão do TC é uma peça vaga. Só generalidades.
O Governo, e a AR, deviam exigir esclarecimento.
Como é que o Governo vai decidir perante esta falta de precisão num assunto com tantas variáveis?. Quem é, e como é, abrangido ou não?
Qualquer Governo pode fazer o que bem entender e o seu contrário.
Depois volta-se ao TC?. Saúdo os vencidos.
António Coelho a 6 de Julho de 2012 às 13:24
Para já, e para começar, constata-se que a solidariedade nacional desapareceu. proponho uma guerra civil: setor público vs setor privado.
Depois, sugiro que se acabe com a função pública: privatize-se tudo. O cidadão comum não terá mais que pagar os agora serviços públicos ao preço de custo. Paga a educação dos filhos por inteiro, se não tem dinheiro fica com filhos analfabetos e paciência. Paga os serviços de saúde por inteiro, se não tem dinheiro paciência, morre e depois já não tem que se incomodar. Paga os serviços judiciais por inteiro, se não tem dinheiro vá pedir justiça à Nossa Senhora. Chegaremos então a um patamar perfeito em que o setor público desaparece e é tudo privado.
O princípio da igualdade é facílimo de aplicar: TODOS os cidadãos, independentemente do modo como auferem os seus rendimentos, que ganhem mais de 1500 € / mês, devem pagar 2/14 do seu rendimento anual a título de imposto extraordinário. Claro que havia que disciplinar e fiscalizar os liberais (advogados, empresários por conta própria, etc) que declaram ninharias, bem como os trabalhadores do privado que auferem rendimentos não declarados ou pagos em espécie (carro, viagens, telemóvel, etc.)
Por fim, havia ainda que acabar com essas benesses privadas, como por exemplo, descontarem no IRS os livros, gasolina, formação profissional, refeições, etc.
Mas eu quero mesmo é uma guerra civil!
Fil a 12 de Julho de 2012 às 15:30
Excelente comentário, tal e qual, parabéns.
Não sei se o autor do post se apercebe que o que apresenta não são, realmente, argumentos. Pelo menos, argumentos legítimos.
Parecem ser mais provocações irritadas.
Pedro Roque a 6 de Julho de 2012 às 17:04
Como não?
Se os sacrifícios não podem ser só para alguns, qual a justificação para as regalias o poderem ser?
Se o estado fosse uma empresa, o primeiro passo seria um plano de reestruturação. E tal tem que passar forçosamente pela diminuição da massa salarial. Mas é obvio que não basta. É fundamental que se corte a dependência que os nossos capitalistas da treta têm do estado, seja nas PPPs, energéticas, banca e sabe-se lá que mais.
Infelizmente, começo a ficar muito pessimista quanto à vontade deste governo mexer em tais coisas. Tomates, precisam-se!
Pedro Oliveira a 6 de Julho de 2012 às 17:12
Só para relembrar que a CGA é só para quem entrou até ao fim de 2005... e muitos para terem ADSE têm que pagar 1,5% do seu ordenado, além dos 11% para segurança social, o que pode custar mais do que pagar um seguro de saúde privado...
Pedro Roque a 6 de Julho de 2012 às 18:11
Esse raciocínio teria lógica se o pagamento dos 11% fosse facultativo. Como não o é, o argumento cai pela base. Eu pago 11% para a SS, mais 70€ mensais para um seguro de saúde, que comparado com a ADSE é uma grande bosta!
Só para que saiba, 70€ é 1.5% de 4666€!
A. Santos a 6 de Julho de 2012 às 20:09
Pedro Roque:
Conhece realmente as quotas da ADSE e as comparticipações?
Duvido.
Sócrates Vicente a 6 de Julho de 2012 às 18:21
A ADSE só é injusta caso seja, ano após ano, deficitária e mesmo que seja, a sua extinção não faz qualquer sentido, antes sim a sua reorganização em termos da oferta e comparticipação, por forma a ser auto-financiada.
Devo confessar a minha ignorância sobre o estado das contas da ADSE (receitas - despesas), no entanto nada mais é que um seguro de saúde cooperativo, sem fins lucrativos, organizado pelo Estado.
Há empresas que contratam seguros de saúde para os seus trabalhadores. A ADSE nem é esse o caso, visto que os trabalhadores descontam 1,5% do seu ordenado.
Pode-se tentar argumentar que há muita gente sem um seguro de saúde semelhante e poucas são as empresas que oferecem essa regalia. A resposta a isso é o cooperativismo.
Os trabalhadores por conta própria, as pequena e médias empresas ou até maiores, que se juntem e formem uma seguradora cooperativa sem fins lucrativos, que é onde está a diferença para com um seguro comercial (onde a empresa que o organiza retira uma fatia bem considerável para si e não apenas para cobrir custos administrativos e com funcionários como uma cooperativa faria).