SC a 21 de Agosto de 2012 às 20:47
"Viabilizando o fecho do Ramal de Cáceras"....
Um incómodo ramal , de facto. É preciso fechar cada vez mais, para manter a tradição - partilhada com o Brasil - de únicos países do mundo que diminuíram a extensão de caminhos de ferro.
Também é interessante a fusão num só comboio, do velho Sud e Lusitânia, deixando um deles de ser directo.
V. Exia. devia ser, urgentemente, nomeado (ou renomeado) director de qualquer coisa.
P.s. Os habitantes de Coimbra ou da Guarda não tinham ligação a Madrid pelo Sud Express? E em vez de mudarem em Espanha, como diz, não poderiam fazê-lo no Entroncamento? Ou será dificil alinhar os horários para uma boa ligação entre Coimbra e o Entroncamento?
SC
O facto de se fechar um ramal que a ninguém servia não significa defender a diminuiação da extensão do caminho de ferro. Espanha tem fechado muitas linhas e não tem diminuido a importancia do caminho de ferro. Contrariamente ao que pensa eu defendo o caminho de ferro e a sua valorização.
A questão é que defender o caminho de ferro é defender ligações viáveis a valorizar as que temos de apostar.
O ramal de cáceres não tinha mais nenhuma ligação e cerca de 80 km de via aram mantidos apenas por causa de uma composição diária de passageiros o Lusitania. Ao invés a linha da Beira Alta tem mais 14 composições diárias e a linha está electrificada.
O que defendo é que o Lusitania e o SUD se mantenham mas que sigam juntos até Valladolid seguindo sendo que em Valladolid as carruagens da frente seguem para França e as de trás para Madrid.
Esta operação é comum na ferrovia. Ou seja existem dois comboios directos.
Contrariamente ao que se pensa a ligação pela Beira Alta tem apenas mais 30 kilometros de distancia o que em 640 é irrelevante. Madrid fica à latitude de Aveiro.
Finalmente é totalmente diferente o comboio servir passar por Coimbra, Guarda e Salamanca com ligações simples ao Porto e a Aveiro do que passar em Abrantes e Marvão.
Anónimo a 22 de Agosto de 2012 às 15:48
"um ramal que a ninguém servia" é um ligação internacional...
Ninguém esperaria que a administração da CP - conhecidas pela inépcia e gosto por carros caros - pusesse a questão certa: "como aumentar a procura?"
São coisas que exigem esforço.
O melhor é "racionalizar", de facto. Feche-se.
Fechar o Ramal de Cáceres foi uma boa decisão, cuja racionalidade há muito era evidente e que, portanto, só peca por tardia. Não são necessárias invocações pias para a justificar (como "dar" uma "ligação a Madrid" a Coimbra e à Guarda e, muito menos, aí incluir como "beneficiadas", Ávila e Salamanca).
Talvez convenha recordar que só devido à nossa congénita e insane mania de nos ligarmos "à Europa" (então, a Madrid), a qualquer custo, é que o Ramal de Cáceres foi construído e aberto à exploração em 6-6-1880, de Torre das Vargens a Valência de Alcântara (só mais de um ano depois - 1-10-1881 - é que seria aberto o troço espanhol de Valência de Alcântara a Cáceres e, portanto, possibilitada a ligação a Madrid).
Anónimo a 21 de Agosto de 2012 às 22:18
Confesso que esta analise me causa alguma perplexidade. Se pretendo ir de Lisboa para Madrid porque razão fazer um desvio de centenas de quilómetros? Qual e o trafego adicional gerado pelo desvio pelas cidades mencionadas? E qual o impacto no trafego tradicional Lx - Madrid? Existem estudos de mercado que avaliem estes aspectos ou e apenas um "guess estimate""?
Anónimo
Se calhar deveria olhar para o mapa antes de falar em centenas de kilometros.
Madrid fica na latitude de Aveiro. (a norte de Coimbra)
A linha da Beira Alta está electrificada até Vilar formoso pelo que o custo da viagem é mais baixo sendo que a diferença são apenas 30 kilometros em 640 km. Com a mudança de percurso o comboio deixa de parar em Abrantes (18.000 habitantes) caceres (90.000) Navamoral (17.000) e Talavera (83.000) mas passa a parar em Pombal (55.000) Coimbra (100.000) Mangualde (20.000) Guarda (32.000) Salamanca (200.000) e Avila (60.000).
Também podia falar no número de estudantes que hoje estudam em Salamanca (sim são centenas) e na proximidade da passagem da ligação ao Porto e a Aveiro ms penso que chega.
Há de facto um grande argumento contra a ligação. Com o traçado pela Extremadura Espanha tinha uma ligação paga em parte por Portugal à extremadura espanhola. De facto o Lusitania pelo Ramal de Caceres circulava 2/3 do seu percurso por espanha (4 paragens) e um terço por Portugal (3 paragens). Pela Beira Alta dois terços são em Portugal (6 paragens) e um terço em Espanha (3 paragens).
A Portugal interessa valorizar a linha da Beira Alta e as ligações a França pelo Eixo Aveiro / Salamanca / Valladolid / Hendaye. A Espanha interessa sempre valorizar uma lógica radial a partir de Madrid.
SC a 22 de Agosto de 2012 às 15:33
Não confundir o trajecto de um comboio com uma linha férrea internacional.
Salamanca está ligada pelo Sud.
Será que a fuga de Portugal é tão grande que sejam necessárias várias ligações diárias?
Não me devo ter explicado bem. Eu defendo que o Sud e o Lusitania sigam juntos até Valladolid (ou Medina Del Campo), baixando o custo de exploração de ambas as composições.
O Lusitania pela Extremadura não servia ninguém. Nas paragens portuguesas que deixa de ser servida a média diária era inferior a um passageiro. Ou seja basta entrar um passageiro ou em Pombal ou em Coimbra ou em Mangualde ou em Vilar Formoso para se registar um aumento da procura.
SC a 22 de Agosto de 2012 às 19:36
O reforço da ligação por Vilar Formoso - que intuitivamente considero ser de valorizar e em parte pelos motivos que aduz de fuga ao radialismo castelhano, nada tem a ver com:
1º fecho de uma linha internacional;
2º com os serviços do comboio Lusitânia em si: a ligação com o Sud é má porque obriga a paragens e manobras de mudança de máquina para a 2ª composição a partir, aumentando o tempo da viagem, já de si aumentado em relação ao anterior trajecto.
3º Qualquer que seja o trajecto, 12 horas de viagem (média de 60 km/h ?) para percorrer 600 km é grotesco!
Quem é que do Norte de Portugal irá usar o Lusitânia se tem vários voos diários a partir do Porto, com duração de 1h e melhor preço?
Monchique a 22 de Agosto de 2012 às 01:04
Muito bem visto. E passa servir também melhor o acesso das Gentes Norte do País
Observador a 22 de Agosto de 2012 às 23:42
Esta teoria da defesa do encerramento da ferrovia, faz-me urticária.
Foi um trabalho começado há mais de 20 anos e que continua a ter o seu seguimento. Só entre 1985 e 1991 encerraram perto de 1.000 quilómetros de linhas. Recordam-se só algumas que foram fechando: Dão, Vouga, Tâmega, Corgo, Sabor, Lousã, Tua, Évora a Estremoz, da Covilhã à Guarda e até a ligação da linha do Douro a Espanha, como agora também fechou outra ligação a Espanha, o Ramal de Cáceres, restando, como linhas internacionais, a da Beira Alta e a Porto/Vigo, sendo que esta também estava condenada. Mas como o pessoal do norte é teso, conseguiu que a linha fosse mantida e até renovada para alta prestação, que ninguém sabe bem o que é. Mas também fechou a ligação de Coruche ao Setil como fechou na linha do Oeste o serviço de passageiros entre as Caldas e a Figueira da Foz tendo esta última cidade também visto encerrado o Ramal de ligação às linhas Norte e da Beira Alta e até também foi desactivado o serviço entre Beja e a Funcheira e possivelmente outros de que de momento não me posso recordar.
Mas tudo isto acontece porquê? Porque há auto-estradas que têm que ser rentabilizadas, têm que ter movimento, têm que ter receitas chorudas e o pessoal do interior, onde só chegava o comboio, que se lixe. O outro disse há dias, que se lixem as eleições, como se estivesse a dizer uma grande coisa. Mas já virou o bico ao prego. Afinal quem se lixa são aqueles que de tempos a tempos lá vão “botar” o papel, que de resto não interessam para mais nada e possivelmente por isso, é que de acto em acto, cada vez são menos.
Se este país tivesse à sua frente gente com os olhos abertos e coluna vertebral, como um Marquês de Pombal ou um Duarte Pacheco, há muito tinha renovado e duplicado a Linha do Oeste, para servir um distrito entregue por completo à rodovia e de alternativa à Linha do Norte, e ainda para a descongestionar e assim concorrer com o sector rodoviário. E, no mesmo sentido, também tinha mantido a ligação da Linha da Beira Baixa à Guarda, também para servir de alternativa à Linha da Beira Alta. e servir condignamente as pessoas e a economia daquela região serrana concorrendo com a rodovia. Mas essa coisa da concorrência é só conversa. Quando chega a altura dos factos, manda quem pode e obedece quem deve, para que os transportes fiquem monopolizados pela rodovia. E quem manda é quem tem a massa. O resto são cantigas.
Para que o pais venha a ficar completamente paralisado em termos de comboios, só falta que num Inverno destes, as barreiras de Santarém desabem e cortem as ligações ferroviárias entre o Norte e o Sul. E isso acontecerá mais ano menos ano, quando tudo podia ser evitado com a construção da variante ferroviária a Santarém que está há muito no papel. Mas, claro, lá está o pessoal das vias rodoviárias a mandar e, quem deveria mandar a obedecer.
Resumindo e concluindo, só uma pergunta: Quando o petróleo for suficientemente caro, estaremos a tempo de reconstruir muitas das linhas que foram sendo encerradas para darem movimento às auto-estradas com altas rentabilidades asseguradas e garantidas aos seus promotores? Possivelmente, não.
O que é que acha desta paranoia já que diz defender o caminho de ferro?
Observador,
Tem muita razão no que diz e o desinvestimento que nas ultimas décadas foi feita na ferrovia foi vergonhoso. Aliás bastou uma greve de camionistas para se perceber a gragilidade do país.
Outra coisa é prolongar a vida de linhas do seculo XIX com um traçado totalmente anacronico que permitem velocidades que muitas vezes não ultrapassam os 60/80 km por hora.
É essencial reabilitar a linha do Algarde de Faro a Vila Real de Santo António e continuar a mesma até Huelva (escassos 50 KM)
É essencial contruir uma ligação a Badajoz a partir de Evora eventualmente aproveitando parte do traçado da antiga linha de Extremoz.
É crucial reabilitar a ligação Porto Vigo permitindo proporcionando que os Comboios de Vigo para Barcelona circulem pelo Porto e pela Linha da Beira Alta.(como a Rende chegou a propor à CP).
O eventual fecho da linha do Oeste será um crime uma vez que um corredor essencial como alternativa à linha do Norte.
Agora isto não é incompatível com a defesa do fecho do Ramal de Cáceres que tem um traçado impossível de viabilizar minimamente.
E escrevo isto com saudade e tristeza. Fiz o percurso de Lisboa a Vale de Peso (estaão antes de Castelo de Vide) dezenas de vezes nos ultimos 30 anos. Sei do que falo.
SC a 23 de Agosto de 2012 às 20:17
Não direi que seja o método de Pestana Bastos, mas este oferecer alternativas - mas sempre a envolver obras públicas - e mantendo o mal feito, o desvalor das ligações do séc. XIX - como se a geografia mudasse... - parece-se muito com o que foi feito nos últimos anos.
Ora, basta entrar no "site" da CP e depois noutro de uma outra companhia ferroviária da Europa para percebermos onde começa o problema.
Observador a 23 de Agosto de 2012 às 13:36
Concordo parcialmente com o que diz. Claro que linhas do Século XIX teriam que ser melhoradas para permitirem melhores velocidades e mais segurança. Mas nunca deveriam ter sido fechadas porque serviam gente que não tem outra alternativa para se deslocar. Deveriam ser melhoradas, sim, mas com uma estratégia séria, o que é cada vez mais rara neste mundo cão em que vivemos.
Mas não disse nada da eventualidade de virem a cair as barreiras de Santarém e assim virem a ficar cortadas as ligações ferroviárias entre o Norte e o Sul e visto que a Linha do Oeste, que poderia servir de alternativa, está entregue aos bichos, e quando isso acontecer e será só uma questão de tempo e de invernos rigorosos, não há mesmo alternativa. É como o caso do corte do troço da Covilhã à Guarda. Quantas e quantas vezes é que a Linha da Beira Baixa teve que servir de alternativa à linha da Beira alta. Por exemplo quando aconteceu o acidente de Alcafache. Mas ninguém tem olhos na cara. Pensam que as auto-estradas podem substituir a ferrovia. Estão enganados e não sabem fazer contas aos consumos de combustíveis, aos investimentos em camiões e acima de tudo ao ataque ao ambiente que, por enquanto, é de todos. E mesmo quanto ao ramal de Cáceres, se o mesmo fosse reabilitado, penso que o Norte Alentejano só beneficiaria com o intercâmbio de espanhóis que gostam muito de Castelo de Vide, de Marvão e da Portagem onde passam muito tempo e onde gastam algum dinheiro mas também poderia servir de pólo de atracção para os portugueses da zona de Lisboa que não conhecem o interior bonito que é o Norte alentejano e até para as pessoas do Ribatejo Norte, desde que fossem “construídos” horários que servissem as pessoas. E, para além do mais, a ferrovia tem direito a ter custos sociais para servir o interior e convém frisar que esses custos comparados com as rendas das auto-estradas são uma gota de água neste oceano de trapalhadas. Na ferrovia quem beneficiaria era o povo anónimo, o povo que não tem carros de luxo para se andar a pavonear, enquanto que nas auto-estradas as rendas vão directamente para a carteira dos grandes grupos que nos hão-de levar à falência se não vier a haver uma verdadeira inversão na politica das PPP que já deveria ter começado pela Ponte Vasco da Gama que foi o primeiro embuste nestas negociatas. Portanto, sobre a ferrovia ainda havia muito para dizer.
Sc. a 23 de Agosto de 2012 às 19:18
Caro Observador,
Aumentar a procura para o Ramal de Cáceres é difícil e não se resolve atirando-se cimento para cima ou com estudos legislativos encomendados a escritório de advogados.
Seria preciso, verdadeiramente, pensar.
Por isso, fecha-se.
Não sabe como chegámos a esta ridente situação em que nos encontramos?
Observador a 23 de Agosto de 2012 às 22:40
Esperava que o PPB respnesse às minhas questões. Mas...
O PPB não responde porque, no fundo está de acordo.
Mas no caso de Ramal de Caceres não havia volta a dar. Castelo de Vide ficava a 5 km da estação Marvão a 10 Km e a Portagem a 12. Torre das das Vargens e Vale do Peso são actualmente aldeias fantasma e o resto são apeadeiros no meio do campo.
Já em relação à linha da Beira Baixa entre Covilhã e a Guarda está coberto de razão. Como o anunciado fecho da linha do Oeste que será um crime.