Leni R. a 4 de Setembro de 2012 às 15:48
Os veículos para transporte pessoal poderiam tornar-se raros e de acesso dificultado por iniciativa fiscal... Mas o desemprego na indústria automóvel (a central e a periférica de componentes) atingiria números alarmantes... E esse significativo sector de produção caíria a pique...
Romão a 4 de Setembro de 2012 às 17:27
A sua pergunta é muito interessante. Não sendo especialista em transportes, vejo a situação do lado do cidadão comum. Penso que o problema se divide em duas partes - transporte de passageiros e transporte de mercadorias. O problema do transporte de passageiros poderá ser minorado através de uma rede eficaz de transportes publicos, nomeadamente nos centros urbanos. O transporte de mercadorias será um problema mais complexo, ainda assim, não sei se uma rede ferroviaria de mercadorias eficiente não melhoraria o problema. As alternativas não serão muitas. Existie alguma evoluçao no rendimento dos motores de combustão interna, mas o seu funcionamento é o mesmo desde sempre. Os motores electricos, por enquanto, para alem de autonomias muito baixas ainda têm de demonstrar o seu potencial. Basta fazer meia duzia de calculos para perceber que em termos de energia primaria, alguns automoveis electricos consomem mais do que um automovel a gasoleo ou gasolina (dentro da mesma gama). Mas isto talvez seja assunto de outro post
Cumprimentos
lucklucky a 4 de Setembro de 2012 às 17:44
Grave?
Os preços dos combustíveis deveriam ser muito mais baixos, os impostos se existissem deveriam ser iguais em tudo para não existirem distorções.
Os Europeus que façam aquilo em que são bons o que lhes permite trocar os produtos em que são bons por petróleo.
Obrigado,
Três respostas e já temos três opções:
- Agravamento fiscal;
- Mudança do mix da oferta de transportes (quer passageiros, quer mercadorias);
- Desagravamento fiscal;
lucklucky a 4 de Setembro de 2012 às 22:54
Não devo ter explicado bem.
Acho errada a sua permissa de que seria produtivo reduzir a dependência energética. Agora.
Como demonstram os enormes custos dos produtos petrolíferos devido aos impostos e mesmo assim têm tanta procura fica claro que reduzir a dependência seria muito caro. Demasiado caro.
É melhor fazer outras coisas. Gastar as energias a evoluir o que sabe fazer bem em vez de lutar contra moinhos de vento do tempo presente.
Só com prosperidade e riqueza haverá possibilidades de outros alinhamentos tecnológicos que eventualmente darão outras hipóteses. Os milhares de milhões gastos prematuramente nas energias alternativas foram um buraco negro que levará décadas a recuperar, na próxima década haverá escassez de crédito e de investimento devido aos gastos da última.
Como era de esperar os outros comentadores vêm com ainda mais manipulação de preços além das que já existem à boa maneira socialista. Talvez se pensassem um pouco veriam que sem Petróleo é que o seu querido Estado Social acabaria de vez...
Como um Árabe Sheik do Petróleo disse a um Europeu que protestava o preço do barril: nós até vos damos o petróleo grátis se vocês em troca nos derem o dinheiro dos impostos que cobram aos vossos povos...
Tiro ao Alvo a 4 de Setembro de 2012 às 18:59
Eu começaria pelos transportes de passageiros, ou melhor, começaria por privilegiar os transportes públicos de passageiros, sobretudo à entrada das grandes áreas metropolitanas, como é o caso de Lisboa.
Em contrapartida, dificultaria o trânsito às viaturas com poucos passageiros, quer reservando-lhes as vias mais difíceis, quer aumentando-lhe o valor das portagens nas auto-estradas, sobretudo a partir dos pontos bem servidos de transportes públicos.
paam a 4 de Setembro de 2012 às 22:09
Para diminuir a dependência energética face ao exterior a única maneira viável seria a produção interna de energia através, maioritariamente, do nuclear e, parcialmente, nas energias renováveis , por enquanto apenas através da exploração hidroeléctrica . Como a França, Alemanha, Inglaterra, Bélgica, etc. têm feito. Quanto aos veículos de passageiros, e de mercadorias, esses poderiam ter sistemas mistos (eléctricos e de combustão) e depois de resolvidos os problemas poderiam ser totalmente eléctricos. Uma boa rede, rodoviária e ferroviária, articuladas entre si seriam uma mais valia.
João. a 4 de Setembro de 2012 às 23:30
A pergunta seguinte é mais difícil: o que podemos fazer ?
- Cherchez la femme.
Conta, julgo que Zizek, mas não estou certo, poderá ter sido um outro autor, mas o tema é lacaniano, que um homem depois de consumar a relação sexual com a sua esposa ia para a linha de ferro baixar as calsas à passagem do combóio. O tema aqui é que para além da necessidade há o resto, quer dizer, no caso, a satisfação da necessidade sexual com a sua esposa dava lugar a um resto insatisfeito que, não correspondendo à necessidade sexual propriamente dita, uma vez que tinha sido satisfeita, corresponderia ao desejo, aquele objectozinho que está além da necessidade.
Mutatis mutandi, ao dizer "cherchez la femme", ao propor uma resposta que não tem nada a ver com o tema, proponho que haverá algo livre da lógica do post mas que no entanto lhe é interior, ou seja, a questão não é somente como ter energia para dar conta das necessidades identificadas mas como prover que ao ser humano lhe seja permitido, dentro do tema do consumo de energia, viver acima da necessidade ou para além dela - a questão é essa, quer dizer, sem abrir um campo para o que está além da necessidade a vida não é propriamente humana. A questão da energia não deixa de passar por aqui, ou seja, não é só o que fazer para cumprir a satisfação das necessidades que conta mas também se se vai além da necessidade e se se entra na esfera do desejo, ou se quisermos até do inútil, onde propriamente se constitui o sujeito humano enquanto tal.
Se houver energia só para o trabalho então algo está a correr mal.
João. a 5 de Setembro de 2012 às 00:04
leia-se "calças" e não "calsas". Desculpem o lapso.
Romão a 5 de Setembro de 2012 às 14:05
O post é de facto interessante, mas gostaria de ir mais alem, assim a minha questão é: o que fazer quanto á segurança no abastecimento de recursos energeticos na UE ? A UE e a Noruega garantem, ao que me foi dado a conhecer, apenas 40% das necessidades de petroleo. É facil de concluir que a Europa depende excessivamente do exterior e em especial da Russia e face ao declinio (?) da produção do Mar do Norte a UE deveria reforçar a contribuição do Norte de Africa e da Africa Ocidental por exemplo. Por outro lado constata-se o reforço do poder do Estado nas companhias nacionais produtoras que controlam a grande fatia das reservas mundiais de petroleo. Basta ver que a Saudi Aramco é 10 vezes maior que a Exxon, ou que na Russia quando Putin chegou ao poder o sector estatal de energia representava mais ou menos 15% e hoje é de aproximadamente 60%. A dependencia dos fluxos de petroleo e gás natural da Russia, conjugada com o controlo dos gasodutos parece-me preocupante para a UE e parece-me uma estrategia Russa de aumento do seu poder economico e estrategico com base nos seus recursos energeticos. Posso dizer que se a UE precisa da Russia , tambem a Russia precisa da UE para garantir o fluxo dos seus recursos energeticos. Mas não penso que seja boa politica correr o riscos no abastecimento.
Por outro lado, o Estreito de Ormuz estará completamente saturado de trafego nos proximos anos, bem como o Bosforo e o o Estreito de Dardanelos. Por isso a Europa deveria de evitar o Bosforo e priveligiar as ligações com o Mediterraneo, como os Projectos Burgas-Alexandropolis que julgo ter sido abandonado pela Bulgaria, O Projecto Nabucco que liga a Turquia á Austria pelo Sul (Romenia - Bulgaria-Hungria-Austria), ou o Projecto Samsung-Ceyhan que visa ligar O Mar Negro ao Mediterraneo. Não sei se algum destes projectos estão em funcionamento, mas seria bom que sim a fim de se evitar a dependencia da Russia. Isto julgo ser importante e não sei o que tem sido feito pela UE. Cumprimentos.
F18 a 5 de Setembro de 2012 às 23:47
Os combustiveis estão hoje mais baratos do que estavam há 30 anos atrás, incluindo impostos, os transportes públicos estão bem mais caros:
http://anossaterrinha.blogspot.pt/2012/02/numeros-da-nossa-terrinha-15-gasolina-e.html
As ditas apostas nas renováveis e redução da dependência energética foi apenas um grande negócio para amigos, enquanto se apostava fortemente e mais autoestradas, também construídas por amigos.