Janelas

 

Ouve-se por aí, escuta-se com unção - para mais, agora que começa um ano lectivo -, que um livro "abre janelas para o mundo". Esta piedosa pirosice pretenderá, por certo, atrair os "jovens" e outros em geral para a "leitura". Com isso, consegue-se, talvez, uma aproximação "estatística" dos livros - não qualquer coisa como uma apropriação. Uma leitura não se constituirá, assim, naquilo que ela mesma é: um acontecimento estético.

Um livro não "abre janelas". Um livro rebenta paredes.

Ou acham que, por exemplo, A Metamorfose, ou o Padre António Vieira, ou a Cena do Ódio, ou a Primeira Carta aos Coríntios abrem janelas, se limitam a espreitar por uns buraquinhos que já lá estavam?...

publicado por Carlos Botelho às 15:28 | partilhar