Caros Luís Vilela e Paulo Ferreira,
O que a OCDE diz, e os jornais recuperam, é que o número de alunos irá aumentar, muito em resultado do alargamento da escolaridade obrigatória. Ou seja, é uma projecção do futuro. O que escrevi é um olhar sobre o passado, dizendo que a máquina está desequilibrada. Não fiz prognósticos, nem disse que continuaria a diminuir o número de alunos. Limitei-me a olhar para o passado. Como tal, o que a OCDE diz em nada contraria o que escrevi. Parece-me óbvio.
Luís Vilela a 13 de Setembro de 2012 às 11:51
Alexandre,
Obrigado pela resposta, ainda que breve.
Mas consideremos o seguinte: a fase de início do ano lectivo (com as incontáveis trapalhadas e ilegalidades), o discurso do ministro (na exercício retórico que tenta fazer passar por conhecimento da realidade e que recupera o pior de MLRodrigues na expressão de candidatos a professores... não esquecendo que são os mesmos que têm mantido o sistema a funcionar ao longo de anos e décadas!) não têm nenhuma ligação com aparecimento de textos que reforçam o exercício retórico do ministro?
Longe de mim dizer que não o pode fazer (Liberdade acima de tudo!), mas não podemos esquecer que as análises que neles constam justificam (tentam pelo menos) medidas que não promovem a qualidade do sector.
Mais distorcem a percepção que o discurso sobre estas questões deve facilitar. Ou a sua conclusão não tem a finalidade de dizer nada do presente? A justificar nada do que agora a tutela faz?
Os meus comentários buscam apenas isso, juntar referências (ou opinião se quiser) que, sendo diferentes, procuram dar conta da difícil natureza do problema.
Mas continuemos a extrair as consequências das diferentes propostas, discutindo civilizadamente e veremos onde vamos dar.
Saudações críticas,
Luís Vilela.
Caro Luís Vilela,
Percebo o que escreve. O que escrevo é independente do que foi dito pelo Ministro, até porque, segundo consta nas notícias do jornal Público, as suas afirmações ter-se-ão baseado em dados diferentes dos meus (i.e. numa outra escala temporal, porque eu olho para a evolução 1998-2011, e o Ministro ter-se-á referido somente aos últimos anos).
Dito isto, parece-me muito lúcido no discurso do Ministro este assumir de que, durante anos, o sistema teve professores a mais, face às suas necessidades. Ou seja, que o número de alunos e o número de professores não eram dois factores devidamente relacionados. Parece-me um bom sinal essa chamada de atenção, porque comprovada pelos dados que assinalei.
Não concordo que esta constatação seja um obstáculo ou não promova a qualidade no sector. Afinal, se se contrata menos professores porque há menos alunos, todos os alunos continuam a ter professores. E questões como a dimensão da turma, por exemplo, não têm relação directa com os desempenhos escolares dos alunos.
Sobre o futuro, o Ministro afirma que a tendência de diminuição de professores deverá manter-se. Confesso que não olhei para os números, e que por isso não tomei posição sobre a matéria. Talvez num outro post.
Cumprimentos,
"E questões como a dimensão da turma, por exemplo, não têm relação directa com os desempenhos escolares dos alunos." - é um argumento ad ignorantiam.
Por outro lado, alguém pode, honestamente, sublinho, honestamente, defender que a qualidade do trabalho feito em aula não depende também do número de alunos (e essa relação varia ainda com o tipo de disciplina, etc.)?
Carlos, podes (des)qualificar o que digo como mais gozo te der. O que não significa que tenhas razão. O que eu escrevi está em inúmeros artigos académicos ou, por exemplo, em vários relatórios da OCDE, incluindo o mais recente Education at a Glance 2012.
Enganas-te. Não me dá gozo nenhum.
(E sei, "empiricamente", do que falo.)
Renato a 14 de Setembro de 2012 às 15:12
“E questões como a dimensão da turma, por exemplo, não têm relação directa com os desempenhos escolares dos alunos.”
Alexandre. não terá no ensino universitário, onde facilmente se dá uma aula (teórica) para um anfiteatro de 300 alunos, mas tem com certeza para o ensino básico, onde o tipo de ensino é completamente diferente. Pode-se fazer essa experiência. Mas as novas metas para o português resolvem tudo: se se obrigarem os alunos a ler cem palavras por minuto resolve-se o problema da falta de tempo dos professores para darem a devida atenção a cada um dos seus alunos. Se, ainda por cima, lhes ensinarem estenografia (olha, lá está, ensino profissional) melhor ainda.
Já agora, já conseguiu perceber o propósito das turmas de 30 alunos? Chegou-se a esse número nalgum estudo pedagógico? Ou nalgum documento de contabilidade pública? Seria importante percebermos isto.
A.B.H. Ramos a 13 de Setembro de 2012 às 15:07
O que a OCDE diz, e os jornais recuperam, é que o número de alunos irá aumentar, muito em resultado do alargamento da escolaridade obrigatória. Ou seja, é uma projecção do futuro.
Sejamos corretos e não mintamos - uma projecção que começou a 1 de setembro de 2012?!? É que o alargamento a 12 anos abranje todos os alunos com menos de 18 anos feitos a 1 de setembro deste ano...
O que eu escrevi é claro: entre 1998 e 2011, aumentou o número de professores e diminuiu muito o número de alunos. Isto é um facto. Que a OCDE diga que, a partir de 2012, vai aumentar, é outra coisa, totalmente independente do que escrevi. O que defendo é, tão simplesmente, que o número de professores a dar aulas esteja relacionado com o número de alunos no sistema. Porque, até hoje, não tem estado.
Isto é correcto, não é mentira, e só não perceberá se não quiser.