É impressão minha ou o Público anda a encher-se de glória com sucessivas, quase diárias, humilhações na blogosfera depois de artigos disparatados?
- o José Vítor Malheiros sobre o défice que não existe
- o artigo sobre o Mitt Romney e as janelas dos aviões
- o Castilho sobre a autonomia das escolas
Tudo erros elementares. Nos artigos de opinião a responsabilidade é de quem os escreve, mas eu se fosse aos editores dava-lhes na cabeça porque o jornal também vai ficando de reputação manchada...
João. a 26 de Setembro de 2012 às 16:23
«Fico satisfeito por ela se encontrar a salvo em solo. E acho que ela são sabe o quão preocupados ficámos», começou por dizer Romney. «Quando há um incêndio num avião, não há sítio onde fugir, exatamente, não há - e não se consegue fazer entrar oxigénio no avião porque as janelas não abrem. Não sei porque não as abrem. É um problema grave. É muito perigoso. E ela estava a sufocar e a esfregar os olhos. Felizmente, havia oxigénio suficiente para o piloto e co-piloto a fazerem uma aterragem segura em Denver. Mas ela está a salvo».
http://www.tvi24.iol.pt/internacional/mitt-romney-ann-romney-aviao-gaffe-eua-tvi24/1377597-4073.html
Pedro, onde é que na citação aqui traduzida (pela TVI24) está o momento, onde se percebe que Romney fez uma piada? Eu não vejo onde, mas pode ser que esteja enganado.
Assim o conta
quem esteve lá.
E o Nuno Gouveia faz
aqui um apanhado da situação.
Pelo vídeo que se vê na Net também me parece piada, mas curiosamente não há nenhum vídeo que não corte logo a seguir ao que ele diz; aí é que veríamos como é que as pessoas presentes riram e como é que ele se riu também.
Depois de ter perdido algum tempo no Youtube com isto, não posso deixar de reproduzir aqui o melhor comentário que encontrei, apesar de ser do contra:
Romney is just plane stupid...
João. a 26 de Setembro de 2012 às 17:13
Usando o nick "Ramone" coloquei o que se segue no Insurgente e que deixo agora também aqui.
Se alguém disser:
"Entrou fumo dentro do avião. As janelas não abrem. Não sei porque não abrem?"
- para isto ser uma piada falta claramente a "punch line". Simplesmente não está lá. Não tem modo algum a estrutura de uma piada. O que os amigos de Romney querem dizer é que é uma piada porque Romney não podia ser ignorante nesta matéria ao ponto de não saber porque as janelas de um avião não podem ser aberta mas isto não explica que é uma piada explica apenas que os amigos de Romney não acreditam que ele exibisse um tal desconhecimento - no fundo, o argmento é: uma tirada tão estapafúrdia só pode ser uma piada, mas assim sendo qualquer um que diga uma bacorada pode dizer a seguir que estava só a brincar.
Carlos a 27 de Setembro de 2012 às 19:12
Já comentei na concorrência que se foi a sério "temos atrasados mentais a querem ser presidentes" se foi para ter piada "temos atrasados mentais a querem fazer política"
Para tirar essa dúvida, nada melhor do que ler o.... próprio Publico.
A história das janelas do avião surgiu no Los Angeles Times que construiu a notícia a partir de informações dadas por outros jornalistas - é comum na campanha eleitoral americana uma pool de jornalistas seja escolhida para assistir a determinado acto, tendo que passar a informação aos colegas que ficaram de fora. Uma das jornalistas que assistiu de facto ao discurso foi Ashley Parker, do New York Times.
A revista New York perguntou a Parker se, ao ouvir as afirmações, percebeu que era uma piada. Sem dúvida, respondeu ela. "Romney estava a brincar", disse, acrescentando que a <7>pool não frisou isso aos colegas porque era óbvio. "Os jornalistas da pool passaram a transcrição integral dos comentários e ficava claro pelo contexto que ele não estava a falar a sério".
http://www.publico.pt/Mundo/afirmacoes-de-romney-sobre-janelas-de-avioes-foram-uma-piada-1564536
Tim a 26 de Setembro de 2012 às 13:51
Se o autor deste post soubesse metade sobre Educação comparativamente a Santana Castilho...
Na minha escola temos toda a autonomia necessária: não dependemos do financiamento público.
Luís Vilela a 26 de Setembro de 2012 às 15:39
Alexandre,
Não farei aqui a defesa da pessoa visada, mas o seu post não refere a razão pela qual Santana Castilho manifesta - de modo directo e forte - as suas ideias. Na substância, SCastilho pode discordar de NCrato e PCoelho, escrevendo o que escreve. Mas quanto ao comportamento antes das eleições, especialmente, de PCoelho para com SCastilho é condenável (aqui sim poderia fazer-se uma análise moral).
Posso até concluir, pelo que se passou, que PCoelho fez o que fez para benefícios da sua candidatura. Para ganhar, não um aliado ou uma outra perspectiva para o sector educativo, mas os votos (de alguns pelo menos) professores. E depois escolher um ministro que não estava - nem de perto, nem de longe - próximo das posições de SCastilho, que o candidato-PCoelho publicamente elogiou... até lhe prefaciou um livro (estou certo?).
Agora quanto a NCrato ter aumentado a autonomia... calma com as conclusões precipitadas. Veja-se o actual panorama de posições da tutela face a tantos tópicos (oferta educativa, estatísticas de alunos e currículo) e veja-se que a autonomia, para já, está limitada a concursos de professores que não respeitam a lei.
Saudações,
Luís Vilela.
Caro Luís,
O meu post refere uma evidência: com base num dado da OCDE correspondente a 2003-2011, Santana Castilho afirma que o projecto de Nuno Crato em aumentar a autonomia escolar falhou. Ora, isso não é verificável nesses dados, pelo que a afirmação é falsa. O resto são opiniões. O problema é, precisamente, Santana Castilho pretender transformar a sua opinião num facto, utilizando dados que não verificam o que afirma. Os motivos do ressentimento de Santana Castilho serão vários, mas nenhum justificará a questão que salientei.
Santana Castilho esperava ser ministro com PCoelho. Esperou sentado e agora não perdoa...
Baseando-me no gráfico, eu diria que a autonomia das escolas em Portugal apenas diminuiu entre 2007 e 2011, ou seja, durante o período da crise financeira, equanto que aumentou durante a primeira fase da governação Sócrates.
Mais diria que, nesse período 2007-2011, a autonomia das escolas diminuiu não apenas em Portugal, mas também na maioria dos restantes países.
Finalmente, eu opinaria que, em tempos de crise financeira, é normal e adequado que o Estado central tome mais as rédeas do poder e limite mais a autonomia, tanto das escolas como seja do que fôr.
Mª Luísa a 28 de Setembro de 2012 às 17:29
Também não suportava J. Sócrates e a trupe do M. Educação. Leiam-se, também, as suas crónicas no Público.
Luís Vilela a 2 de Outubro de 2012 às 16:41
Alexandre,
Não sei se esta minha entrada na caixa de comentários ainda vai a tempo de felicitar a equipa do Cachimbo e ao Alexandre pelo blogue e pelos argumentos que foram apresentando. Deixe-me só recuperar a substância deste seu último post para lhe dar conhecimento da leitura que a FLE faz sobre o tema (recebi a newsletter hoje mesmo) e colo aqui:
Centralização Educativa
Representando um autêntico travão à inovação e à melhoria do sistema educativo, a crescente centralização educativa que existe em Portugal tem sido motivo de preocupação maior do FLE. Precisamos de comparar a forma como educamos com aquilo que existe noutros Países da OCDE e, acima de tudo, perceber que a Autonomia é um dos pilares fundamentais da cidadania.
Por isso é que o seu entendimento da substância, não pode ficar sem reparo ou visão crítica.
Em conclusão, faço votos que possa dar conta aos seus leitores de novos projectos em que participe.
Saudações,
Luís Vilela.