Provavelmente o exemplo mais forte do momento de como não é boa ideia associar automaticamente preço e qualidade no vinho: Quinta do CARM, Reserva, 2007 e 2008. Praticamente o mesmo vinho, imagino que a maioria das pessoas não note particular diferença entre os dois, excepto no preço. Enquanto o 2008 custa entre 8 e 9 euros por garrafa no retalho, transformando-o, provavelmente, no melhor vinho português na categoria sub-10 euros, o 2007 arranja-se com dificuldade a € 30. Diferença? Essencialmente o facto do 2007 ter sido eleito o 9º melhor vinho no ranking da Wine Spectator na edição de
2010. O top 10 dos nossos amigos da WS garante sucesso de vendas internacional, torna o vinho
fashionable, aumenta a pressão pelo lado da procura, dispara o preço (por decisão) do produtor/retalhista para preço prestígio no sentido de marketing do termo. Conclusão, se alguém estiver a pensar comprar 1 garrafa de CARM Reserva 2007 a preço comum de mercado, o melhor que tem a fazer é desistir da ideia e comprar 3 garrafas do 2008. E ainda sobram uns euros.
Há muitos mais factores a definir o preço, como em qualquer produto, uma pequena wine boutique irá sempre produzir mais caro que produtores com maior escala, elevando o preço mínimo. Há também grandes produtores (Mondavi, Rothschild, etc) que aplicam proibitivos preços de prestígio a vários dos seus vinhos, elevando o preço "máximo". Pelo meio os habituais factores da generalidade dos produtos e, tal como nestes, o preço é apenas um factor de referência, mas claramente insuficiente como indicador único ou até mesmo decisivo de qualidade. O vinho não é um monolito que segue uma linear escala de preço e qualidade.