Até Setembro
Há um tempo para tudo debaixo do céu, diz o Eclesiastes na sua sabedoria. E também houve um tempo para o Cachimbo.
Já não há.
Não há porque alguns o trocaram por miúdos. Resolveram ter filhos. Não satisfeitos em chagar as respectivas com as opiniões sobre o futuro da Pátria e a salvação da Humanidade que conhecemos, tornaram-nas cúmplices de perpetração da espécie. Pais modernos, não querem criar dois infantes ao mesmo tempo, pelo que abandonam o mais feio. Falta-lhes tempo.
Há pior, contudo. Há quem não tenha tempo porque está a acabar, ou a começar, ou algures à volta de - uma Tese. Uma Tese, senhores. Chegam a fugir para Singapura em nome da ciência. Como se isso servisse de alguma coisa. Anos de má escrita que niguém vai ler, nem o orientador, sobre um tema obscuro que a ninguém interessa, nem à mãezinha. E para quê? Para disputar uma vaga de assistente convidado no Burkina Faso com os licenciados de Bolonha. Ainda vão ter saudades dos comentários do MRC, do Borges e do Lukachenko.
Se a troca da bloga pela academia é um exercício de futilidade, que dizer dos que perdem tempo a salvar a direita lusitana? Uns criaram uma facção secreta chamada Alternativa e Responsabilidade, a fim de fazer do CDS um partido vagamente semelhante ao CDS. Sendo secretos, é inofensivo que acreditem ainda na existência do CDS. Outros invocaram o nome da Dra. Manuela nas Docas, na Junta de Santa Isabel e na Secundária do Fogueteiro, dedicando-se agora à missão patriótica de fazer um programa para chegar ao poder. Missão patriótica em que o alto programa conta menos do que a alta do petróleo, já se sabe (mas não lhes digam nada).
Sobram uns maduros sem filhos, sem teses e sem partidos, mas a quem o tempo foge, ao que parece, porque têm um emprego.
De modo que o Cachimbo, entregue a irresponsáveis com tempo a mais, decidiu parar.