Domingo, 25.03.12

Ainda vamos acabar por beber electricidade!

 

A Água será este ano um tema sensível em Portugal, motivos não faltarão: a seca;  a possibilidade de reactivação do plano de transvases espanhol; e a possível revisão dos caudais desviados dos rios internacionais. A agricultura, destinatário principal do consumo, já sofre com a falta de água e quando chegar o verão vamos ver como vão sobreviver as populações das localidades do interior e litoral sul. O tema voltará à actualidade política nacional muito em breve, até porque, de acordo com o recente inquérito do Eurobarómetro 98% dos portugueses já estão preocupados com as secas.

 

A gestão da água que Portugal dispõe nas suas principais bacias hidrográficas está profundamente interligada com Espanha. O Governo Espanhol suspendeu em 2004 o plano nacional de transvases que se destinava a suprir a falta de água do sul do país, mas esta suspensão teve uma espécie de contrapartida, que parecia ser também uma solução para a crónica falta de água, o licenciamento de grandes estações dessalinizadores a construir na costa sul. Das mega-centrais de dessalinização planeadas creio que poucas avançaram mas, mesmo assim, Espanha conta hoje com mais de 700 estações de dessalinização, tem uma capacidade instalada equivalente a aproximadamente 1.600.000 m3/dia (o suficiente para abastecer toda a população de Portugal, a níveis de consumo superiores aos recomendáveis pela OMS), capacidade que é a maior no mundo ocidental; e tem um verdadeiro cluster de empresas que fornecem soluções e equipamentos desde o Médio Oriente à Austrália, passando pelos EUA e Reino Unido.

 

Os governos espanhóis não têm olhado a meios para resolver o problema da água, tentaram de tudo um pouco: do sobre dimensionamento das albufeiras; aos megalómanos transvases, mesmo de rios internacionais; passando pela produção de água dessalinizada. A aplicação dessa água desviada ou dessalinizada é, nalguns dos casos, que não o consumo humano, muito questionável, nomeadamente na agricultura de regadio no centro e sul da Península. O preço da água em Espanha é, na generalidade dos casos, altamente subsidiado para a actividade agrícola não reflectindo o custo económico e social da sua produção e disponibilização. Infelizmente alguns destes custos estão do nosso lado, em Portugal.

 

O plano espanhol de dessalinização de água parecia ser aquele que poderia conter menos riscos para Portugal, a subsidiação e a internalização dos custos, a existir, seria feita em Espanha. Acresce que, a dessalinização de água do mar conjugada com a elevada produção de electricidade por fontes renováveis disponível em Espanha, como a eólica e a solar, com as suas características de intermitência poderiam oferecer ao sistema eléctrico uma solução parcial para “acumular energia”  nas horas de maior vazio (a cava do diagrama de carga): produzindo água dessalinizada.

 

Suspeito que a motivação do Governo Espanhol para o renascimento do plano de transvases é o facto da indústria da construção cívil estar parada - a continuação do plano de transvases é fundamental para reanimar a actividade das empresas da construção espanholas. Há que aguardar pelas reacções das regiões afectadas por esta intenção do Governo, pois não são integralmente favoráveis ao plano.

 

Quanto a Portugal, os relatórios das Nações Unidas não vislumbram um futuro climatologicamente muito promissor, se as coisas mudam do lado de lá da fronteira e a Natureza não colabora, nós é que vamos acabar por ter que “beber electricidade” (água do mar dessalinizada).

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publicado por Victor Tavares Morais às 10:53 | comentar | ver comentários (2) | partilhar
Quinta-feira, 22.03.12

Preço de 1 metro cúbico de água da torneira

 
 
A propósito do Dia Mundial da Água que hoje se celebra eis um ranking de preços da água canalizada. Em Lisboa o valor foi calculado com o tarifário da EPAL  para um consumo de 10 m3/mês com um contador de calibre mínimo 15 mm. Este não é o preço médio que os clientes pagam em Lisboa, é um preço mínimo, porque se o calibre do contador subir para 25 mm o preço do metro cúbico sobe para 2,24 €/m3. Os valores para as restantes cidades foram obtidos aqui. Se não gostam dos resultados, ou quiserem outra informação podem sempre tentar consultar os estudos da ERSAR.
 
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publicado por Victor Tavares Morais às 08:33 | comentar | ver comentários (7) | partilhar
Terça-feira, 20.03.12

Água "alternativa": um sonho

 
 
A água salgada é 97% da água existente na Terra, e 60% da população mundial vive a menos de 60 km da costa. Desde a década de 70, o consumo específico das tecnologias de dessalinização desceu de aproximadamente 30 kWh/m3 (nos velhinhos dessalinizadores MSF – Multi-Stage Flash) para valores inferiores a 3 kWh/m3 (com a actual tecnologia de Osmose Inversa). Necessitamos, agora, apenas 10% da energia que necessitávamos há 40 anos, para produzir o mesmo metro cúbico de água - não fosse o custo da energia ter progredido em sentido inverso, e o sonho de JFK estaria realizado.
 
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publicado por Victor Tavares Morais às 18:55 | comentar | ver comentários (8) | partilhar
Segunda-feira, 19.03.12

UN World Water Development Report

"According to the Report, people in many parts of the world enjoy improved access to safe drinking water –86 per cent of the population in developing regions will have it by 2015.  But there are still nearly one billion people without such access, and in cities the numbers are growing. Sanitation infrastructure is not keeping pace with the world’s urban population, which will almost double by 2050 to 6.3 billion people.  Today, more than 80 per cent of the world’s waste water is neither collected nor treated.

At the same time, the Report estimates that the world will need 70 per cent more food by the middle of the century, with demand increasing especially for livestock products. A surge in food production will lead to an increase of at least 19 per cent in the water required for agriculture, which already accounts for 70 per cent of freshwater use. The authors warn that these figures could climb even higher if agricultural efficiency does not improve significantly.

Increasingly, underground water sources have been tapped to respond to growing demand. Water extraction has tripled over the past 50 years to become a “silent revolution.”  In some underground basins, water cannot be replenished and has reached critically low levels.  Many countries respond by acquiring fertile land outside their jurisdiction, particularly in Africa. Transnational land acquisition has risen from 15-20 million hectares in 2009 to more than 70 million hectares today. The supply of water is never explicitly addressed in the agreements between the countries concerned.

Climate change will make a bigger impact on water resources in years to come.  It alters rainfall patterns, soil humidity, glacier-melt and river-flow and also causes changes to underground water sources. Already, water-related disasters such as floods or droughts are rising in frequency and intensity. The Report’s authors say that climate change will drastically affect food production in South Asia and Southern Africa between now and 2030. By 2070, water-stress will also be felt in central and southern Europe, affecting up to 44 million people."

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publicado por Victor Tavares Morais às 07:57 | comentar | partilhar
Domingo, 18.03.12

Água: o bem comum

Pope Benedict XVI on Sunday appealed for continued commitment to achieving equitable access to safe water resources adequate to the needs of all.
Speaking after the traditional Angelus prayer on the Sunday that marks the mid-way point of the season of Lent, and in the context of the close – on Saturday – of the VI World Water Forum in Marseille, as well as the World Water Day to be celebrated this coming Thursday, the Pope expressed hope that the success of these initiatives will promote the right to life and the nutrition of every human person, as well as a responsible use of the Earth’s resources in a manner ordered to the common good, in the present and into the future.

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publicado por Victor Tavares Morais às 15:37 | comentar | partilhar

Cachimbos

O Cachimbo de Magritte é um blogue de comentário político. Ocasionalmente, trata também de coisas sérias. Sabe que a realidade nem sempre é o que parece. Não tem uma ideologia e desconfia de ideologias. Prefere Burke à burqa e Aron aos arianos. Acredita que Portugal é uma teimosia viável e o 11 de Setembro uma vasta conspiração para Mário Soares aparecer na RTP. Não quer o poder, mas já está por tudo. Fuma-se devagar e, ao contrário do que diz o Estado, não provoca impotência.

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