E a semana termina com o yield da obrigações gregas nos 97.96%. O governo grego desmentiu os rumoresque estaria a preparar para anunciar o "default" durante o fim de semana. No entanto, ao mesmo tempo era noticiadoque o governo alemão estaria a preparar para socorrer os bancos alemães que podiam enfrentar duras perdas com o "default" da Grécia.
Para evitar a propagação da crise e a implosão do euro fala-se na absoluta necessidade de implementar a união fiscal (que na prática irá transformar os países do Sul em protectorados com pouca ou nenhuma autonomia orçamental e política) e emitir as afamadas "eurobonds". Fala-se na solidariedade europeia (pois...) e na necessidade de preservar a UE mas como escreve Ambrose Evans-Pritchard a questão decisiva irá ser esta: "does Germany really want to pay the costs of monetary union any longer?".
Mesmo existindo vontade entre os políticos é capaz de ser uma ideia difícil de vender aos eleitores (e contribuintes) alemães.
Numa carta enviada ao BCE e aos parceiros da zona euros, o ministro das finança alemão constata o óbvio. Contrariamente ao programa é impossível que a Grécia regresse aos mercados já em 2012. Como tal e para evitar que a Grécia falhe as suas obrigações com o credores (o famoso "default") propõe que os actuais detentores de dívida grega sejam obrigados a aceitar uma extensão do prazo de reembolso por 7 anos (ie na prática a reestruturação da dívida - o "haircut"). Para além de dar mais tempo ao governo grego para implementar as reformas - e para que estas comecem a produzir resultados (*) - permitirá uma redistribuição dos encargos do plano de ajuda (o "bailout") assumindo os privados parte dos custos (**).
(*) Parece que os socialistas portugueses esperavam que o defunto PEC IV tivesse um impacto significativo em apenas 15 dias.
(**) Ao contrário de José Sócrates que sempre defendeu que deviam ser os contribuintes a pagar a totalidade da conta
Nota: A notícia no Público.