Segundo o João Pinto e Castro a prudência não recomenda que fiquemos abaixo das metas do défice. Apresenta duas razões
(1) "o aperto adicional pode ajudar o governo mas piora dramaticamente a vida de muita gente, seja por ver o seu rendimento real reduzido, seja, pior ainda, por perder o seu posto de trabalho.";
(2) "a queda da procura interna provocada pelas medidas adicionais conduzirá a breve trecho à diminuição das receitas e também, nalguma medida, ao aumento dos encargos com prestações sociais, com consequências negativas para a consolidação orçamental".
O "aperto adicional" implicará menos impostos e/ou menos endividamento público (o que no futuro teria de ser financiado via impostos. Um défice e um endividamento menor que o esperado poderão significar juros mais baixos o que conjugado com a redução dos mpostos significa um aumento rendimento disponível. É bastante provável que a redução adicional da despesa implique a perda (adicional) de postos de trabalho. Porém estes têm de se justificar pelo serviço prestado e sua pela sustentabilidade e nunca pela sua mera existência. A redução dos funcionários públicos é aliás um dos pontos acordados no acordo com a "troika". Quanto à eventual perda de receitas fiscais, o João Pinto e Castro parece supor que o multiplicador fiscal será igual ou superior a 1. O mais provável é que a despesa tenha um efeito negativo sobre o crescimento económico e a receita fiscal futura. Desta forma, a redução da despesa pública teria um efeito económico positivo. Em resumo. Nenhuma das razões invocadas parecer validar a tese que não devemos tentar obter um défice inferior ao esperado. Muito pelo contrário.