"Que barracada!", disse eu. "Enganaram-se e meteram o programa do Bruno Nogueira". Mas não. Estava mesmo a ouvir o deputado Saldanha Galamba afirmar que a decisão de acabar com as "golden shares" era "pouco liberal". Ao menos os partidos comunistas não se envergonham e lamentaram a redução do dirigismo estatal na economia. Não precisaram inventar liberalismos para justificar as suas posições.
"A estratégia da Aldeia Gaulesa, que visava proteger os centros de decisão nacionais, através de barreiras à liberalização da economia e à entrada de investidores estrangeiros, teve um lindo resultado: o governo português deixou de ser um centro de decisão nacional. Quem manda é a troika. Quanto às empresas que tão laboriosamente andaram a proteger, ou foram vendidas a estrangeiros, ou estão em vias de ser vendidas ou estão tão endividadas que ninguém as quer."
"[A] perda [da soberania nacional] não esperou pelo fim das golden shares, bastou-lhe o elevado rácio de divida pública sobre o PIB... a nossa soberania morreu quando passámos a dever ao estrangeiro mais do que aquilo que produzimos. Nós corremos o sério risco de não conseguir pagar o que devemos, logo a nossa soberania foi posta no prego."
A isto, acrescento que a elite nacional (política e económica) têm-se mostrado, na generalidade, um má gestora dos recursos nacionais. Reclamar para que, por via administrativa, lhes seja garantida a gestão de recursos que por incompetência desbarataram não faz o mínimo sentido. Qualquer que seja a perspectiva de análise.